Lyon: Les Gones

    ligue 1

    O Olympique Lyonnais tal como o conhecemos hoje é um clube relativamente novo, criado apenas em 1950. Antes disso era conhecido como Lyon Olympique Universitaire, tendo este aparecido em 1899.

    Admito que o Lyon é um clube que sempre me fascinou. Muito antes da compra do PSG e do Mónaco por magnatas estrangeiros, num curto espaço de tempo o Lyon apareceu, cresceu e floresceu dentro da Ligue 1. A nível europeu, alcançou um sucesso moderado: não tendo nunca conquistado nenhuma prova internacional, foi durante muitos anos uma presença assídua na Liga dos Campeões, tendo mesmo chegado por três vezes aos quartos-de-final da competição e sendo eliminado nas meias-finais pelo Bayern de Van Gaal na época de 2009/2010, que acabou por cair na final contra o Inter do nosso José Mourinho.

    Muito do sucesso do clube deve-se ao seu dono e presidente Jean-Michel Aulas, que desde que adquiriu o clube em 1987 fez um trabalho de gestão fenomenal, transformando o Lyon, clube de divisões inferiores até então, num sério candidato ao título francês ano após ano. O clube atingiu o seu momento mais alto no início deste novo milénio, quando foi heptacampeão de 2002 a 2008, um recorde da Ligue 1. Destes fabulosos sete títulos, quatro foram conquistados por Paul Le Guen (2002-2005), dois por Gérard Houlier (2006-2007) e o último por Alain Perrin (2008). Além dos campeonatos, o Lyon conquistou cinco Taças de França, uma Taça da Liga e oito Supertaças – nada mal para um clube criado em 1950 que, antes de subir à Ligue 1 definitivamente, conquistou por três vezes a Ligue 2 (segunda divisão francesa).

    Mas Aulas fez muito mais que do isto: tornou o Lyon no segundo clube com mais adeptos de França, juntamente com o PSG e apenas atrás do Marselha. Cerca de 11% da população francesa torce pelo Lyon. Mais uma vez, nada mal para um clube com apenas 64 anos. Além disto, em 2009, devido a Aulas o Lyon foi considerado o clube mais rico de França – ninguém tinha mais lucro que o Lyon na Ligue 1, então considerado o clube mais valioso do país e o décimo terceiro mais valioso do mundo, estando avaliado em aproximadamente 257,6 milhões de euros. Com a compra do PSG e do Mónaco esta alterou-se, mas o Lyon faz claramente muito mais com muito menos, preferindo formar os seus próprios jogadores ou comprar barato para eventualmente vender caro a gastar balúrdios em transferências.

    Foram muitos os grandes talentos que o Lyon desenvolveu e que ajudaram ao crescimento do clube, tanto a nível nacional como internacional. Para nomear alguns apenas, temos Essien, que custou ao clube aproximadamente 8 milhões de euros e acabou por render mais de 30 quando se transferiu para o Chelsea de José Mourinho; Mahamadou Diarra, que fazia parelha com Essien no meio-campo do Lyon campeão e foi vendido ao Real Madrid por 26 milhões de euros; Tiago, que custou 10 milhões de euros quando foi comprado ao Chelsea e após ser bicampeão em França rendeu 13 ao transferir-se para a Juventus. Mais: temos o exemplo de Benzema, Abidal, Malouda, Coupet ou Gouvou como jogadores franceses que despontaram no clube, tendo rendido ao Lyon aproximadamente 70 milhões de euros. Talvez o jogador que melhor represente os anos dourados desta equipa seja Juninho Pernambucano, um jogador fabuloso que esteve no Lyon durante a conquista dos sete títulos e é considerado por muitos como o melhor marcador de bolas paradas da história. Juninho não foi o único internacional brasileiro a passar pelo Lyon. Cris, Nilmar, Fred e Sonny Anderson jogaram lá e todos conquistaram títulos no clube.

    Grenier e Gourcuff formam uma dupla invejável no actual meio campo do Lyon Fonte: leprogres.fr
    Grenier e Gourcuff formam uma dupla invejável no actual meio campo do Lyon
    Fonte: leprogres.fr

    Estes jogadores são apenas alguns de muitos que passaram pelo clube e que ajudaram ao seu desenvolvimento e crescimento. Sendo que o Lyon não é campeão desde 2008 e não se tendo conseguido apurar para a Liga dos Campeões na época passada, a equipa continua recheada de talento – jogadores como Grenier, Gourcuff, Gonalons ou Gomis fazem parte do plantal principal – mas com a introdução dos “novos-ricos” PSG e Monaco na luta pelo título o Lyon tem agora a tarefa muito mais dificultada, tendo de assumir como principal objectivo a qualificação para a Liga dos Campeões e não a conquista do campeonato francês, pelo menos na época que decorre.

    Os maiores rivais do Lyon são o Saint-Etienne (derby du rhône) o Marselha (choc des Olympiques), o Bordéus, o PSG e o Lille. Tirando o PSG, estes clubes encontram-se todos mais ou menos ao mesmo nível, lutando apenas por um lugar na Liga dos Campeões do ano que vem, não tendo capacidade para competir com jogadores como Ibrahimovic, Cavani ou Lavezzi. Se bem que conhecendo o Lyon e Aulas não demorará muito até que encontrem uma resposta para este problema e voltem a discutir a tão cobiçada Ligue 1, voltando a ser presença assídua nas edições anuais da Liga dos Campeões. Talvez isto aconteça a tempo da mudança do clube para o novo estádio, em 2015, quando trocarem o velinho Stade de Gerland pelo moderno Stade des Lumières, um recinto com melhores condições e com uma capacidade muito maior para acomodar as necessidades de um clube como o Lyon.

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    João Folgado
    João Folgadohttp://www.bolanarede.pt
    O João defende que o Porto devia acabar e o Sporting nunca devia ter existido. Carrega, Benfica! Fora de brincadeiras, para além desta paixão cega pelo clube da Luz, venera Mourinho, despreza Villas-Boas e é fã dos Boston Celtics e dos New England Patriots.                                                                                                                                               O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.