Nove jornadas volvidas e o Wolverhampton é o penúltimo classificado da Premier League. Com apenas dois pontos, a equipa das West Midlands passa por um período difícil e os adeptos mais inseguros começam já a ver o Championship como destino provável.
A última presença do Wolves no segundo escalão do futebol inglês aconteceu em 2017/18. Na altura, com Nuno Espírito Santo ao leme, os lobos garantiram a subida de forma confortável e autoritária, somando 99 pontos. Entre as várias caras conhecidas, destacaram-se Rúben Neves, o jovem maestro do meio-campo, e Diogo Jota, emprestado pelo Atlético Madrid e um dos principais criadores ofensivos do plantel. O 3-4-3 implementado por Nuno e a sinergia portuguesa geraram um futebol de arregalar o olho.
Nas seis épocas que se seguiram, na Premier League, a pior posição foi mesmo a de 2023/24, com um 14º lugar. Este início de temporada não augura uma melhoria e não são muitos os casos de equipas que escaparam à descida depois de conseguir apenas dois pontos nos nove primeiros jogos. O calendário não foi amigo do Wolverhampton: nas primeiras jornadas, embates contra o campeão em título Manchester City, Chelsea, Arsenal, Liverpool, Newcastle e Aston Villa tiveram um desfecho negativo, apesar de previsível.
A solidez defensiva, fundamental para o estilo de jogo de Gary O’Neil, tem por enquanto andado desaparecida, e o espelho disso são os 25 golos sofridos que se traduzem na pior defesa da competição. Um exemplo claro desta instabilidade foi o encontro em Brentford, onde três golos marcados não compensaram as constantes lacunas defensivas e o excesso de espaço concedido ao ataque do emblema londrino. No fim do jogo, O’Neil afirmou nunca ter visto a equipa tão afastada daquilo que pretendia.
Com muito poucas situações de ataque organizado, o poder de fogo do Wolverhampton tem ainda assim funcionado. Os 12 golos apontados superam, por exemplo, o ataque do Nottingham Forest (a grande surpresa até agora), que ocupa a sexta posição na tabela. Matheus Cunha e Jørgen Strand Larsen são as principais armas apontadas à baliza adversária, com o lateral argelino Aït Nouri a projetar-se frequentemente e a ser parte importante do momento ofensivo.
É raro assistir a um jogo e afirmar de forma categórica que o Wolverhampton jogou mal. No entanto, mesmo quando os golos chegam, a posse de bola escasseia e uma vantagem nunca parece verdadeiramente segura. Contra o Manchester City, na oitava jornada, o empate (e o muito almejado ponto) escapou cinco minutos após os 90 regulamentares, depois de uma das melhores exibições defensivas da temporada.
A capacidade do Wolves para roubar pontos a equipas grandes tem sido notória durante a recente estadia na Premier League, sendo um dos fatores que podem eventualmente manter a equipa na elite do futebol inglês. No entanto, cabe ao técnico britânico encontrar maneira de aproveitar os jogos teoricamente mais fáceis para somar pontos, principalmente os chamados six pointers contra adversários “do mesmo campeonato”.
No passado sábado, frente ao Brighton, a resistência durou até ao último minuto do primeiro tempo, com o experiente Danny Welbeck a finalizar com classe em momento crítico da partida. Evan Ferguson dilatou a vantagem dos seagulls ao minuto 85 e parecia ter arrumado a questão, mas os lobos ainda tinham uma palavra a dizer: um golo de bola parada reduziu a desvantagem e, no canto do cisne, uma falha clamorosa de Matts Wiefer transformou um quatro para um a favor do Brighton numa oportunidade clara na baliza contrária, que Matheus Cunha não desperdiçou.
Parece haver agora um “ponto de viragem” na dificuldade do calendário do Wolverhampton, algo a que os adeptos se podem agarrar como fonte de esperança para a fugida à despromoção. O próximo encontro é a receção ao Crystal Palace, já no próximo sábado.