A temporada do Manchester United está a ser simplesmente desastrosa. Depois da derrota na recepção ao Tottenham, que deixou a equipa no 7º lugar da Premier League, os red devils foram eliminados da FA Cup pelo Swansea em pleno Old Trafford (1-2). Ao contrário do que possa parecer, a crise que o clube atravessa tem uma explicação muito simples: o facto de Ferguson já não estar no banco. Quanto mais rápido os dirigentes do United compreenderem que David Moyes não é Sir Alex, mais depressa conseguirão sair desta fase negativa. O plantel é praticamente o mesmo do último ano, mas é preciso salientar que, para um candidato ao título, é manifestamente fraco (o que não justifica o 7º lugar) e precisa de ser reforçado urgentemente. Fazer omeletes sem ovos não é para todos.
Era expectável que esta fosse uma época de transição para o Man United, mas David Moyes, pelo menos para já, está longe de provar ser um substituto à altura de Ferguson (e não apenas devido aos maus resultados). Ainda assim, e sem querer desculpar o ex-treinador do Everton, o que Sir Alex fez com este plantel foi um “milagre”. A qualidade é escassa para um emblema com tantas ambições – a diferença para os rivais é abismal -, há muitos jogadores na curva descendente da carreira e outros tantos descontentes com o seu estatuto em Old Trafford. Como se isso não bastasse, Robin Van Persie (claramente o melhor jogador da equipa) tem tido alguns problemas físicos e não tem sido opção para David Moyes.
Apesar da necessidade evidente de renovação do elenco, os responsáveis do clube não parecem dispostos a investir, muito provavelmente porque as últimas contratações não têm rendido o esperado (Kagawa não se adaptou, Fellaini tem sido uma desilusão e Zaha é ainda muito jovem). Contudo, mais tarde ou mais cedo terão de o fazer. Estamos a falar de um clube habituado a ganhar, que não pode aceitar ter jogadores tão banais como Johnny Evans a titular. O único sector que não precisa de mexidas é a baliza, uma vez que De Gea tem evoluído de acordo com as expectativas. Na linha defensiva, face à idade avançada de grande parte dos jogadores – Evra, que está em final de contrato, Ferdinand e Vidic estão em declínio -, é fundamental que haja um rejuvenescimento. Nesse sentido, Mangala e Garay já foram várias vezes associados ao United e Leighton Baines é uma forte hipótese para reforçar o lado esquerdo. O meio-campo é, na minha opinião, o sector mais débil da equipa. Carrick e Cleverley são jogadores competentes, mas falta indiscutivelmente um médio de topo, que bem poderia ser Arturo Vidal (o chileno obrigaria a um investimento avultado). No ataque, caso Van Persie recupere a forma, as opções dão garantias. Para além do holandês, Rooney – que tem sido um dos poucos destaques da temporada -, Chicharito e Welbeck são alternativas de confiança.
No plantel dos red devils há vários jogadores em sub-rendimento e a precisar de mudar de ares. Um deles é o português Nani, que, nas poucas oportunidades que teve nesta época, mostrou estar bem abaixo daquilo de que é capaz. Anderson, que também já passou pelo futebol português, é outro exemplo. O brasileiro, outrora um dos médios ofensivos mais promissores do mundo, está há vários anos em Old Trafford, mas nunca se conseguiu afirmar. Depois de ter brilhado em Dortmund, Kagawa transferiu-se para o United, onde tinha tudo para se assumir como um elemento fundamental. No entanto, muito por culpa dos treinadores (Ferguson não está isento de culpas), isso não aconteceu. O japonês, que na Alemanha jogava como médio ofensivo ou 2º avançado, é constantemente colocado a jogar sobre um flanco, onde o seu futebol perde influência. Finalmente, o caso de Chicharito Hernández. O mexicano tem vindo a cumprir sempre que é chamado (muito eficaz) e o seu problema não é a falta de rendimento. O seu problema é que é a última opção para o ataque, inclusive atrás de Welbeck. É um avançado com qualidade e, como tal, não se justifica que tenha esse estatuto.
Mesmo sabendo que os clubes ingleses, por norma, dão tempo aos treinadores para mostrarem serviço (uma tendência que tem vindo a diminuir), David Moyes tem de provar rapidamente que não foi um erro de casting. Pelo que mostrou até agora, não vejo maneira de escapar a esse rótulo. Ou muito me engano ou o escocês não tem, de todo, capacidade para orientar um clube da dimensão do Manchester United. Ferguson só há um.