A decadência dos treinadores brasileiros

O futebol é um esporte que está em constante mudança, assim como quase tudo no mundo. No Brasil, contudo, algumas dessas mudanças – ou evoluções – sofrem resistências e são assimiladas de uma forma irritantemente gradual. Os modernos conceitos referentes à mentalidade tática das equipes é uma dessas mudanças das quais o Brasil insiste em resistir, por saudosismo, talvez, mas principalmente por conta da acomodação dos treinadores brasileiros, que com raras exceções, têm ideias retrógradas e treinam seus times como se ainda estivessem na década de 90.

Ironicamente – ou infelizmente – alguns dos principais destaques brasileiros à frente de suas equipes ainda são, em maioria, profissionais que se utilizam de métodos obsoletos, mas que no Brasil, acabam tendo sucesso, graças ao baixo nível do futebol no país e, principalmente, à desorganização da Confederação Brasileira de Futebol, que pouco faz para fomentar à modernização do esporte no Brasil.  Desses treinadores – da antiga geração – se destacam os vitoriosos Luiz Felipe Scolari, Abel Braga e Mano Menezes, profissionais extremamente seguros, que não fazem a mínima questão de deixar de lado suas práticas comuns, mesmo que muitas delas estejam ultrapassadas.

Infelizmente é notável que as próprias torcida dos clubes brasileiros são em parte responsáveis por esse atraso tático, pois mesmo reclamando das retrancas previsíveis e imutáveis dos “velhos” técnicos, bastam duas ou três derrotas para que seja pedida a demissão de quem tenta fazer algo diferente. O futebol brasileiro virou um jogo de cartas marcadas onde um seleto grupo de treinadores se alternam nas maiores equipes do país. Um jogo onde o Novo não tem vez.

Abel Braga durante o jogo do Flamengo contra o San Jose                                                                Fonte: Flamengo FC

E tudo isso se reflete na Seleção Brasileira, que tem um treinador “mais do mesmo”, que representa a falência tática do futebol no Brasil. O Tite, chancelado pela omissão da CBF, tem a conivência de uma torcida carente de futebol, que por ingenuidade ou esquizofrenia, ainda acha que tem no país a melhor seleção do mundo.

Há, no entanto, muitos otimistas que acreditam que todas as críticas ao futebol praticado no Brasil são exageradas e injustas e que de uma hora para outra o futebol arte vai ressurgir e vencer toda a modernidade. Apesar de bonita, essa utopia é humilhada toda vez que o Santos de Jorge Sampaoli, com um time tecnicamente fraco e com vários jovens da base, faz jogos mais bonitos, eficientes e consistentes do que todas as outras equipes da série A do Campeonato Brasileiro, incluindo os milionários Palmeiras e Flamengo.

Uma das exceções da triste regra que rege o futebol brasileiro é o treinador Fernando Diniz do Fluminense que, aparentemente, possui ideias diferentes das praticadas no país. Com um estilo de jogo que preza os passes rápidos e a movimentação sem a bola, pode-se dizer que Diniz ousou inovar ao privilegiar a mentalidade ofensiva em detrimento da comum retranca.

Trabalhos como o de Diniz mostram que nem tudo está perdido. Quando no Brasil os resultados imediatos não forem mais importantes do que a qualidade do futebol apresentada pelas equipes, o esporte atingirá maiores patamares e os treinadores poderão evoluir e, quem sabe, o Brasil volte a ter chances de ganhar mais uma Copa do Mundo ou um Mundial de Clubes.

Foto de capa: CBF

Renato M. Mendes
Renato M. Mendeshttp://www.bolanarede.pt
Jornalista brasileiro apaixonado por Rock and roll, poesia e futebol. Desde criança tem no primeiro campeão mundial (Palmeiras) um amor irrestrito. Fascinado pelo mundo da bola, resolveu dedicar parte de seu tempo a fazer análises sobre o futebol de seu país, tendo sempre como horizonte a ética jornalística.                                                                                                                                                 O Renato escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico e todos os artigos são redigidos em português do Brasil.

Subscreve!

Artigos Populares

Manchester United de Rúben Amorim dispensa avançado dos trabalhos de pré-época

O Manchester United de Ruben Amorim optou por não incluir Alejandro Garnacho no início dos trabalhos de pré-época.

Antigo internacional francês recorda tempos com Cristiano Ronaldo na Juventus: «Achei que ele era maluco»

Blaise Matuidi recordou um episódio de Cristiano Ronaldo nos tempos da Juventus. O francês ficou surpreendido com o avançado português.

Viktor Gyokeres imagina jogar na Premier League: «Seria uma grande vingança»

Viktor Gyokeres pode deixar Sporting e rumar ao Arsenal neste mercado de verão. Avançado sueco fala sobre jogar na Premier League.

Benfica: Já é conhecida a cláusula de rescisão de Rafael Obrador

Rafael Obrador é o mais recente reforço do Benfica. Lateral-esquerdo fica com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros.

PUB

Mais Artigos Populares

Ruben Amorim não quer Álvaro Carreras e lateral segue para o Real Madrid

O Manchester United de Ruben Amorim não quis ativar a cláusula de recompra de Álvaro Carreras. Lateral ruma ao Real Madrid.

Benfica pode chegar aos 25 milhões de euros por João Félix

O Benfica está determinado a contratar João Félix para a próxima temporada. Águias podem chegar aos 25 milhões de euros.

Boas notícias para José Mourinho: lateral escolhe o Fenerbahçe em vez do AC Milan e já prepara viagem para a Turquia

O Fenerbahçe garantiu a contratação de Archie Brown. O lateral-esquerdo inglês era também pretendido pelo AC Milan.