Depois do 7-3 (vitória do Atlético) na pré-temporada, os “merengues” queriam mudar a imagem deixada nos Estados Unidos, e as fracas exibições que têm tido neste início de época. E nada melhor que um dérbi… Ou pior… Na tabela classificativa, o Real partia à frente. 14 pontos contra 13 do Atlético. No quadro da qualidade, os “colchoneros” têm estado melhor.
O Atlético tomou as rédeas da partida, com uma forte pressão ao portador da bola, mas foi bem contrariado pelo Real que logo baixaram o ritmo sempre frenético que os “rojiblancos” impõe nas partidas. João Félix foi o primeiro a causar algum frisson perto das balizas, com um remate a passar perto do poste (8’).
Vê-se um Real a melhorar aos poucos, mas longe do fulgor de outros tempos. Do outro lado, estava um Atlético na mesma toada agressivo-objetiva. Constrói melhores jogadas, é uma equipa mais trabalhada e que respira confiança.
O primeiro tento dos “blancos” surgiu apenas aos 17’, com um cabeceamento de Bale, por cima. No outro flanco, Hazard tarda em provar o porquê da sua contratação (único rasgo de desequilíbrio aos 23’). Nem parece o mesmo jogador que carregou o Chelsea às costas nos últimos anos.
O Real subiu de rendimento a meio da primeira parte, mas ainda com pouca clarividência nas suas ações. A não ser à “lei da bomba”. Duas vezes pelo mesmo homem. Toni Kroos, à primeira fez Oblak defender a dois tempos (37’), e à segunda, esticar-se todo a fim de tocar para canto (41’).
Até ao intervalo, muitas bolas perdidas, muitas faltas e pouca baliza. Duas equipas fortíssimas nas bolas paradas, a anularam-se mutuamente, também nesse ponto.
No segundo tempo, o “Atleti” voltou mais forte. Ainda mais pressionante e incisivo. Só lhes faltava o golo. Tal como na primeira parte, o Real reequilibrou, mas desta vez, mais à procura do contra-ataque e de rápidas variações de flanco.
Simeone queria ganhar o jogo. Retirou de campo um lateral e colocou um extremo (61’). Parece que é desta, que o técnico argentino, aposta todas as fichas na La Liga. Aos 73’, Saúl Níguez, cabeceou a rasar a barra, na sequência de um canto. Um golo nesta altura poderia ser fatal! Na resposta, Benzema, obrigou Oblak a esforçar-se para evitar o golo “merengue”.
À medida que se aproximava o final do jogo, sentia-se que, ambas as equipas, estavam com receio de arriscar. Do mal, o menos. Mais valia não “destapar atrás”, do que ir para a frente e correr o risco de sofrer. Mais valia o empate do que uma hipotética vitória. Apenas aos 89’, Diego Costa conseguiu rematar à baliza. De cabeça, após um canto, fácil para Courtois.
No fim, duas balizas sem golos. O primeiro dérbi da temporada 19/20 da La Liga, acabou empatado a zeros. Ninguém teve a sorte ou o engenho para a “empurrar lá para dentro”. Ou isso, ou as defesas foram superiores aos ataques. Um resultado que se afigura justo, tendo em conta as (escassas) oportunidades, de ambos os lados. A cair para um lado, teria de ser para os da casa. Fizeram mais para ganhar, que o rival.
Neste mercado, o Real investiu mais, o Atlético investiu melhor. É a diferença para a melhoria de qualidade no plantel de Simeone, para a quase “estagnação” qualitativa dos quadros de Zidane. Não é o valor dos jogadores ou o rendimento no futuro que está em causa. É sim, o futebol apresentado até à data. Se “o futebol é o momento”, os “colchoneros” respiram saúde; do outro lado, os “merengues” custam a respirar…
Após este empate, o Real lidera a classificação; o Atlético é terceiro.
ONZES INICIAIS E SUBSTITUIÇÕES
Club Atlético de Madrid: Oblak, Lodi (Lemar, 61’), Giménez, Savic, Trippier, Koke, Saúl, Thomas, Vítolo (Correa, 46’), Félix (Llorente, 70’) e Costa.
Real Madrid CF: Courtois, Nacho, Varane, Ramos, Carvajal, Casemiro, Kroos, Valverde (Modric, 68’), Hazard (James, 77’), Bale e Benzema (Jovic, 88’).