Paris Saint-Germain FC 2-1 Atalanta BC: Reviravolta épica nos descontos coloca PSG nas meias

    A CRÓNICA: A REVOLUÇÃO FRANCESA EM TRÊS MINUTOS

    Chegou o tão aguardado dia. A inédita final 8 da Liga dos Campeões em solo português arrancou hoje, no Estádio da Luz, num duelo que colocou frente a frente Paris Saint-Germain FC e Atalanta Bergamasca Calcio.

    O super PSG tem um dos mais competitivos plantéis da Europa e uma montra de jogadores que faz inveja aos maiores emblemas do mundo. É o tudo por tudo dos parisienses que tentam chegar às meias-finais da UEFA Champions League pela segunda vez na sua história, e a primeira desde 1995. Os franceses têm pela frente a sensacional Atalanta orientada por Gian Piero Gasperini, que nos últimos anos tem surpreendido o velho continente com performances irrefutavelmente memoráveis. À semelhança dos franceses, em caso de vitória, a equipa bergamasca chega às meias-finais pela segunda vez na sua história.

    A entrada forte do PSG desvendou ao que íamos ter um jogo animado, em que não dava para tirar os olhos da televisão, nem por um segundo. O avassalador domínio inicial dos parisienses culminou com uma berrante ocasião de golo ao quarto minuto de jogo, por intermédio de Neymar, que isolado na cara do guardião bergamasco, Marco Sportiello, falhou escandalosamente o alvo.

    A tendência inverteu-se aos 10 minutos, altura em que a roda dentada da Atalanta começou a engrenar. Ao minuto 13, o bem oleado futebol ofensivo dos nerazzurri obrigou Keylor Navas a trabalhos redobrados. O passe teleguiado de Papu Goméz encontrou Hateboer, que cabeceou com força, e só uma super intervenção do costa-riquenho é que manteve o nulo entre os italianos e os franceses. Um minuto depois, Mattia Caldara testou outra vez Navas, que voltou a fazer uma defesa fantasmagórica, mas a jogada já estava interrompida por fora-de-jogo.

    O caudal da Atalanta deu o derradeiro fruto ao minuto 27. Depois dum ressalto felizardo entre Duvan Zapata e Kimpembe, Mario Pasalic vê-se sozinho na cara de Navas e fuzilou o costa-riquenho. Estava desfeito o nulo, e o underdog italiano ficava a vencer por 1-0.

    Bastou um minuto para a reação dos franceses, que quiseram rapidamente retomar posse da tocha. Neymar fintou três jogadores da formação italiana e voltou a falhar o alvo. O remate da estrela brasileira tirou tinta ao poste da baliza da Atalanta, depois duma boa jogada individual.

    No final da 1.ª parte era de realçar a vantagem dos italianos e a desinspiração do Paris Saint-Germain, à exceção de Neymar e Navas, que eram os únicos que pareciam ter argumentos para fazer frente a esta surpreendente Atalanta.

    O segundo tempo arrancou de forma mais lenta que a primeira metade do encontro. As tentativas de incursão atacante dos italianos eram menos recorrentes e o PSG não conseguia criar uma boa oportunidade. Thomas Tuchel percebeu que tinha de mexer no banco para animar o jogo, e à passagem do minuto 60 fez all-in: entrava Kylian Mbappé, que acabava de regressar duma lesão.

    O desespero parisiense para chegar ao empate ficou mais óbvio nos últimos vinte minutos, momento a partir do qual a posse era praticamente toda do PSG e as tentativas de golo nasciam quase a cada dois minutos. À passagem do minuto 73, Mbappé fez um sprint com a bola pela ala esquerda, chegou até à área e rematou para uma boa defesa com o pé de Sportiello. Aos 76, foi Neymar a testar a concentração do italiano, que disse presente. Ao minuto 80, volta a aparecer Mbappé que correu em direção à baliza e, desta vez, valeu a heróica intervenção do defesa Palomino a evitar o golo do francês.

    Com o minuto 90 chegou o início da revolução francesa. O esforço do Paris Saint-Germain finalmente dá lucro. Numa jogada de insistência, Choupo-Moting cruzou para Neymar, que assistiu o compatriota Marquinhos para fazer o tão desejado empate. Um momento bonito. À “Costinha”, em 2004.

