El Loco está de volta

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    O regresso de Marcelo Bielsa é uma grande notícia para o futebol. O treinador argentino é um dos melhores do mundo – não é por não ter uma carreira repleta de títulos que deixa de o ser – e é sempre preferível que os melhores estejam no activo. Depois do magnífico trabalho realizado no Athletic Bilbao, El Loco, que esteve um ano parado, tem um novo desafio pela frente: tentar recolocar o Marselha na elite do futebol francês. Ainda é cedo para prever se será ou não bem-sucedido nessa tarefa (até porque apenas existe um princípio de acordo), mas não há dúvidas de que, com Bielsa, o emblema do sul de França estará sempre mais perto de conseguir voltar ao topo.

    Na época em que o Athletic Bilbao chegou às finais da Liga Europa e da Taça do Rei, Guardiola confessou que Marcelo Bielsa era o seu mentor e que todos os dias aprendia com ele. Numa comparação entre ambos, não é difícil perceber que têm muitas características semelhantes. Tanto o argentino como o espanhol são treinadores inovadores e muito metódicos, com uma postura tranquila e politicamente correcta. Têm uma mentalidade muito ofensiva e os respectivos modelos de jogo privilegiam a posse de bola com trocas posicionais constantes. A capacidade de pressão – muito agressiva e em zonas adiantadas – das suas equipas é uma das qualidades mais facilmente identificáveis. Guardiola e Bielsa são treinadores diferentes dos demais. Nunca abdicam das suas ideias de jogo e é por isso que, apesar de o espanhol ter um currículo muito mais recheado do que o argentino, ambos estão entre os melhores do mundo.

    Bielsa espera reencontrar Guardiola na Liga dos Campeões num futuro próximo  Fonte: blog.oddslife.com
    Bielsa e Guardiola têm várias semelhanças; podem reencontrar-se na Champions num futuro próximo
    Fonte: blog.oddslife.com

    O maior título da carreira de Bielsa foi o triunfo no Torneio Olímpico com a Argentina, em 2004. Mais tarde, fez um trabalho fantástico ao serviço do Chile, selecção que praticava um futebol vistoso e que se apurou para um Mundial (o de 2010) depois de 12 anos de ausência. A nível de clubes, o Marselha será o terceiro projecto europeu de El Loco, depois de Espanhol e Athletic Bilbao. É mais um desafio aliciante para o técnico argentino. O histórico clube gaulês está a precisar urgentemente de um “abanão” e seria difícil encontrar alguém melhor do que Bielsa para o dar.

    O Marselha está a realizar uma época miserável (ocupa apenas o 6º lugar) e corre o risco de ficar fora das competições europeias (o Lyon, que é o próximo adversário, está a 5 pontos). Ainda assim, nem tudo é negativo. Florian Thauvin, médio ofensivo de 21 anos que está a demonstrar uma margem de progressão incrível, tem sido o grande destaque da temporada. Actuando preferencialmente do lado direito do ataque – de forma a explorar as diagonais -, é forte no drible e tem uma enorme facilidade de remate com o pé esquerdo. Há outros jovens com potencial, como o central N’Koulou e o lateral Mendy, os médios Lemina e Imbula e os irmãos Ayew (Jordan está emprestado ao Sochaux), mas Bielsa não consegue fazer milagres. Em termos gerais falta qualidade ao plantel, principalmente se o compararmos com os elencos de PSG e Mónaco.

    O campeonato francês pode recuperar o prestígio que tem vindo a perder nos últimos anos. Se se confirmar a ida de Bielsa para Marselha, não faltam motivos de interesse para acompanhar a próxima temporada. Com a contratação do treinador argentino, o emblema do sul de França garante desde logo que todos os adeptos de futebol ofensivo seguirão atentamente o percurso da equipa. Mas estará El Loco mesmo de volta? Para o bem do futebol, esperemos que sim.

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