Liga Italiana | A arte de bem atacar

    Enquanto criança que sempre se fascinou pelo Futebol Internacional, cresci a ouvir dizer que havia um Futebol “à italiana”. Que a forma mais pura de jogar das equipas deste país era à defesa, esperando de forma matreira pelos erros do adversário. Agora, em 2021, não posso discordar mais de tal afirmação. O futebol que se vê ser jogado por italianos é completamente distinto daquele que me foi vendido ao longo da minha infância (e que muitos parecem acreditar que ainda existe).

    Ver jogos da Liga Italiana é agora um autêntico regalo, num campeonato que se mostra mais competitivo de dia para dia. O FC Internazionale Milano é cada vez mais favorito à revalidação do título; o AC Milan está mais rejuvenescido com a entrada de bons jovens valores; o SSC Nápoles começou em grande forma, com Insigne a liderar; a AS Roma, comandada pelo mítico José Mourinho e o mágico Lorenzo Pellegrini; a Atalanta BC, com o estilo clássico atacante e apaixonante de Gasperini ou a SS Lazio, liderada pelo finalizador Ciro Immobile, são algumas das equipas que mostram capacidade para guerrear pelo tão desejado Scudetto.

    Por surpresa, ou não, a Juventus FC, grande dominadora do campeonato italiano nos últimos nove anos, aparenta agora estar a começar a ficar arredada desta guerra pelo título. Está atualmente em antepenúltimo lugar da tabela e o Futebol apresentado continua a ser bastante fraco e sem ideias, mantendo uma tendência que vem já desde o tempo de Maurizio Sarri e Andrea Pirlo no comando técnico e Cristiano Ronaldo no plantel. Apesar do título vencido por Sarri, as coisas pareciam não encaixar e a queda da Vecchia Signora tem-se confirmado progressivamente. As trocas no meio-campo, que era o verdadeiro ganha-pão da Juventus, desequilibraram a equipa e não existe agora um elemento diferenciador no plantel. Paulo Dybala não mereceu oportunidades nos últimos anos e espera-se que possa ser um dos jogadores a catapultar os Bianconeri.

    Outra das características mais vincadas desta Liga Italiana, e de qualquer uma que se diga grande, é o facto de não haver jogos fáceis. As equipas que, aparentemente, parecem não representar grandes ameaças, conseguem tirar pontos aos primeiros classificados, proporcionando grandes jogos de futebol.

    Mas como nem só de lutas pelo título se vive uma temporada, são de destacar ainda três equipas que tenho gostado imenso de ver jogar: Torino FC, US Sassuolo Calcio e ACF Fiorentina, com especial carinho pela primeira.

    O Torino, treinado pelo impressionante Ivan Jurić, está com uma imagem 100% renovada, fazendo prever uma época de grande tranquilidade na Liga Italiana e com diferentes aspirações. A equipa que lutou para não descer o ano passado, está neste momento a encantar tudo e todos. Aconselho vivamente a acompanhar aquilo que esta equipa produz. Resultados muito enganadores em relação àquilo que foi feito. Bremer, Josip Brekalo, Tommaso Pobega, Sasa Lukic, Marko Pjaca, Wilfried Singo ou Antonio Sanabria são alguns dos nomes que se destacam. Sempre com sentido de baliza e com muitas oportunidades por jogo.

    Na Fiorentina, de apontar o crescimento a olhos vistos de Dušan Vlahović. Com ele, qualquer equipa pode aspirar a fazer um campeonato tranquilo… E incomodar muita gente. Já o Sassuolo, apesar da saída de Roberto de Zerbi e de não ter materializado o seu Futebol em golos esta temporada, continua a ser dos mais entusiasmantes conjuntos da liga.

    Num campeonato em que o Futebol se tem transformado, sobretudo no atual século, antevê-se uma das épocas mais equilibradas dos últimos anos, com lutas acesas por cada lugar da tabela. Fica lançado o repto: vale a pena acompanhar a Liga Italiana, pelo menos para quem gosta da modalidade no seu estado puro.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Gabriel Henriques Reis
    Gabriel Henriques Reishttp://www.bolanarede.pt
    Criado no Interior e a estudar Ciências da Comunicação, em Lisboa, no ISCSP. Desde cedo que o futebol foi a sua maior paixão, desde as distritais à elite do desporto-rei. Depois de uma tentativa inglória de ter sucesso com os pés, dentro das quatro linhas, ambiciona agora seguir a vertente de jornalista desportivo.