Cristiano Ronaldo | A maior injustiça da história do futebol

    Wreathed in red, restore to this great gallery of the game, a walking work of art. Vintage, beyond valuation, beyond forgery or imitation”. Este pequeno comentário pertence a Peter Drury, icónico comentador desportivo britânico, que relatou na perfeição o tão aguardado regresso de CR7 a Old Trafford, aquela que sempre foi a sua casa, desde que chegou, com apenas 18 anos, para vestir a dorsal número 7 que pertencera “apenas” a um tal de David Beckham. Nunca acusou a pressão, para o nosso Cristiano nunca existiu tal palavra, porque pressão sentiu a sua mãe Dolores, que tantos esforços fez para que o menino-bonito do Funchal vingasse no seu sonho de ser jogador de futebol, de ser o melhor jogador de futebol de sempre. E ele lá veio, de mochila às costas carregada de sonhos por cumprir, mas com uma ambição sem limites e uma vontade muito grande de vencer não só no futebol, mas essencialmente na vida.

    Encantou Alvalade, nos treinos e nos jogos, corria e fintava mais e melhor que todos os outros, franzino, com a cara cheia de borbulhas, mas com a missão de se superar a si mesmo a cada dia que passava. Portugal era pequeno para um menino que corria pelas ruas de Lisboa, as mesmas que eu próprio ainda hoje piso, com pesos nas pernas, esperava pela luz verde dos semáforos para competir em corridas loucas com os carros, para ser mais rápido que os outros no campo, porque ele sabia perfeitamente que tinha talento, mas talento os outros também tinham, e só isso não chegava. O pai, Dinis, era a grande âncora de Cristiano, aquele a quem queria provar realmente alguma coisa. O sonho de menino era triunfar no futebol mundial, para tirar Dolores, Dinis, Kátia, Elma e Hugo da pequena casa de família do Funchal, onde todos torciam para que a vida de Ronaldo desse certo, para que ele fosse realmente quem queria ser.

    E Cristiano cumpriu, chegou a Manchester “as a kid and left as the best player in the world”, palavras do seu colega Rio Ferdinand acerca do carácter e da motivação de Ronaldo. Seguiu-se Madrid, onde pisou pela primeira vez o Santiago Bernabéu sob o olhar atento do nosso Eusébio, e fez aquilo que mais ninguém tinha feito, escreveu o seu nome no lugar número 1 da história do Real Madrid CF. Provou a todos com exibições mas, mais que isso, com números, que é mesmo o melhor jogador de futebol que alguma vez ousou pisar um campo de futebol.

    Com Espanha a seus pés, tomou uma decisão que a mim não me deixou satisfeito, porque sabia que CR7 era de Madrid, era ali que pertencia, porque os melhores têm de estar nos melhores clubes. Certo é que provou, mais uma vez, agora em Itália, que Dinis não se tinha enganado, que aquele miúdo magrinho ia voar da Madeira para o mundo, e ia levar a nossa nação com ele, com o orgulho de ser português que tanto o caracteriza, com aquela atitude vencedora, espírito de sacrifício e muita, muita fome de vencer!

    Cristiano Ronaldo Manchester United
    Fonte: Manchester United FC

    Regressou a Manchester, a um United completamente “morto”, sem referências, sem rumo, sem sonhos…

    Chegou com tudo, com aquela mesma vontade que tinha há quase 20 anos atrás, de dar a volta por cima, de provar a tudo e a todos que ele era capaz, e fez aquilo que só ele sabe, como só ele sabe, com golos atrás de golos nos momentos mais importantes.

    Esta época começou de forma atípica para Ronaldo, com a vida pessoal a ser abalada de uma forma muito complicada, até para uma pessoa tão carismática como é CR7. Sem Champions, sem motivos para deixar lutar quem quer lutar, a saída parecia o destino mais óbvio.

    Cristiano é daqueles que luta, que não baixa os braços nem nas maiores adversidades, e vai à guerra sozinho e com tudo o que tem. Na sua última publicação da rede social Instagram, refere que “giving in to the pressure is not an option”, como eu e todos nós sabemos que ele nunca irá ceder.

    Na minha opinião, Erik Ten Hag está a matar os sonhos de homem que outrora foi menino, de alguém que já conquistou tudo o que havia para conquistar, que merece todo o respeito do mundo, que viveu uma vida inteira a tentar superar os outros, até que o verdadeiro desafio começou a ser superar-se a si mesmo. É uma grande falta de respeito para com CR7, para com os portugueses, para com o futebol. É óbvio que o verniz estalou entre o astro português e o treinador do Manchester United, que insiste em não dar tréguas ao português e a desrespeitá-lo constantemente.

    Portugal x Suíça
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Não se pode deixar alguém com a qualidade, o carisma e a história de Cristiano Ronaldo num banco de suplentes, para apostar em jogadores que jogo após jogo não provam nada e acrescentam muito pouco, simplesmente não faz sentido. No entanto, também admito que toda esta situação está a ser mal gerida por Cristiano, porque está a manchar a sua própria imagem, mas também compreendo a sua frustração, porque quer jogar, porque ouvir o estádio de novo a cantar o seu nome, porque quer estar a 100% no mundial para guiar a “caravela portuguesa” a bom porto!

    Esta situação parte-me o coração, parte o coração a qualquer adepto de futebol, até mesmo a quem não goste de futebol, que viveu a era dourada de CR7, que o viu fazer coisas que mais ninguém ousou fazer, em todos os palcos do mundo inteiro, e que tantas vezes nos deu a nós, portugueses, as maiores alegrias e o orgulho, de dizermos lá fora e bem alto, que somos portugueses.

    Por isso, para ti Cristiano, que me fizeste e fazes amar o futebol, por favor não desistas de ti, levanta-te e mostra ao mundo que ainda não acabou, que ainda tens “muita carga para dar”, porque és eterno, já provaste tudo a toda a gente, menos a uma pessoa que insiste em não dar o braço a torcer.

    Mais do que seres o melhor de sempre, é seres um exemplo de vida, de superação, por isso, obrigado Cristiano, é um prazer ver-te jogar futebol, hoje e sempre!

    Até já, puto maravilha!

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    Bernardo Santos
    Bernardo Santoshttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Comunicação Empresarial e Relações Públicas, é um apaixonado por futebol desde tenra idade. O jovem natural de Tomar, mas residente em Lisboa, é um poço de sonhos por realizar, sendo que ser uma voz ativa no mundo do futebol é um deles! Comunicador, simpático, bem humorado e cheio de energia, assim é o Bernardo! Para solidificar os seus conhecimentos no desporto rei, completou os níveis I e II de Scouting no futebol, para além de uma formação de Team Manager. Atualmente, trabalha no departamento de comunicação internacional de uma grande empresa e divide o seu tempo entre as suas paixões e os seus vícios.