A Península Ibérica divida por três

    Há muito tempo que o campeonato português de futebol não tinha três candidatos tão empenhados em conquistar o título nacional. Na verdade, a bipolarização da Liga Zon Sagres foi um termo deveras ouvido nos últimos anos, onde reinavam um F.C. Porto e um Benfica com uma colossal disparidade em relação às restantes equipas do nosso campeonato. Este ano, o Sporting finalmente fez jus à sua grandeza e promete mesclar com tons esverdeados a bandeira azul e vermelha.

    Ora o campeonato espanhol padecia do mesmo “aborrecimento” – o Barcelona e o Real Madrid dominaram a seu bel-prazer toda a última década; os espanhóis não se fizeram rogados e “decidiram” que, à imagem de Portugal, também o futebol espanhol merecia algum entusiasmo. Este ano temos então um espantoso – e fico-me por aqui nos adjetivos – Atlético Madrid, que, jogo após jogo, realça o estatuto de candidato.

    Partindo para os números, à 15ª jornada os três primeiros classificados estão separados por apenas três pontos: Barcelona e Atlético de Madrid com 40 pontos, e, logo de seguida, o Real Madrid com 37 pontos.

    Nestas primeiras 15 jornadas encontramos um Barcelona mais frágil do que o habitual (com uma clara Messi-dependência), um Atlético de Madrid surpreendentemente consistente (é, a par do Barcelona, a equipa com menos golos sofridos) e, por fim, um Real Madrid que, fruto de um extenso e magnífico plantel, é capaz de suprimir qualquer contratempo.

    Os jogadores do Atlético de Madrid têm razões para sorrir / Fonte: estaticos-atleticodemadrid.com
    Os jogadores do Atlético de Madrid têm razões para sorrir / Fonte: estaticos-atleticodemadrid.com

    Utilizando mais uma vez a comparação, também no futebol português os três grandes utilizam díspares formas de gestão e sofrem de males distintos:
    Começando pelo campeão, da mesma forma que o F.C. Porto percorre uma aguda crise de resultados negativos, também o Barcelona atravessa um ciclo cinzento e vê, igualmente, a liderança do campeonato ser ameaçada.

    Quanto ao Benfica, os encarnados demonstram um futebol menos dinâmico do que no ano passado, apesar de gozarem, à semelhança do Real Madrid, de um plantel de enorme qualidade. Para além disso, os merengues também tiveram um início de época atribulado, com a perda de pontos nas primeiras jornadas – sem falar da entrada e saída de alguns jogadores nucleares nos últimos dias de transferências, como foi o caso de Ozil.

    Por último, o Sporting é a grande surpresa do campeonato português – tal como o Atlético de Madrid em Espanha. Ambas as equipas praticam um futebol ágil e confiante que empolga qualquer estádio. Vivem muito do coletivo, alicerçando todos os setores numa “corda de solidariedade” que abrange todo o plantel e que lhe concede uma solidez tremenda. De facto, o Sporting e o Atlético Madrid têm o mérito, ainda que atuando em realidades diferentes, de conseguirem estorvar os habituais aspirantes ao trono sem grandes superestrelas.

    Tanto os portugueses como os espanhóis podem rejubilar com a promessa de que os principais campeonatos de futebol dos respetivos países serão apaixonantes, confirmando-se assim um corte com a já referida bipolarização – leia-se tédio – do futebol. O nosso campeonato merece… e o deles também. É oportuno dizer que a Península Ibérica se encontra ao rubro, pelo menos no que toca ao futebol.

    P.S.: A comparação que utilizei entre os clubes portugueses e os clubes espanhóis foge a qualquer tipo de paralelo de grandeza ou correspondência de prestígio. Baseei-me exclusivamente em argumentos que achei pertinentes e que auferem ao texto a devida credibilidade.

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