A primeira e única vez que um clube francês ganhou a Liga dos Campeões foi em 1993. Estou a referir-me ao Marselha de Barthez, Desailly, Deschamps e Rudi Voller, vencendo na final o super Milan treinado por Fabio Capello, recheado de estrelas como Maldini, Baresi, Rijkaard ou Van Basten. Sendo esta a única vitória de um clube francês na competição máxima de clubes do futebol europeu, a última vez que um clube da Ligue 1 chegou à final foi em 2004, quando o Monaco, orientado por Deschamps, acabou goleado por três bolas a zero contra o imponente Porto de Mourinho.
Estamos, agora, perante uma espécie de ressurgimento do campeonato francês, muito por causa da compra do PSG pela Qatar Investment Authority e do Monaco pelo bilionário russo Dmitry Rybolovlev. Este campeonato está finalmente a atrair jogadores de calibre mundial, como Ibrahimovic, Cavani ou Falcao, muito por causa dos salários elevadíssimos que estes dois clubes se propõem a pagar, atraindo assim grandes estrelas para um campeonato considerado menor, em relação às quatro grandes ligas europeias. Apesar de atrair grandes jogadores, aumentando assim o estatuto da liga e a competitividade destes clubes franceses na Europa, isto vem criar uma possível hegemonia do PSG e Monaco na Ligue 1, acabando assim um pouco com a competitividade da mesma. Enquanto o PSG e o Monaco possuem os meios necessários para aliciarem qualquer jogador de qualquer clube do mundo, o resto dos clubes da liga continuará, muito provavelmente, a perder os seus grandes jogadores, continuando a ser clubes de transição para um verdadeiro grande europeu. Temos como maior exemplo disto o grande Lyon, que dominou a liga francesa durante sete anos e não conseguiu manter as suas grandes estrelas, que procuravam sempre clubes maiores e, claro, mais dinheiro, algo que o PSG e o Monaco são agora perfeitamente capazes de oferecer, dentro da Ligue 1.
O que claramente se retira é que a Ligue 1 só tem a ganhar com isto a nível europeu, podendo até coroar, num futuro próximo, um campeão europeu vindo daqui. Desta forma, seria possível atrair jogadores de maior calibre para este campeonato e despertar o interesse de vários adeptos estrangeiros. Esta liga, até há poucos anos, e sem querer ferir nenhuma susceptibilidade, pouco interessava a quem vivia fora de França, tendo como consequência interna o fim da competitividade. Aqui, a luta torna-se-á desigual, a dois, deixando clubes como o Marselha, Bordéus, Lyon ou o Lille a chupar no dedo, não podendo e principalmente não tendo os recursos necessários para competir com dois possíveis futuros gigantes do futebol europeu.
Isto é o futebol dos dias actuais. Parece que tudo aquilo de que um clube precisa para se tornar um grande e aumentar exponencialmente a sua competitividade é de um bilionário com um cheque em branco. É certo que isto pode vir a aumentar a competitividade de um campeonato, criando novos candidatos, como aconteceu com o Chelsea e o Manchester City, em Inglaterra, ou com o Anji, na Rússia. Contudo, neste caso concreto, criar-se-ia um monopólio do PSG e do Monaco. Serão estes clubes os últimos, ou esta “revolução” está apenas a começar? Mais importante que isso: será a liga portuguesa a próxima?