Visto que a má prestação da Seleção Nacional é um tema em voga, decidi escrever-vos sobre José Fonte. O defesa-central, que tem brilhado nas “terras de Sua Majestade” pelo Southampton, merece já a chamada à Seleção. Porém, Paulo Bento ateima em não o convocar.
A minha “revolta” perante esta situação resulta da boa forma em que se encontra Fonte. Um jogador que se tem destacado na melhor Liga do mundo, inclusive com um golo na segunda jornada, merece, sem qualquer dúvida, a chamada à seleção. Ainda para mais quando no banco de suplentes se encontra um jogador como Sereno, comparativamente bem mais fraco e “perdido” na liga turca. Mas esta história não acaba aqui, pois Rolando foi chamado a substituir Pepe (devido a lesão).
Será que Paulo Bento inclui na sua pré-convocatória jogadores só para dar a ideia de que convoca com base no rendimento? Não é um caso novo, e o facto de Rúben Micael ou Custódio (que nem é titular no seu clube) serem constantemente convocados causa muitas dúvidas. Ainda pior, quando pelo menos 8 dos 11 titulares em Alvalade são agenciados por Jorge Mendes. Isto é algo que me causa algum transtorno.
Enfim, não estou aqui para falar sobre a influência de todos os intervenientes à volta do futebol, mas sim de José Fonte. Formado nas escolas do Sporting, não teve dificuldades em afirmar-se como jogador de topo. Foi contratado pelo Benfica, onde acabou por não vingar, uma vez que se trata de um clube em que a aposta em portugueses é nula, ou perto disso.
Recebida a proposta de Inglaterra, José Fonte não mais olhou para trás, acabando por se destacar no Crystal Palace e vendido aos Saints. Na época 2012/2013 atingiu um ponto alto na sua carreira, com a estreia na Premier League, assinando, à sétima jornada, dois golos frente ao Fulham, garantindo o empate à sua equipa.
Contudo, nem tudo foram rosas para José Fonte na sua época de estreia na Premier League. O Southampton foi criticado por ter uma das defesas mais batidas no campeonato e a mudança de treinador (Pochettino substituiu Adkins) a meio da época foi bastante questionada. Ainda assim esta “chicotada” foi benéfica para o clube, que garantiu o 14º lugar no final da época.
A nova época trouxe poucas mas sonantes caras novas para o plantel, dando a José Fonte um novo parceiro no eixo da defesa, o experiente Dejan Lovren. À sétima jornada, o Southampton leva já 14 pontos, a apenas 2 do 1º lugar, dando-lhes o estatuto de grande surpresa do campeonato, com a defesa menos batida.
Não são já razões suficientes para merecer a convocatória, mister Paulo Bento? A mim parece-me que sim. Todavia ainda lhe dou mais. Afinal, não só dá garantias na defesa, como contabiliza 720 minutos ao mais alto nível (esta época), tendo ainda características mortíferas nos lances de bola parada.
Parece-me, claramente, que José Fonte é neste momento uma aposta mais segura que Sereno, ou Rolando, ou mesmo Ricardo Costa. São já 29 anos, o que lhe confere experiência. Pela sua carreira, a falta de ambição não é um problema.
Quando é que vamos realmente convocar os jogadores pelo que fazem em campo? Vamos continuar a zelar por uma seleção sem ambição, garra e determinação? Não será isto o que tem caraterizado Portugal nos últimos 10 anos? Qualificações à última da hora e sempre à “rasquinha”?
Está na hora de mudar a mentalidade e a forma de funcionar das coisas. Está na hora de convocar José Fonte pelo que tem feito. Se não é contra Israel, ou contra o Luxemburgo, será contra quem?