A Serie A tem descrescido em termos de qualidade anualmente, cada vez atrai menos jogadores de reputação mundial e passou discutivelmente da melhor Liga do mundo no início do novo milénio para a quarta melhor actualmente, tendo sido ultrapassada pela Premier League, Liga BBVA e Bundesliga.
Todos os anos a Liga parece perder mais adeptos, quer a nível nacional (os estádios estão constantemente vazios), quer a nível internacional (cada vez menos pessoas conseguem “aguentar” noventa minutos de futebol italiano).
O que se passou, então? Como é que o futebol italiano perdeu a sua “mística” nos últimos quinze anos?
No início dos anos 2000 tinhamos a Juventus de Zidane, Del Piero e Davids; o Milan de Maldini, Shevchenko e Inzaghi; o Inter de Ronaldo, Recoba e Vieri; a Roma de Totti, Cafú e Montella; a Lazio de Nedved, Verón e Crespo; o Parma de Buffon, Cannavaro e Thuram e a Fiorentina de Rui Costa, Batistuta e Toldo. Todos competiam pelo tão cobiçado scudetto. De momento, temos a Juventus e a Juventus, e o segundo lugar vai rodando, acabando de ano para ano por ser obtido pelo clube que tiver uma época mais feliz do que os outros, sem qualquer tipo de continuidade.
O ponto de viragem da competitividade em Itália, e provavelmente da reputação da Liga, veio com o escândalo do CalcioCaos em 2005/2006. Com as sanções impostas à Juventus e ao Milan, o Inter aproveitou para dominar a Serie A durante cinco anos e agora parece que a Juventus está destinada a fazer o mesmo.

Fonte: The Independent
O Inter e o Milan estão a atingir os níveis mais baixos de sempre devido a má gestão; o Nápoles é treinado pelo Benitez, logo não deve ser uma ameaça séria enquanto ele por lá andar; o Parma, a Lazio e Fiorentina continuam a tentar recuperar gradualmente dos colapsos financeiros que sofreram; e a Roma tanto luta pelo título como fica a meio da tabela – é demasiado irregular. Enquanto isto se mantiver, a Juventus continuará a coleccionar títulos, em parte por demérito da concorrência.
Itália continua a produzir e a formar bons jogadores de futebol e raramente os italianos vão jogar para outra Liga, algo que têm em comum com a Inglaterra. Mas, tirando esses, não conseguem atrair jogadores de nível mais elevado, que continuam a preferir levar os seus talentos para Espanha ou Inglaterra e recentemente Alemanha ou França. Actualmente a Serie A só consegue atrair jogadores que perderam espaço nas Ligas de maior dimensão e vão para Itália para estender o que resta da sua carreira, como Kaká, Mario Gomez ou Carlos Tevez, que encontram neste campeonato uma “segunda vida”. Esta situação explica a falta de sucesso dos clubes italianos na Liga dos Campeões e na Liga Europa mas o sucesso da Itália em termos de selecção, como vimos no Euro 2012.
No entanto, há esperança. A Juventus continuará no cimo da montanha, o Milan e o Inter já perceberam que algo tem de mudar e estão a trabalhar para voltar ao topo, a Fiorentina e a Roma estão a ressurgir internamente e o Nápoles está a uma troca de treinador de fazer algo. Esperemos que a partir da próxima época regresse a competitividade em termos internos para eventualmente voltarem a causar mossa nas competições internacionais, o que gradualmente aumentará a reputação da Liga e, quem sabe, a catapultará de volta para o topo do futebol europeu. Potencial não lhe falta.