2014, e agora?

O fim de ano no mundo de futebol significa uma pausa nas competições e uma merecida recarga de energias por parte dos jogadores – exceção feita ao futebol inglês – de forma a encararem a segunda metade da época. A partir deste momento, qualquer ponto perdido será fulcral nos objetivos de cada equipa. A cada derrota ou vitória, o peso das grandes decisões torna-se cada vez mais significativo.

Quem será o grande campeão espanhol? Conseguirá o Atlético de Madrid manter a performance demonstrada? E Ronaldo, continuará a carregar às costas os sonhos dos adeptos merengues?! E quanto às descidas de divisão, quem terá capacidade para fugir à despromoção? São tantas as perguntas a que apenas o tempo responderá! Todavia, é o momento ideal para refletir e lançar uma perspetiva daquilo que poderá acontecer.

Barcelona: 15 vitórias, 1 empate e 1 derrota a juntar aos 49 golos marcados e apenas 12 sofridos espelham bem a consistência dos blaugrana. Podem não demonstrar o perfume de outrora mas a solidez mantém-se – e vem aí Messi. Será, na minha opinião, o campeão desta edição do campeonato espanhol.

Atlético Madrid: já aqui esgotei os meus elogios ao Atlético Madrid, aos seus jogadores e treinador. Que época fantástica! Grupo unido, bom futebol, grande mentalidade. Falta saber se têm estofo para aguentar até ao fim, e se Diego Costa permanece no clube até ao verão. Num mundo futebolístico justo, este Atlético seria campeão. Todavia… o 3º lugar será, à partida, o destino certo.

Real Madrid: vive mais das individualidades do que do coletivo. Ronaldo será sempre uma das três figuras do campeonato, mas o futebol dos merengues ainda não é suficiente para travar a harmonia tática do Barcelona. Dificilmente alcançará o primeiro lugar, a não ser que melhore rapidamente. Com a reabertura do mercado era aconselhada a compra de um avançado de renome que faça justiça às necessidades do clube.

Atlethic Club Bilbao/Real Sociedad/ Villareal: juntos compõem os restantes lugares europeus. Recentemente falei dos dois clubes bascos e, face à enorme qualidade demonstrada até aqui, prevejo que se mantenham em lugares europeus no final do campeonato. No entanto, apenas um terá acesso à Champions. O meu voto vai para a Real Sociedad. A equipa do sensacional Griezmann parece-me mais madura e ciente da longa travessia que tem de percorrer.

Quanto ao Villarreal prevejo alguma dificuldade em arrecadar a 6ª posição. Precisa de reforços na defesa, mas, devido à recente subida de divisão, duvido da vontade dos dirigentes de investir no plantel – que é curto e acabará por dar sinais de fadiga.

Barcelona fez a festa na época passada / Fonte: Sapo
Barcelona fez a festa na época passada / Fonte: Sapo

Sevilla/Getafe/Espanyol/Valencia/Granada: o Sevilha vem de uma senda de vitórias notável e tem as melhores condições para alcançar o último lugar europeu – por troca com o Villarreal. Com três jogadores lusos (Beto, Diogo Figueiras e Daniel Carriço), o Sevilla usufrui de um vasto plantel recheado de qualidade.

O Getafe tem feito, tal como na temporada anterior, um campeonato consistente. Tem o defeito de marcar poucos golos e de possuir um plantel com poucas “estrelas”. Na melhor das hipóteses terminará nos lugares abaixo da linha europeia.

O Espanyol e o Valencia fazem parte do lote de clubes com jogadores portugueses no plantel: Pizzi e Simão Sabrosa no Espanyol; Ricardo Costa, João Pereira e Hélder Postiga no Valencia. Curioso é que deste conjunto de jogadores apenas Ricardo Costa tem fugido às críticas da imprensa e adeptos. Veremos aquilo que o mercado de janeiro nos reserva para os referidos jogadores. Quanto aos objetivos dos clubes: o Espanyol dificilmente sairá dos lugares do meio da tabela; o Valencia, por seu turno, tem obrigação de fazer muito melhor. Com um plantel de enorme qualidade (Piatti, Banega, Canales, Guardado) são inadmissíveis os escassos 20 pontos conquistados. A continuar assim, não fica, de certeza absoluta, em lugar europeu. O novo treinador, Juan Antonio Pizzi (ex-jogador do FC Porto), tem pela frente uma difícil tarefa.

