Era uma vez em… Turim

    O mais recente filme de Quentin Tarantino, “Era uma vez em… Hollywood”, chegou este mês às salas de cinema e tem dado muito que falar. Com um orçamento “hollywoodesco” e a participação de estrelas como Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, este era um dos títulos mais aguardados do ano. Em Turim, sob a realização de Maurizio Sarri, com argumento de Andrea Agnelli e participação de estrelas como Cristiano Ronaldo, Gianluigi Buffon e Matthijs de Ligt, esta também é umas das “fitas” mais aguardadas do ano. E o seu primeiro capítulo tem estreia marcada para este sábado às 17h, em Parma, quando a Juventus FC iniciar a defesa do título contra a equipa local.

    Uma das estrelas maiores desta produção de elevado orçamento é Maurizio Sarri, uma das novas contratações da Juventus para esta temporada, escolhido para suceder ao histórico, ainda que não tão consensual, Massimiliano Allegri. Dois treinadores semelhantes na origem (italianos) mas diferentes no estilo e na abordagem ao jogo e foi precisamente por isso que a escolha de Andrea Agnelli recaiu em Sarri, com o objetivo de alterar o paradigma da Vecchia Signora, que mais do que a hegemonia interna que já detém há vários anos, procura a glória europeia que tarda em retornar.

    Porque falar da Juventus é, principalmente, falar do seu maior protagonista, Cristiano Ronaldo, o técnico italiano tem utilizado a estrela maior da sua constelação num papel ligeiramente diferente do que este tem estado habituado, fazendo-o até regressar às origens. Sarri tem optado por colocar o português na posição de extremo/avançado mais descaído no corredor esquerdo, justificando esta aposta com a capacidade de explosão de Ronaldo, traduzida em diagonais vertiginosas do corredor para o centro, em busca do golo ou de um passe de morte que coloque um companheiro de equipa na cara do golo. Uma alteração clara em relação ao guião do seu antecessor, cujos efeitos práticos ainda estão por saber, mas que mostra uma clara intenção de Sarri se desmarcar de Allegri e deixar o seu próprio cunho.

    Maurizio Sarri conta com um elenco de luxo para esta época
    Fonte: Juventus FC

    Relativamente a transferências, os bianconeri reforçaram-se e bem neste defeso, com o objetivo de reforçar o plantel para o ataque à Champions, trazendo para jogar ao lado de Cristiano jogadores como Matthijs de Ligt (85,5 milhões €), Danilo (37,5 milhões), Cristian Romero (26 milhões), Luca Pellegrini (22 milhões) e Merih Demiral (18 milhões). A custo zero chegaram ainda Aaron Ramsey e Adrien Rabiot, para além do regresso do filho pródigo Gianluigi Buffon. Foi notório o esforço dos responsáveis do clube em conseguir aquisições cirúrgicas, para acrescentar qualidade à que já existe no plantel, mais numa ótica de qualidade do que de quantidade. O resultado final é um elenco de luxo, vasto e com muita qualidade, que permite aos adeptos da Juventus sonhar com uma verdadeira obra-prima.

    Nos últimos dias muito se tem especulado sobre uma eventual transferência de Neymar para os bianconeri, por troca com Dybala, que tanto pode vestir o papel de herói como de vilão. A confirmar-se, poderá ser benéfico se o brasileiro estiver motivado e empenhado em mostrar o que vale porque, caso contrário, Neymar continuará a ser notícia pelas birras e infantilidades e não pela qualidade que já demonstrou dentro de campo. Um jogador que pode ir de herói a vilão num ápice seria mais um excelente predicado na produção às ordens de Sarri.

    Ao longo dos jogos de pré-temporada Sarri foi desvendando algumas pistas sobre o enredo que vai apresentar esta época. O modelo de jogo escolhido deverá ser o 4-3-3, mas que facilmente poderá passar a 4-4-2 fruto das características dos médios e, sobretudo, dos avançados à disposição do treinador italiano. A titularidade da baliza tem sido entregue a Szczesny, ao passo que na defesa as alas serão entregues aos brasileiros Danilo e Alex Sandro e o eixo central será composto pelo experiente Chiellini e pela nova coqueluche do futebol europeu, de Ligt. No meio-campo a três abundam a qualidade e a quantidade mas as primeiras escolhas de Maurizio Sarri deverão passar por Khedira, Pjanić e Rabiot. Na frente de ataque, a única certeza será Cristiano Ronaldo, mais provavelmente na ala do que no eixo do ataque, com a companhia de Douglas Costa e Higuaín.

    E porque só podem jogar 11 de cada vez, ainda poderão “saltar” para a ribalta e atuar às ordens de Sarri jogadores como Buffon, De Sciglio, Bonucci, Ramsey, Matuidi, Emre Can, Bentancur, Cuadrado, Bernardeschi, Dybala e Mandžukić. Um luxo que muitos ambicionam mas que apenas está ao alcance de (muito) poucos.

    Em suma, a expetativa é grande para aquilo que pode fazer a Juventus de Sarri esta época. Se a nível interno a pressão é a de continuar a hegemonia trazida dos anos anteriores, por outro lado há uma grande expetativa pela atuação da Vecchia Signora no palco europeu, onde já foi aclamada e premiada por diversas vezes. Se no ano passado a eliminação na Liga dos Campeões foi precoce, este ano a conquista do maior troféu europeu de clubes terá de ser, indubitavelmente, o grande objetivo desta Juve. O sucesso está nas mãos e na cabeça de Sarri, assim como nos pés do seu elenco de luxo. Luzes, câmara… e que role a bola!

    Foto de Capa: Juventus

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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