Obra de Espírito Santo

cab la liga espanha

Com ou sem críticas, há algo a destacar na temporada 2014/2015 da Liga BBVA. Nuno Espírito Santo, ex-jogador de futebol e atual treinador do Valência, conseguiu contrariar as expetativas iniciais dos analistas e voltou a restabelecer as esperanças dos adeptos “Che” numa qualificação da sua equipa para a Liga dos Campeões.

Embora Espírito Santo tenha caído nas graças de todo o adepto português do desporto rei pela sua campanha com o Rio Ave, foi com tamanha surpresa que surgiu como treinador principal do Valência para a temporada 2014/2015. Tal foi o espanto que prontamente a imprensa e os amantes de futebol espanhóis apontaram Nuno como o primeiro treinador que iria sofrer o despedimento no presente ano na La Liga.

Ainda assim, com tudo o que o técnico português tem conseguido realizar no decorrer da temporada, seguramente que esses “apostadores” se arrependem de ter feito tal escolha. E todo o português tem orgulho nisso. É, evidentemente, agradável ver um de nós triunfar lá por fora e, literalmente, “calar” os críticos que não se importam com o trabalho e esforço que têm que ser empreendidos para ter sucesso no “mundo” que é o do futebol.

O Verão de 2014 viu a equipa do Condado Valenciano sofrer uma tremenda mudança no que a jogadores diz respeito, pois após a aquisição de Nuno Espírito Santo para o comando técnico da formação, foram várias as saídas e entradas no plantel. Nesta “revolução”, muitos jogadores que outrora tinham sido considerados fundamentais no seio do grupo viram o seu passe ser negociado: de referir, entre outros, Juan Bernat, Adil Rami, Jérémy Mathieu, Ricardo Costa, Ever Banega ou Andrés Guardado. A venda do passe de alguns destes jogadores permitiu aos “Che” um razoável encaixe financeiro, o que permite entender o propósito das suas transferências.

Nuno Espírito Santo teve, então, que encontrar jogadores que suprimissem as perdas no plantel e que acrescentassem algo mais à equipa, de modo a que esta atingisse os seus objetivos. E fê-lo com grande astúcia. Não só viu chegar ao emblema valenciano atletas de elevado nível, como reforçou todos os seus setores. Também é sabido que a conta bancária de Peter Lim, que após meses de incerteza foi declarado como novo proprietário do clube, ajudou e muito nesta investida pelo mercado de Verão.

A defesa do Valência viu-se reforçada com as aquisições do argentino Lucas Orbán (lateral-esquerdo/defesa-central), do alemão Shkrodan Mustafi (defesa-central/lateral-direito) e com o empréstimo de João Cancelo, jovem lateral-direito português com grande margem de progressão. No meio-campo, o maior destaque foi dado a André Gomes, que tem vindo a justificar a aposta, com inúmeras exibições de alto nível, provando todo o potencial que lhe tinha sido atribuído. No que toca ao ataque, a aquisição do passe de Rodrigo Moreno e o empréstimo de Álvaro Negredo, que se juntaram a Paco Alcácer, vieram fornecer o poderio atacante necessário para o “assalto” ao apuramento para a Champions.

O Valência deu muitos reforços a Nuno Fonte: Facebook do Valência
O Valência deu muitos reforços a Nuno
Fonte: Facebook do Valência

Mas uma equipa não é só feita de nomes. É necessário alguém que tome os jogadores individualmente e os faça jogar em prol do conjunto, de uma forma coesa e objetiva. E é aí que entra Nuno Espírito Santo. A maior parte dos atletas que por ele já foram treinados concordam que, no que concerne a termos motivacionais, Nuno é, de facto, um mestre. Para além disto, os anos em que praticou futebol permitiram-lhe adquirir uma absoluta cultura tática e entendimento do jogo. Exemplificando, tal é visível no facto de o treinador português conseguir variar o esquema tático da equipa em conformidade com o adversário ou, até mesmo, com as características dos jogadores. Já vimos o Valência variar entre o 3x5x2 e o 4x4x2 inúmeras vezes, sem se ressentir a nível exibicional.

Porém, não tem sido sempre um passeio para o treinador luso. As exibições da equipa fora do Mestalla e, principalmente, os resultados negativos aí alcançados têm gerado contestação nos media valencianos. Em 11 partidas fora de portas, os comandados de Nuno registam apenas 4 vitórias, ao invés do que acontece em sua casa, onde venceram 10 dos 12 encontros disputados.

Mais recentemente tem surgido outro tipo de contestação no seio dos meios de comunicação de Valência, relacionada com a contratação de um jogador por parte do emblema “Che”. Em pleno mercado de Inverno, o clube conseguiu a tão desejada aquisição do médio Enzo Pérez por uma quantia situada nos 25 milhões de euros. Tendo apresentado um elevado nível exibicional na posição “8” ao longo dos últimos dois anos, Pérez assumiu desde logo um lugar no onze inicial.

Mas a verdade é que não está fácil a vida do médio argentino em Espanha. Em 7 jogos realizados desde que chegou ao país vizinho, está claro que ainda não conseguiu atingir o patamar futebolístico que apresentou outrora. No Benfica, o jogador da seleção das “pampas” atuava como médio de transição num esquema de dois médios-centro, ao contrário do que acontece em Valencia, onde assume uma posição claramente mais recuada e divide o setor central da sua equipa com mais dois jogadores, o que lhe retira espaço para progredir verticalmente com bola, como tanto gosta. A juntar a isto, o nível disciplinar de Pérez também não tem sido o melhor, pois já viu o cartão amarelo por 5 vezes, numa quantia de jogos que não é razoável para tal. Esta situação tem que ser pronta e devidamente tratada por Nuno Espírito Santo, de modo a não prejudicar os objetivos da sua formação, pois a imprensa e até os adeptos começam a questionar o elevado investimento feito no médio.

Certo é que com 23 jornadas disputadas na principal divisão espanhola, os valencianos estão situados no 4º lugar da classificação e mantêm bem desperta a esperança de conseguir o apuramento para a Liga dos Campeões da próxima época, objetivo que foi o inicialmente proposto pela equipa técnica “Che”. Seguramente a luta não será de cariz fácil até ao final da liga, pois o Sevilha encontra-se a uma distância relativamente curta do apetecível 4º posto e promete não ceder. No entanto, o Valência de Espírito Santo já demonstrou e deixou claro que é bem capaz de conseguir atingir os seus propósitos.

Foto de Capa: Facebook do Valência

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O Fernando Gamito é um estudante de comunicação e apaixonado pelo futebol, seja a praticar ou a discuti-lo fora das “quatro linhas”, o que o faz apostar num futuro no jornalismo. Ler jornais desportivos e jogar Football Manager são outras das suas principais preferências. Em Portugal, o seu coração bate pelo Sport Lisboa e Benfica. Lá fora, torce por Barcelona e Chelsea.                                                                                                                                                 O Fernando escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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