Conhecidos de certa forma como “invencíveis”, “imbatíveis”, “galáticos” e tantos outros adjetivos ligados à grandeza, Barcelona e Real Madrid já acumulam um número invulgar de resultados negativos à oitava jornada do campeonato espanhol. Os catalães perderam pontos nas últimas quatro jornadas da LaLiga, tendo três empates com Girona FC, Athletic Club (Bilbau) e Valencia CF e uma derrota contra o modesto e antepenúltimo CD Leganés. Os merengues não conhecem o sabor da vitória há três jornadas pois já perderam com as sensações até ao momento Sevilha FC (3-0) e Deportivo Alavés (1-0) e empataram a zero com o eterno rival Club Atlético de Madrid e a um golo também com o Athletic.
O efeito Cristiano Ronaldo pode estar a sentir-se em reverso em Espanha, especialmente em Santiago Bernabéu e com a chegada do duvidoso e conhecido treinador dos portugueses, Julen Lopetegui. O técnico mostra não ter a experiência necessária para a craveira de um emblema que vem de três Ligas dos Campeões conquistadas consecutivamente, apesar de ter ideias que correspondem ao modelo de jogo merengue: a posse de bola. No entanto, com CR7, a forma de finalizar era outra, quase instantânea e temos vistos muitos ‘dias não’ nos jogos do Real. Não será por acaso.
Muitos esperam que Gareth Bale irá finalmente despontar em Espanha com a saída de Cristiano Ronaldo. O galês marcou três golos nas três primeiras jornadas do campeonato, outro na Champions diante da AS Roma, mas poucas vezes ficou 90 minutos em campo. Há ainda a falta clara de um avançado goleador de referência. Trazer de volta Mariano Díaz parece ter sido uma opção falhada. Benzema já mostrou que é melhor a cooperar com outro avançado e a forma física já não é a mesma, está com uma lesão muscular. Por último, a contratação do avançado promissor brasileiro, Vinicius Junior, de 18 anos, ainda não parece ser para carburar já, mas custou 45 milhões de euros.
O outro problema é na defesa. O Real Madrid tem defendido muito mal perante contra-ataques (uma das grandes armas dos merengues com Ronaldo em campo e Zidane no banco) e remates de longe. Elementos que permitem a qualquer adversário ganhar confiança em campo. Sempre que o Real Madrid fica em desvantagem, muito difícil consegue fugir dela. Onde estará a capacidade Lopetegui para corrigir isto? A contratação deste treinador e de Courtois para a baliza, quando Keylor Navas garantiu muitos pontos ao Real, ainda são um mistério.
Já o Barcelona, para todos os males terá Messi para resolver, mas há dias que isso poderá não acontecer. Algo que se viu nas últimas quatro jornadas do campeonato. Os problemas são essencialmente – tal como o Real Madrid – defensivos. Piqué, Umtiti, Lenglet e Vermaelen (lesionado, outra vez) são individualmente minimizados quando se confrontam contra avançados com maior técnica. Ernesto Valverde nunca descarta o camisola 3 do onze inicial dos catalães e tem rodado o seu companheiro no eixo defensivo em quase todos os jogos.
No meio campo e no ataque, os reforços Arturo Vidal, Arthur Melo e Malcom procuram ainda realmente se afirmarem na equipa, bem como as contratações de inverno deste ano Philippe Coutinho e Ousmane Dembelé. Messi e Suárez são, como de costume, quem vão dando as maiores garantias de golos para a equipa blaugrana.
Em antítese, o campeonato espanhol tem trazido agradáveis surpresas e espera-se muito equilíbrio durante toda a temporada. O Sevilha é o atual líder da classificação, com André Silva, Ben Yedder e Banega a serem umas das principais referências. RCD Espanyol de Barcelona, Alavés e Real Valladolid CF estão em quinto, sexto e sétimo lugar, respetivamente, e também temos Valencia, Girona (avançado urugaio Stuani é o melhor marcador da competição até ao momento) e Real Betis Balompié a darem espetáculos em todos os jogos sem exceção. Há todo um interesse espalhado pela La Liga que vem no seguimento da queda de forma dos gigantes Barcelona e Real Madrid e das ideias de jogo inovadoras e positivas para o futebol que vários treinadores menos reconhecidos querem implementar nas suas equipas.
Entretanto, continuamos em contagem decrescente para o primeiro Clásico depois de Cristiano Ronaldo deixar o Real Madrid e Andrés Iniesta ter rumado ao Japão. Este duelo continua a ter Lionel Messi na Catalunha; continuará também a mexer com as emoções dos adeptos espanhóis; e pode bem ser o jogo que decide o futuro de Lopetegui no comando técnico dos merengues.
Não estamos aqui para adivinhar o que vem aí, mas perante o momento das duas equipas, três coisas distintas poderão acontecer. 1) um jogo em que o Barcelona vence categoricamente devido ao génio de Messi, o futebol agradece se tiver num dia sim; 2) uma partida bem ganha pelo bom coletivo do Real Madrid; 3) em alternativa, um empate sem história.
No dia 28 de outubro, às 15h15, o apito inicial do árbitro vai soar e tudo isso será esquecido durante 90 minutos em Camp Nou. Até lá, o Real tem encontros com Levante, para o campeonato, e FK Viktoria Plzen, na Liga dos Campeões e o Barcelona terá a mesma dose mas frente ao líder Sevilha e o FC Internazionale de Milão.
Foto de Capa: La Liga