“Papá, porque somos do Atlético?”, pergunta ao pai um menino de cerca de dez anos, sentado no banco traseiro do carro. O pai, apanhado de surpresa pela pergunta, não tem resposta pronta.
A cena é de um anúncio lançado pelo próprio Atlético de Madrid. Decorria a época 2001-02 e o Atlético vivia um período negro da sua história, disputando a Segunda Liga, enquanto o grande rival da cidade, o Real Madrid, vivia a época dos galáticos. Zidane tinha acabado de se juntar a Figo, Casillas, Roberto Carlos e Raúl para, nessa época, levantarem mais uma Liga dos Campeões. Ainda assim, os adeptos do Atlético nunca deixaram de seguir essa equipa que tanto sofrimento causa e de marcar presença lá no Vicente Calderón, no final do Paseo de los Melancólicos.
“Papá, porque somos do Atlético?”, perguntava o rapaz do anúncio e terão perguntado muitas outras crianças aos seus pais. A resposta tarda um pouco, não por falta de razões, mas porque há razões tão profundas que é difícil trazê-las à superfície das palavras. Joaquín Sabina canta no hino do centenário do clube:
Aquí me pongo a contar,
motivos de un sentimiento;
que no se puede explicar.
(…)
Para entender lo que pasa,
Hay que haber llorado dentro,
del Calderón, que es mi casa;
o del Metropolitano;
donde lloraba mi abuelo;
con mi papa de la mano.
Qué manera de aguantar, Qué manera de crecer, qué manera de sentir, (…)