Manchester City FC: Dinheiro não compra personalidade

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    Desde 2008, quando o Sheik Mansour assumiu o controlo do Manchester City, que o clube inglês não tem parado de crescer em termos desportivos. Atualmente, os Citizens são o clube mais poderoso em Inglaterra, sobretudo pela disponibilidade financeira da sua direção.

    Os investimentos feitos na equipa, nos últimos 10 anos, trouxeram vários troféus, incluíndo dois títulos da Premier League. Anteriormente visto como inferior em relação ao Manchester United, e tendo inclusivamente andado pela segunda divisão no início do século XXI, o City era uma equipa de pouca expressão. A entrada em cena de dinheiro árabe, que trouxe grandes jogadores e treinadores de renome para o Etihad, mudou a percepção geral do clube.

    Com a chegada de Pep Guardiola, em 2016, o City deu um passo decisivo na sua afirmação como clube de topo. Afinal, o espanhol é um dos melhores treinadores do mundo, e, na altura em que foi contratado, havia várias equipas à procura de técnico. O facto de Guardiola ter escolhido o City mostra o quão determinado o clube está em tornar-se a principal referência desportiva em Inglaterra.

    O dinheiro gasto em contratações, sobretudo no último mercado de Verão, tornou o City num dos plantéis mais fortes da Europa. E, com a filosofia de jogo de Guardiola mais uma vez a produzir resultados, a equipa está na linha da frente para conquistar todas as provas em que está inserida.

    Ao contrário de outros clubes que se tornaram bem-sucedidos após a chegada dum investidor, o Manchester City não tem sido arrasado pela crítica, mesmo com os gastos gigantescos em jogadores das últimas duas épocas. Isso deve-se, provavelmente, à imagem de Guardiola. Politicamente correto e discreto, mas também com grande habilidade para conseguir ter os media do seu lado, o treinador espanhol tem sido consensual em Inglaterra.

    De Bruyne foi uma das contratações milionárias do City nas últimas épocas, e tem estado em grande forma Fonte: Manchester City FC
    De Bruyne foi uma das contratações milionárias do City nas últimas épocas, e tem estado em grande forma
    Fonte: Manchester City FC

    No entanto, as equipas de Pep parecem não ter algo que é comum a todos os outros grandes conjuntos da história do futebol: personalidade. Se em parte isto é explicado com o facto do catalão construir as equipas à sua imagem, retirando aos jogadores protagonismo individual. e tornando-os peças funcionais nos seus esquemas táticos, também é verdade que, ao longo dos anos, Guardiola tem-se revelado um treinador que não lida bem com futebolistas irreverentes. Desde o início da sua careira, ao comando técnico do Barcelona, em 2008, Pep tem descartado vários craques pelos clubes onde tem passado. Ronaldinho, Eto’o, Ibrahimovic e Henry no Camp Nou, Gotze e Schweinsteiger no Bayern, ou Nasri e Touré no City, são alguns dos jogadores que tiveram problemas com o treinador, ou que simplesmente foram excluídos pelo espanhol do seu grupo de trabalho. Em comum, estes futebolistas têm todos o facto de serem personalidades fortes, e que, portanto, não devem ter visto com agrado a ideia de adaptarem o seu estilo de jogo à exigente filosofia do treinador.

    Guardiola tem tido plantéis repletos de jogadores amestrados, que têm a capacidade de se deixarem moldar pelo técnico. Os títulos que Pep tem conquistado são a prova de que os seus métodos têm resultado, e a sua insistência num futebol de ataque, que privilegia a posse de bola, trouxe-lhe uma grande legião de fãs.

    Mas embora a prestação do Manchester City na Premier League tenha tornado difícil apontar críticas a Guardiola, a verdade é que as suas equipas têm roubado um pouco do interesse e entusiasmo dos respetivos campeonatos. Dominante, mas pouco carismático, este City está ainda longe dos grandes emblemas históricos da Europa. Talvez a ausência dum balneário unido, mas onde existam personalidades desafiantes, característica das equipas de Pep, seja o que tem impedido o catalão de chegar mais longe na Liga dos Campeões. Em provas a eliminar, onde existe grande equilíbrio entre os adversários, e é habitualmente a equipa mais ambiciosa e com mais vontade de ganhar que acaba por passar a eliminatória, Guardiola não tem sido triunfante.

    Outra questão é saber o que o técnico poderá fazer num clube com menos orçamento. Começando a carreira de treinador com provavelmente o Barcelona mais forte da história, depois com um Bayern com pouca concorrência na Alemanha, e agora no clube mais rico do mundo, Guardiola ainda não foi testado. Ao contrário de Mourinho, Conte, Klopp, ou Simeone, que começaram por baixo, e deram nas vistas após grandes desempenhos com plantéis de qualidade menor, o espanhol tem sido alguém que vê, ano após ano, serem-lhe dadas todas as condições para ganhar, nunca tendo estado numa posição de desvantagem em relação a treinadores adversários.

    Com a Premier League muito perto de ser conquistada, e com fortes possibilidades de ganhar a Liga dos Campeões, o Manchester City de Guardiola pode ter uma época de muito sucesso. Mas não são apenas as vitórias que tornam um clube grande, e o conjunto do Etihad, por mais que agrade a críticos e aos respetivos adeptos, não tem o apelo de outras equipas históricas de Inglaterra.

     Foto de capa: Manchester City FC

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    Guilherme Malheiro
    Guilherme Malheiro
    É na música e no futebol que encontra a sua inspiração. Quando escreve, gosta de manter escondido o lado de adepto. Também gosta de ténis, snooker e boxe.                                                                                                                                                 O Guilherme não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.