    Enquanto a Atalanta se preparava para o prolongamento, Neymar cozinhou uma nova transição rápida, desmarcou Mbappé na área que, sem qualquer egoísmo, passou a bola para a finalização fácil de Choupo-Moting. Aos 93 minutos, o balde de água fria assolava os italianos que deitavam tudo a perder no período de descontos.

    No final, conta-se a história duma grande noite europeia no Estádio da Luz. Duas grandes equipas, das melhores da Europa, e a sorte que sorriu a um Paris Saint-Germain que nunca baixou os braços.

    A FIGURA

    Neymar – O brasileiro sente que está mais perto do que nunca de ganhar a Liga dos Campeões, e a motivação que sente foi evidente no jogo de hoje. Quem viu os quase 100 longos minutos de futebol nesta noite de futebol, não fica com qualquer dúvida. Neymar foi o melhor em todos os momentos da partida. Se durante a semana foi noticiado que recebe, sozinho, mais do que a equipa inteira da Atalanta hoje evidenciou o porquê.

    O FORA DE JOGO

    Mattia Caldara – Passou muitas dificuldades em acompanhar o elevadíssimo ritmo dos quartos de final da Liga dos Campeões. Foi o jogador que mais dribles sofreu (sete) em toda a partida, perdeu 13 em 16 dos duelos individuais e foi o culpado direto por quatro perdas de posse de bola. Caldara não foi um desastre completo, mas foi o elo mais fraco da equipa que sai hoje derrotada do Estádio da Luz.

     

    ANÁLISE TÁTICA – PARIS SAINT-GERMAIN FC

    Taticamente, um jogo algo desinteressante dos franceses. Thomas Tuchel não inventou uma tática personalizada para defrontar os italianos. Um 4-3-3 simples, com passes rápidos e fé na superioridade técnica. O alemão admite indiretamente o intuito de fazer sobressair as qualidades individuais da turma parisiense diante da Atalanta. O início foi forte, mas a verdade é que o Paris Saint-Germain se viu com muitas dificuldades para se superiorizar ao grande coletivo da Atalanta. Tuchel não estava errado. A individualidade acabou por ganhar a partida e garantir as ‘meias’ da Champions. 

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Navas (8)

    Kehrer (6)

    Thiago Silva (7)

    Kimpembe (6)

    Bernat (6)

    Herrera (6)

    Marquinhos (7)

    Gana Gueye (6)

    Sarabia (5)

    Neymar (9)

    Icardi (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Mbappé (7)

    Draxler (6)

    Paredes (6)

    Choupo-Moting (7)

    Sérgio Rico (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ATALANTA BC

    Uma Atalanta muito igual a si mesma. São três defesas, dois alas, dois trincos, dois construtores e um ponta de lança. Está feito o 3-4-2-1 dos italianos que tem dado cartas na Serie A e hoje quase levou de vencido o Paris Saint-Germain. O golo aos 27 minutos nasce com muito esforço e mérito da turma de Gian Piero Gasperini e o cair do pano acabou por ser um desastre completo para a Atalanta que, por pouco, falha a meia-final da Liga dos Campeões. Perdeu na qualidade individual, mas há que ressalvar a luta sobrehumana do coletivo. Quase brilhantes! Para o ano há mais Atalanta, e cá estaremos para acompanhar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Sportiello (6)

    Tolói (7)

    Caldara (4)

    Djimsiti (6)

    Hateboer (5)

    de Roon (6)

    Freuler (6)

    Gosens (6)

    Pasalic (7)

    Goméz (7)

    Zapata (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Malinovskiy (6)

    Palomino (6)

    Muriel (5)

    Da Riva (-)

    Castagne (-)

    Artigo revisto por Diogo Teixeira

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    Diogo Dá Mesquita
    Diogo Dá Mesquitahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Jornalismo pela Universidade Católica. Também tirou o curso de árbitro na Associação de Futebol de Lisboa. Tinha 8 anos quando começou a perceber a emoção que o desporto movia. No espaço de quinze dias, observou a família a chorar de alegria o golo do Miguel Garcia em Alkmaar, a tristeza da derrota em Alvalade contra o CSKA o ensurdecedor apoio dos adeptos do Liverpool enquanto perdiam a final da Liga dos Campeões por 3-0. Hoje, e cada vez mais apaixonado por futebol, continua a desenhar o seu percurso para tentar devolver a esta indústria tudo o que dela já recebeu.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.