Juventus 1-3 Barcelona : Quem disse que a perfeição não existe?

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    122. Para muitos, possivelmente será um número como qualquer outro. Para quem assistiu à época fantástica do Barcelona, esse é a chave para tudo aquilo que os blaugrana conseguiram. Durante a época, foram 122 os momentos em que o trio dourado – composto por Neymar, Suárez e Messi – brilhou: 58 para Messi, 39 para Neymar e 25 para Suárez. Esses foram só os golos, mas, bem vistas as coisas, foram tantos mais os momentos que fizeram com que a final de hoje tenha sido apenas o capítulo final de uma história absolutamente dourada para a equipa de Luís Enrique.

    Mas vamos por partes: falando desta final da Liga dos Campeões, talvez a cerimónia de abertura tenha sido o melhor prenúncio para aquilo que aconteceria em Berlim. Tão mágicos quanto marcantes, aqueles minutos que antecederam a final de todos os sonhos foram o presságio para uma final que ficará, com toda a certeza, como uma das melhores dos últimos anos. De um e de outro lado, Allegri e Luís Enrique optaram pelos seus onzes de gala: do lado italiano, a ideia era óbvia, com o técnico italiano a procurar fortalecer a linha média, impedindo uma das principais armas do Barça – o jogo entre linhas; do lado catalão, Luís Enrique montou a equipa para não a descaraterizar, procurando fazer da posse o símbolo ideal para um controlo que se pretendia total da partida. O que é facto é que, mesmo antes de serem lançadas as bases táticas para a partida, o génio coletivo do Barça decidiu entrar em campo. Passe fantástico de Messi para Neymar, receção fantástica do brasileiro para uma desmarcação perfeita de Iniesta, que deu o toque final para o golo de Rakitic. Simples, prático e eficaz. O Barça, na primeira tentativa, dava a primeira estocada nos italianos.

    A estratégia da Juve ficou, como não podia deixar de ser, marcada por esse embate imprevisível. No primeiro tempo, a única arma da Juve era a profundidade que procurava sempre imprimir quando se lançava em momento ofensivo. O meio campo, composto por Pirlo, Vidal, Marchisio e Pogba, procurou sobretudo nunca se desposicionar e por isso os riscos que correram foram mínimos. Por isso, os tentáculos com que Busquets jogou nos primeiros 45 minutos foram mais do que suficientes para que o Barça tenha dominado o primeiro tempo como quis. Salvo raras exceções em que Morata conseguia furar a defensiva contrária, só dava mesmo Barcelona e só por culpa da sua ineficácia e da qualidade de Buffon é que a final não estava praticamente decidida quando Cuneyt Çakir apitou para o intervalo.

    Buffon não conseguiu a sua primeira Champions Fonte: Facebook Juventus
    Buffon não conseguiu a sua primeira Champions
    Fonte: Facebook da Juventus

    O segundo tempo foi totalmente distinto. O jogo sofreu uma revolução tática gigantesca, e da presença fantasmagórica da Vecchia Signora do primeiro tempo já nada restava. A Juve, com Pogba a colocar sempre a dimensão física em campo, foi subindo linhas, pressionando o Barça e sobretudo colocando a equipa de Luís Enrique constantemente em zonas que lhe são desconfortáveis. Mesmo continuando a criar oportunidades flagrantes, a verdade é que os primeiros 20 minutos do segundo tempo foram o melhor momento dos italianos. O Barça parecia uma equipa amorfa em campo, e o papel dos três médios – Busquets, Rakitic e Iniesta -, que tanto tinham contribuído para uma primeira parte taticamente perfeita do Barça, havia diminuído de intensidade drasticamente, fazendo com que os tabuleiros se tenham alterado.

    Por essa razão, o golo da Juventus, construído por Marchisio e apontado por Morata, aos 55 minutos, acaba por ser merecido tendo em conta o crescimento tático que existia na Juventus. A partir daquele momento, a equipa de Allegri colocava-se por cima de um jogo onde havia sido, até ali, praticamente atriz secundária. O que é facto é que, tal como em tantas outras ocasiões esta temporada, há coisas que nem mesmo o melhor dos equilíbrios pode controlar. O trio composto por Neymar, Messi e Suárez é uma dessas coisas. A facilidade com que tudo acontece quando a bola lhes chega aos pés é indescritível. É como se o jogo parasse, como se o futebol fizesse tanto mais sentido. E, na verdade, nesta final voltou a fazer. Aos 68 minutos, Lionel Messi decidiu fazer uma das suas arrancadas habituais. O resultado, como em tantas outras vezes, só podia dar em golo. O remate do argentino foi forte de mais para Buffon, que, ao contrário do que havia acontecido até ali – onde tinha sido a figura maior da Juve -, não conseguiu parar aquele remate, deixando a Suárez a oportunidade de colocar os catalães novamente em vantagem. Mesmo não estando a passar pelo melhor dos momentos, a verdade é que a qualidade dos jogadores do Barça voltou a fazer toda a diferença. Uma simples distração, conjugada com a qualidade de Messi, fez com que o golo do uruguaio tenha sido sem dúvidas o momento da final de Berlim.

