Se há seleções que gostava de ver jogar na década de 90, a Croácia era definitivamente uma delas. Aquela geração que encantou a europa e o mundo, e que conseguiu arrebatar uma medalha de bronze no Mundial de França, em 1998, era recheada de grande talento. Havia Robert Prosinecki, Robert Jarni, Zvonimir Boban, mas havia, sobretudo, Davor Suker, um avançado de fino recorte com um pé esquerdo formidável.
Passados 20 anos, outra grande geração de futebolistas croatas nasceu, tendo mesmo alcançado uma final de um Campeonato do Mundo, em 2018. Dessa não menos mágica formação dos Balcãs houve também um elemento que se destacou de todos os outros, e que no último sábado protagonizou um dos momentos mais emocionantes do futebol em 2025. Luka Modric fez o seu último jogo pelo Real Madrid, depois de 13 épocas com a camisola merengue vestida.
O minuto 86 do encontro entre o Real Madrid e a Real Sociedad, da última jornada do campeonato espanhol, ficará para sempre guardado no coração do médio croata de 39 anos, que se despediu do Santiago Bernabéu, numa ovação estrondosa e emocionada por parte dos adeptos madridistas. Duvido que alguém estivesse sentado naquele momento, pois é visível nas imagens estar tudo de pé a aplaudir aquele que foi um dos principais motores do meio-campo do Real Madrid na última década.

O simbolismo do que representa Luka Modric para o Real Madrid não tem a ver só com as suas qualidades enquanto jogador e daquilo que deu à equipa, mas pela sua entrega e dedicação ao clube durante todos estes anos. Colocou sempre o sucesso coletivo à frente do sucesso individual, e nunca mostrou ser obcecado com números. Assistia mais do que marcava, e na verdade, era essa a sua verdadeira função dentro de campo. Fora dele, mesmo quando foi eleito melhor jogador do mundo em 2018, mostrou ser uma pessoa humilde e sem toques de vedetismo, ao contrário de alguns dos seus colegas.
A forma com o médio croata tratava a bola naquele meio-campo do Real Madrid era um autêntico compêndio de futebol. Valha a verdade que estar em plantéis com jogadores de enorme qualidade ajudou muito, mas o seu talento nunca se ofuscou no meio de tantas estrelas, até mesmo quando lá brilhava a maior de todas, o nosso Cristiano Ronaldo. O adeus de Modric deixa um legado de peso para quem o for substituir, e resta saber quem será o novo número 10 merengue nos próximos anos.
Para trás, fica uma história bonita para contar aos netos dos bons momentos que passou no maior clube do planeta, onde conquistou 28 títulos, entre os quais seis Ligas dos Campeões, onde entra num lote restrito de jogadores com mais conquistas da principal competição de clubes da UEFA. Marcou 43 golos e fez 90 assistências em 591 jogos pelo emblema da capital espanhola. Luka Modric será sempre uma lenda do Real Madrid, e o último fim-de-semana provou isso mesmo. Hala Modric.