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Após um grande início de época, e, sobretudo, depois das suas duas últimas exibições, frente ao Bayern, na Liga dos Campeões, e com o Bordéus, a contar para a Ligue 1, Neymar afirmou-se definitivamente no PSG, o seu novo clube. Com a sua qualidade futebolística, mais o mediatismo que o rodeia, é normal que surjam afirmações um pouco exacerbadas. Uma delas é que o clube de Paris está dependente do craque brasileiro.

Embora Neymar seja, quando está inspirado, o jogador que mais se aproxima do nível de Messi e Ronaldo, tal opinião é injusta, e até um pouco insultuosa, se se tiver em conta a riqueza do plantel do Paris Saint-Germain. Jogadores de classe mundial como Di María, Lucas Moura, Javier Pastore e Julian Draxler, ou ainda o talentoso Ben Arfa, são todos jogadores com carreiras assinaláveis, mas que se vêem neste momento reduzidos a figuras de segundo plano, ou, pior ainda, a suplentes.

O futebol é um desporto coletivo, e apesar do PSG seguir o modelo do Real Madrid, e ser mais um conjunto de individualidades do que propriamente um grupo unido e coeso, não faz sentido elevar um jogador a um estatuto que ainda não é o seu. Neymar, cujo talento e qualidade dentro de campo são indiscutíveis, não tem, pelo menos ainda, as qualidades necessárias para ser considerado como estando acima do grupo: não é um líder, alguém que consiga motivar os colegas quando as coisas não estão fáceis; não é um jogador com uma personalidade carismática, que leve outros colegas a seguir o seu exemplo e que se assuma como a figura mais emblemática dum clube; e, acima de tudo, talvez pelo seu estilo de jogo, não consegue dar primazia à equipa em relação ao individual, o que, obviamente, não lhe traz unanimidade no balneário.

Há ainda outro factor que pesa: o PSG já teve, antes de Neymar, um jogador com todas essas características: Ibrahimovic. O sueco conseguiu, em quatro anos a atuar no Parque dos Príncipes, tornar-se no melhor marcador da história do clube. Mas fez mais que isso: quando chegou à capital francesa, em 2012, com 30 anos, Zlatan era um jogador experiente, tendo ganho títulos em praticamente todos os clubes por onde tinha passado. No entanto, em Paris, o avançado cresceu como jogador, atingindo o auge da carreira, e tornando-se verdadeiramente na figura hiperbólica que é atualmente. Durante os 4 anos em que atuou em França, é possível dizer que o PSG dependeu de si.

Com a sua personalidade, carisma, originalidade, popularidade fora de campo, e facilidade em impôr-se na equipa, para além da combinação de aparente egocentrismo, quando filmado pelos media, com afabilidade e empatia com os restantes companheiros em momentos longe das câmaras, Ibra não demorou a tornar-se num ícone, a figura central da transformação do Paris Saint-Germain de bom clube em França, para grande clube a nível europeu.

A contratação de Ibrahimovic marcou o início de uma nova era no PSG Fonte: PSG
A contratação de Ibrahimovic marcou o início de uma nova era no PSG
Fonte: PSG

Em defesa de Neymar, há que dizer que é um jovem, e que não é fácil impôr-se como figura principal num balneário cheio de jogadores estabelecidos e egos gigantes. Que é difícil estar rodeado por executivos e marcas que exploram a sua imagem comercial ao máximo, ao mesmo tempo que vive debaixo dos holofotes e olhares intrusivos da imprensa. Afinal, Neymar é um desportista da era digital, em que tudo é partilhado e sabido ao instante, e que, como melhor futebolista da nova geração, tem muita responsabilidade sobre si. Mas a arrogância que o brasileiro demonstrou na chegada a Paris, mais recentemente exemplificada pelas polémicas com Cavani, é mais um condicionante na sua tentativa de afirmação como figura máxima duma equipa.

Ser um grande jogador é muito mais do que mostrar habilidade dentro das quatro linhas. É sobretudo na interação com os colegas, no assumir a responsabilidade em momentos de pressão, ou na capacidade de tomar a melhor decisão em prol da equipa, que Neymar poderá conquistar a admiração do restante plantel, e, aí, fazer com que a equipa dependa de si. Até lá, é exagero pensar que um clube com tantas alternativas de luxo no banco possa deixar de ganhar jogos, na eventual falta do avançado.

Mesmo que o Paris Saint-Germain seja um clube novo-rico, onde não há propriamente uma ligação dos jogadores com os valores e o passado do clube, Neymar não pode continuar a olhar para o seu umbigo, e servir-se do conjunto francês na busca de metas pessoais. Talvez quando entender isso, possa marcar definitivamente o seu nome na história do futebol. Por enquanto, mesmo já tendo rumado a Inglaterra, o rei de Paris é outro.

Foto de Capa: PSG

artigo revisto por: Ana Ferreira

Guilherme Malheiro
Guilherme Malheiro
É na música e no futebol que encontra a sua inspiração. Quando escreve, gosta de manter escondido o lado de adepto. Também gosta de ténis, snooker e boxe.                                                                                                                                                 O Guilherme não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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