    A partir desse minuto 68, a conquista da Liga dos Campeões para a equipa espanhola era uma questão de tempo. A Juventus bem tentou: colocando sempre a dimensão física em campo, as tentativas foram-se revelando infrutíferas. Mesmo que Ter Stegen tenha estado a bom nível, o que é facto é que a equipa italiana, a partir do momento em que se viu em desvantagem, nunca mais conseguiu estar confortável em campo. Por essa razão, levou não raras vezes com contra ataques que apenas não deram em goleada porque nem sempre os jogadores do Barça tomaram as melhores decisões. Até ao apito final, a dança das substituições e o baixar de ritmo natural da equipa de Luís Enrique levaram a um controlo efetivo dos últimos minutos pelos catalães. Quando a equipa de Allegri decidiu colocar as fichas todas, com Llorente a procurar o jogo direto, o Barça acabou por dar o xeque-mate na final, num contra ataque lançado por Messi e culminado de forma simples por Neymar.

    Xavi despediu-se em grande do Barça Fonte: Facebook Champions League
    Xavi despediu-se em grande do Barça
    Fonte: Facebook da UEFA Champions League

    Depois de uma final como esta, não se pode, nem por um momento, criticar-se a Juventus: com as armas que tem e que a levaram à final, os italianos lutaram até quando puderam. O problema é que, como em tantos outros capítulos desta época, a qualidade deste Barça foi demasiada para o adversário. Por essa razão é que, bem vistas as coisas, apesar de esta ter sido uma das melhores finais dos últimos anos, o enredo da história foi ao encontro daquilo que se esperava. O Barça acabou por vencer a sua quinta Liga dos Campeões, sendo a quarta nos últimos nove anos. Para além disso, o clube catalão, com a vitória de hoje, conquista o segundo triplete da sua história, tornando-se a primeira equipa da história a consegui-lo. Para que isso tivesse acontecido, em muito contribuíram os três suspeitos do costume. Neymar, Suárez e Messi. Três nomes que fazem com que o futebol pareça simples. Três génios que não raras vezes tocaram na perfeição e que colocaram o seu talento ao serviço do coletivo. E essa foi mesmo a chave deste Barça de Luís Enrique. O facto de ter sido sempre uma equipa, no seu verdadeiro sentido da palavra.

    A Figura
    Iniesta/Messi/Suárez – A nomeação tripartida deve-se à enorme e diferenciada importância que os três tiveram ao longo do jogo. Iniesta foi considerado pela UEFA o melhor em campo e com todo o mérito. O médio espanhol foi sempre o farol da equipa e, enquanto fisicamente esteve bem, foi a figura maior do Barça. No caso de Messi, as palavras já são poucas para o efeito que o argentino tem. Esteve nos três golos da equipa e foi claramente o elemento mais desequilibrador. Para Suárez, o jogo de hoje foi uma verdadeira batalha. Não raras vezes foi vítima do excesso de agressividade dos defesas da Juve mas até por isso sai como uma das principais figuras da final. O golo que faz foi decisivo para a conquista da Liga dos Campeões.

    O Fora-de-Jogo
    Excesso de agressividade da Juventus – Bonucci, Barzagli, Pogba e Vidal foram apenas os jogadores que deram mais nas vistas. Ainda assim, claramente que este foi o ponto negativo desta final. Com uma estratégia taticamente tão bem pensada, é pena que o jogo da Juve também tenha ficado marcado pelo excesso de agressividade que os seus jogadores puseram ao longo da partida.

    Imagem de capa: Facebook Barcelona

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    Pedro Maia
    Pedro Maiahttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pelo desporto desde sempre, o futebol é uma das principais paixões do Pedro. O futebol português é uma das temáticas que mais gosta de abordar, procurando sempre analisar os jogos e as equipas com o maior detalhe.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.