Deportivo Alavés: O renascer dos Babazorros

cab la liga espanha

A 16 de Maio de 2001, o emblemático Westfalenstadion em Dortmund foi palco da final da Taça UEFA que opôs o velho gigante europeu Liverpool FC a uma equipa de bravos guerreiros provenientes da cidade de Vitoria-Gasteiz no País Basco, que dava pelo nome de Deportivo Alavés. Logo à partida, esta era uma final diferente de tantas outras, uma vez que o duelo que se iria travar era uma espécie de batalha entre David e Golias, mas no fim de contas foi vencida, com alguma sorte à mistura, pelo velho e gigante soldado dos filisteus. O jogo terminou com um surpreendente 5-4 favorável aos homens de Gérard Houlier, mas foi necessário o recurso ao tempo-extra para se encontrar o vencedor da partida. Um golo de ouro na própria baliza apontado pelo antigo internacional espanhol Delfi Geli pôs fim à resistência da equipa basca, que terminou a partida com apenas nove jogadores, após as expulsões do capitão Antonio Karmona e do avançado brasileiro Magno.

Embora fosse um emblema com parcos recursos e sem qualquer tradição a nível internacional, essa equipa do Deportivo Alavés, superiormente orientada por José Manuel Esnal, mais conhecido por Mané, contava com jogadores bastante interessantes e de bitola elevada, como eram os casos de Cosmin Contra, Javi Moreno, Jordi Cruyff, Hermes Desio ou Ibon Begoña. Dois desses nomes, que se tornaram verdadeiras lendas do clube, o argentino Hermes Desio e o internacional romeno Cosmin Contra, “reecontraram-se” no ano passado numa entrevista telefónica para a Radio Vitoria, onde não só reviveram uma velha amizade como também recordaram esses tempos de glória do Deportivo Alavés.

O médio argentino, que terminou a sua carreira no conjunto basco, elogiou aquele grupo de trabalho, onde todos os jogadores, mesmo os suplentes, estavam totalmente comprometidos para com a causa da equipa e onde existia uma relação quase harmoniosa entre o plantel, o treinador e toda a estrutura do clube. Nessa entrevista, Desio não se cansou de elogiar Mané e passou para o treinador os louros daqueles momentos gloriosos vividos pelo clube.

Hermes Desio foi o espelho da tristeza do conjunto vitoriano após a derrota com o Liverpool na final da Taça UEFA em 2001
Hermes Desio foi o espelho da tristeza do conjunto vitoriano após a derrota com o Liverpool na final da Taça UEFA em 2001
Fonte: Europa Football

No futebol, contudo, as medalhas e os momentos de glória não servem de garante para sucesso e prosperidade no futuro, e os últimos anos da história do Deportivo Alavés estiveram bem longe daquele cenário quase idílico que o emblema basco viveu há 15 anos.

Após regressar à Liga Adelante em 2014, o Deportivo Alavés não conseguiu melhor do que duas épocas verdadeiramente medíocres, terminando no 13.º e no 18.º postos da tabela classificativa, respectivamente. A necessidade de mudança era um imperativo e a direcção da formação vitoriana acreditou que uma das formas de alterar o rumo dos acontecimentos passaria pela mudança de treinador. Em Junho passado, chegava ao fim o reinado de Alberto López, um treinador que, apesar de todos os contratempos, conseguiu manter o Deportivo Alavés na Liga Adelante, e abriam-se as portas do clube a José Bordalás, um técnico com experiência de segunda divisão e que até ao momento tem feito um trabalho extremamente meritório ao leme do emblema vitoriano.

 José Bordalás à esquerda da imagem num abraço de grupo com os seus jogadores que felicitam Toquero aquando do seu primeiro golo na Liga Adelante
José Bordalás à esquerda da imagem num abraço de grupo com os seus jogadores que felicitam Toquero aquando do seu primeiro golo na Liga Adelante
Fonte: Cadena Ser

O Deportivo Alavés está actualmente, ao fim de 17 jogos, no segundo lugar da Liga Adelante, a apenas três pontos do líder Córdoba CF, e está também a atravessar um momento bastante bom com quatro vitórias e apenas um empate nas últimas cinco partidas. No passado Sábado, o emblema basco recebeu em Mendizorroza o AD Alcorcón (curiosamente a equipa que José Bordalás orientou até à temporada passada) e não conseguiu melhor do que um empate a uma bola. O conjunto madrilista deu boa conta de si e adiantou-se no marcador com um golo do ex-FC Porto José Campaña, mas o Deportivo Alavés nunca baixou os braços e chegou ao empate sete minutos mais tarde através do talentoso jovem médio espanhol Kiko Femenía. Este jovem, antigo internacional espanhol que José Bordalás trouxe consigo do AD Alcorcón, tem estado em especial destaque esta temporada, mas não é o único. Dani Pacheco, que também chegou nesta época ao emblema vitoriano por empréstimo do Real Bétis, tem sido de extrema importância nas manobras atacantes da equipa. O capitão Manu García e o antigo avançado do Athletic Bilbao Gaizka Toquero, que é o melhor marcador da equipa, têm também sido preponderantes no trajecto vitorioso deste novo Deportivo Alavés.

O escritor espanhol Miguel de Cervantes afirmou em tempos que “quem perde os seus bens perde muito; quem perde os seus amigos perde mais; mas quem perde a coragem perde tudo”, e na verdade coragem não tem faltado ao Deportivo Alavés para ultrapassar todos os obstáculos que lhe têm aparecido no caminho desde que marcou presença naquela memorável final da Taça UEFA em 2001, e este início de temporada de alto nível dos pupilos de José Bordalás deixa antever a forte possibilidade de o clube vitoriano voltar ao convívio com os grandes (lugar de onde nunca devia ter saído) muito em breve.

Foto de Capa: Deportivo Alavés

Joel Amorim
Joel Amorimhttp://www.bolanarede.pt
Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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