Depois da conquista da Premier League no seu segundo ano após regressar a Inglaterra, o próximo grande desafio de José Mourinho passa pela aposta e potencialização da “geração de ouro” da academia do Chelsea.
Numa altura em que fair play financeiro ameaça assumir um papel cada vez mais preponderante, a aposta em produtos das camadas jovens pode vir a fazer a diferença, principalmente se tiverem o potencial dos actuais detentores da UEFA Youth League e da FA Youth Cup, mas, mais do que isso, seria um desperdício imenso, para não falar de um acto de má gestão, não conseguir aproveitar e integrar na equipa principal alguns destes jogadores.
Apresento então algumas promessas da excitante academia dos blues, que mais tarde ou mais cedo podem vir a contribuir e até assumir um papel importante na equipa principal.
Jay Dasilva – O inglês de ascendência brasileira tem apenas 17 anos e joga como lateral esquerdo. Com as vendas de Ryan Bertrand e Patrick Van Aanholt e a eminente saída de Filipe Luís, Mourinho pode vir a dar uma oportunidade na equipa principal a este jogador que tem sido comparado com Marcelo, do Real Madrid, pela sua grande velocidade e capacidade técnica.
Andreas Christensen – O dinamarquês de 19 anos encontra-se já a treinar com o plantel principal, tendo mesmo chegado a fazer uns quantos jogos, principalmente nas taças. Central de origem, actua também a lateral direito (onde Mourinho o usou) e a médio defensivo, e pode usar a sua versatilidade para cimentar a sua posição na equipa principal na próxima época, mesmo que o clube opte pela contratação de um outro central, como Raphaël Varane.
Nathan Aké – A primeira de duas jóias da coroa da formação do Chelsea, o médio defensivo holandês de 20 anos pode actuar também como central ou lateral esquerdo, mas é na sua posição de origem que os seus talentos são mais bem aproveitados – mostra já qualidade e maturidade suficientes para vir a ser alternativa ao gigante sérvio Matic. Depois de passar um mês desta época emprestado ao Reading, o holandês deve assumir um lugar no plantel principal do Chelsea na próxima temporada, começando a jogar com maior regularidade se se confirmar a saída de Mikel ou Ramires (ou mesmo ambos). Não é à toa, nem apenas pelo seu cabelo, que o apelidam de “próximo Ruud Gullit”.
Ruben Loftus-Cheek (*) – O box-to-box inglês de 19 anos é a segunda jóia da coroa da academia dos blues. Estreou-se pela equipa principal na Liga dos Campeões deste ano contra o Sporting e os seus talentos não passaram despercebidos – o Barcelona já tentou a contratação deste jogador que tem inspirado comparações com o francês Paul Pogba (curiosamente desejado pelo Chelsea). De momento, Loftus-Cheek tem mais para dar à equipa do que Ramires e a única coisa que pode impedir a sua afirmação num futuro próximo é mesmo a compra de Pogba. Com Aké e Loftus-Cheek, Mourinho tem assim uma possível dupla para o seu plano de dez anos para o clube.
Nathaniel Chalobah – O médio defensivo inglês de 20 anos, que pode também actuar como central, tem passado os últimos anos emprestado a vários clubes ingleses – conta já com passagens por Watford, Notthingham Forest, Middlesbrough, Burnley e Reading. Tem acumulado experiência fora do clube, mas a aposta do Chelsea neste jovem tem tardado e, com a emergência de Aké e Loftus-Cheek, pode mesmo passar mais umas épocas a rodar fora do clube.
Lewis Baker – O vencedor do prémio “Chelsea’s Young Player of the Year” na época passada passou por dois períodos de empréstimo este ano, o primeiro ao Sheffield Wednesday e o segundo ao MKD, onde jogou com mais regularidade. O médio centro inglês de 20 anos joga bem com os dois pés e renovou recentemente com o clube por mais cinco anos. Provavelmente passará a próxima época emprestado a um clube do Championship ou mesmo da Premier League, mas a sua qualidade acabará por falar mais alto e mais tarde ou mais cedo afirmar-se-á conquistará o seu lugar na equipa principal.
Charly Musonda Jr. – O talentoso belga de 18 anos actua como médio ofensivo, podendo também jogar a extremo. Dono de uma qualidade técnica e de uma visão de jogo invejáveis é ofensivamente um dos jogadores mais completos da formação londrina. O Chelsea queria tanto esta jovem promessa que contratou os seus dois irmãos menos talentosos para a equipa de forma a convencer o jogador a assinar pelo clube.
Jeremie Boga – O extremo francês de 18 anos é um jogador extremamente virtuoso, dotado de uma qualidade técnica invejável e a sua capacidade de progressão é enorme. O seu maior defeito passa pela sua reduzida ou nula contribuição defensiva, algo que Mourinho não aprecia (De Bruyne que o diga). O talento está lá e tem todo o potencial para se tornar num jogador especial, mas se for mal aproveitado pode vir a seguir as pisadas de Kakuta, algo que o Chelsea preferia não repetir.
Bertrand Traoré – O médio ofensivo/extremo de 19 anos do Burquina Faso tem impressionado na Holanda nos últimos dois anos ao serviço ao Vitesse, mas nada leva a crer que venha a ser opção para Mourinho na próximo época, podendo passar mais um ou dois anos emprestado para jogar com regularidade de forma a atingir o seu potencial como jogador. Rapidíssimo e forte tecnicamente, quando inspirado pode ser uma dor de cabeça para os defesas adversários.
Izzy Brown – O extremo/avançado inglês de 18 anos que o Chelsea “roubou” ao West Brom estreou-se na Premier League com apenas 16 anos pelo seu antigo clube, sendo o segundo jogador mais novo de sempre a actuar na competição, com 16 anos e 117 dias. Do meio campo para a frente pode jogar em qualquer posição e Mourinho chegou mesmo a afirmar que Brown só não se tornará um grande jogador se não quiser. Passou a segunda parte da temporada a treinar-se com a equipa principal e se ficar no plantel para o ano pode dar a sua contribuição à equipa.
Dominic Solanke – O avançado inglês de 17 anos apontou uns fabulosos 12 golos na caminhada vitoriosa do Chelsea na UEFA Youth League, sendo um jogador bastante versátil, forte pelo ar e com a bola nos pés, conseguindo produzir situações de perigo a partir do nada. Com a saída de Drogba, Solanke e Bamford podem vir a competir pelo posto de terceiro avançado do plantel se o Chelsea optar por apostar na prata da casa em vez de ir ao mercado.
Patrick Bamford – O avançado inglês passou o ano emprestado ao Middlesbrough de Karanka no Championship, tendo marcado 19 golos em 43 jogos. Nada mau para um jovem de apenas 21 anos. Bamford já expressou a sua vontade de ficar na equipa principal do Chelsea na próxima época, mas se Mourinho achar que o jogador ainda não está preparado, sabe-se que há interesse de vários clubes do escalão principal do futebol inglês em contar com o jogador por empréstimo.
A estes jogadores juntam-se outros jovens não formados no clube mas actualmente com contrato com o Chelsea e emprestados para ganhar experiência, como Lucas Piazon, Christian Atsu, Mario Pasalic, Cristian Cuevas, Kenneth Omeruo, Oriol Romeu, Van Ginkel, Tomáš Kalas, Wallace e mesmo Mohamed Salah.
O futuro parece então sorrir para o Chelsea de José Mourinho, que terá nas suas mãos a difícil tarefa de gerir, desenvolver e tentar aproveitar ao máximo esta “geração de ouro” da academia dos blues.
(*) Foto de capa: goal.com