Gelson num Atlético que não é de extremos

    Depois dos casos de sucesso de Paulo Futre e Simão Sabrosa, dois dos extremos portugueses mais virtuosos de sempre, é a vez de mais um flanqueador formado na Academia de Alcochete rumar até Madrid, mais especificamente ao Atlético. Falamos, como é evidente, de Gelson Martins.

    O internacional português de 23 anos foi, no passado dia 25 de julho, oficializado como jogador do clube no Twitter dos colchoneros. Após os incidentes de Alcochete, e a rescisão de contrato com o Sporting, Gelson viu na equipa orientada por Diego Simeone as condições essenciais para o seu crescimento enquanto futebolista.

    Catalogado como “um extremo incisivo” e “um perigo para as defesas rivais”, o jovem descendente de cabo-verdianos tem agora pela frente a difícil tarefa de convencer não só o público espanhol, como também Simeone.

    E é fácil perceber o grau de exigência que está em cima da mesa. O Atlético de Madrid, desde que o argentino de 48 anos assumiu o comando técnico em 2011, é conhecido principalmente pelo que faz sem bola, e não tanto por aquilo que faz com esta. Gelson Martins acaba por estar no polo oposto a esta ideia de jogo.

    Sendo um extremo veloz, com uma grande capacidade de drible e sempre pronto para partir no um para um, é na sua imprevisibilidade com a bola nos pés que Gelson reúne os seus principais atributos. O ex-Sporting tem, contudo, um fraco poder de decisão, aliado a algumas debilidades no momento defensivo.

    Gelson Martins sob o olhar atento de Juanfran, um dos novos colegas de balneário
    Fonte: UEFA

    Tendo todas estas caraterísticas em conta, abre-se espaço para uma questão: até que ponto é que o imprevisível Gelson conseguirá encaixar no modelo pragmático de Diego Simeone?

    Os habituais “extremos” da equipa (Koke, Vitolo, Correa) vão ter agora, para além da concorrência do português, também a do francês Thomas Lemar, contratado ao Mónaco por uma verba a rondar os 60 milhões de euros. Num sistema em que os extremos não são extremos, mas sim “um prolongamento” do centro do terreno, como irá Simeone integrar estas duas novas caras na sua máquina já bem oleada?

    O mais certo é vermos Gelson do lado direito e Lemar do lado esquerdo, mas é pouco provável que os dois coincidam muitas vezes no onze inicial. Com a saída de Gabi para o Qatar, é expectável que Koke e Saúl sejam os donos do meio-campo colchonero, com o ganês Thomas Partey a manter-se como uma opção bastante viável. Vitolo e Correa continuarão a ser aposta forte nas alas, pelo que a luta pelos corredores captará a nossa atenção ao longo da época.

    Uma coisa é inegável: Gelson Martins é uma das promessas mais entusiasmantes da Europa do futebol, e certamente que a pintura que faz do jogo, diferente da dos demais, poderá ter pesado neste voto de confiança dado pela estrutura do emblema madrileno. Até porque há uma tela inacabada, e que atormenta os sonhos de Simeone, Griezmann e companhia: a conquista da Liga dos Campeões.

    Foto de Capa: Atlético de Madrid

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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