Por fim, o Granada parece-me claramente o típico clube de lugares do meio da tabela. Aliás, mais rapidamente os andaluzes lutam para não descer do que para subir na classificação.

Levante/Málaga/Elche/Almería/ Osasuna: o Levante, clube onde atua o português Sérgio Pinto, é, à imagem do Granada, um clube de resultados medianos. Marca poucos golos e tem uma defesa razoável. Prevejo que tenha algumas dificuldades em assentar a sua posição na tabela.

O Málaga encontra-se num estado de depressão. Depois do castigo da UEFA – que proibiu o clube andaluz de atuar nas competições europeias – os dirigentes foram obrigados a rever os objetivos estabelecidos a curto e médio prazo. Venderam alguns jogadores de renome e renovaram o plantel. Não é muito fraco, mas também não é muito bom. Penso, contudo, que, à 17ª jornada, o Málaga tem uma fraqueza psicológica demasiado evidente para ser posta de lado. Com dois ou três reforços de qualidade e uma renovada mentalidade, o clube poderá ressurgir para uma boa época.

O Elche, o Celta de Vigo, o Almería e o Osasuna estão, atualmente, separados por apenas 2 pontos. Não tenho qualquer dúvida de que a luta pelos lugares de despromoção vai ser frenética – à imagem dos últimos anos – e de que os duelos, decisivos, entres estas equipas serão apaixonantes. No entanto, deste grupo, aponto o Elche, clube que subiu de divisão esta temporada, como o mais forte candidato à descida. Com um plantel curto e fraco, aliado a um futebol aguerrido mas incapaz, o Elche dificilmente permanecerá entre os grandes.

Tabela classificativa à entrada para 2014 / Fonte: ZeroZero
Tabela classificativa à entrada para 2014 / Fonte: ZeroZero

Valladolid/Rayo Vallecano/Real Betis: o Valladolid é um cliente habitual do meio da tabela. Tem uma equipa mediana mas com capacidades (21 golos marcados e 29 sofridos). A defesa é o ponto fraco desta equipa, que, com reforços cirúrgicos, será capaz de alcançar lugares de permanência na liga BVVA.

O Rayo Vallecano é um caso em (quase) tudo semelhante ao do Málaga. Terminou a edição anterior da Liga espanhola no 8º lugar, o que lhe concedeu um lugar na Liga Europa. A UEFA, através das leis do fair-play financeiro, proibiu o clube de participar nas competições europeias e as consequências estão à vista. Com 40 (!) golos sofridos – a pior defesa do campeonato – e somente 16 marcados, o Rayo Vallecano necessita urgentemente de reforços na defesa (onde atua o português Zé Castro). Penso que é o grande candidato à descida: a equipa sofre golos de todas e quaisquer formas, não apresenta qualquer rasgo de criatividade e ambição. Parece-me fácil perspetivar o futuro do Rayo.

Por último, o Real Betis. Que enorme crise atravessa este clube de Sevilha! O plantel até é extenso e tem alguma qualidade – o que surpreende ainda mais – mas os resultados são catastróficos: 2 vitórias, 4 empates e 11 derrotas, com somente 15 golos marcados e 36 sofridos. O Real Betis tem, neste momento, 10 pontos. Relembro que na época anterior o último classificado fez 34 pontos. Os números revelam, portanto, que dificilmente o Betis conseguirá a permanência.

Com maior ou menor dificuldade, todos somos capazes de lançar prognósticos. No entanto, a verdade é que o futebol nos surpreende muitas vezes e dificilmente as restantes jornadas da Liga BVVA deixarão de o fazer. No fundo, é essa imprevisibilidade de um jogo, de uma jornada ou até de todo um campeonato que torna este desporto tão espetacular e apaixonante.

Pedro Beleza
Pedro Beleza
Benfiquista até ao último osso, mudou-se do Norte para Lisboa para poder ver o seu Benfica e só depois estudar Jornalismo. O Pedro é, acima de tudo, apaixonado pelo desporto rei e não perde uma oportunidade de ver um bom jogo de futebol.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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