Força da Tática: Deus é um Diabo… e voa

    Depois de, a meio da semana, receber o Chelsea FC para a primeira mão da taça da liga, o Tottenham Hotspur FC voltava a abrir as portas da “sua” casa a outro grande do futebol inglês. Pela frente tinha Solskjær e a sua armada, que viajou para sul depois da vitória para a Taça de Inglaterra no seu estádio.

    Mauricio Pochettino realizou três alterações em comparação com o jogo frente ao Chelsea, com as entradas de Vertonghen, Davies e Lloris. Apresentou assim um sistema 4-4-2 losango, cada vez mais habitual, com Winks no vértice mais recuado, Sissoko sobre a direita, Eriksen sobre a esquerda e Alli nas costas da dupla ofensiva Kane-Son.

    O treinador norueguês apresentou, como era expectável, uma linha ofensiva totalmente nova (em comparação com o último jogo em casa) que pretendia, através da velocidade dos jogadores, apostar nos momentos de contra-ataque. Assim, Rashford, Lingard e Martial foram a aposta de Solskajaer.

    Tottenham

    Em resposta ao bloco médio do Manchester United FC, em organização defensiva, os londrinos iniciavam a construção com Winks na frente dos dois centrais, nas costas de Lingard. Este posicionamento do médio inglês procurava manipular os movimentos de Lingard (que procurava ajustar a sua posição para cortar a linha de passe do central para Winks), para o central com bola conseguir conectar um passe vertical para Alli ou Eriksen, que procuravam não baixar linhas de forma excessiva, ou para ser mesmo ele a invadir o meio-campo do United em posse. Como vemos aqui:

    Fonte: SportTV

    Não menos importante era o posicionamento de Sissoko, no papel de médio interior direito. Vemos (em baixo) como ele baixa para a posição de lateral direito, criando com os dois centrais uma linha de três para iniciar a construção. A colocação do francês nesta zona do terreno permitia a Trippier assumir uma posição agressiva no campo, garantindo largura (pisando a linha lateral) e profundidade (muitas vezes mais à frente de Son-Kane). Este posicionamento dos defesas laterais (ainda que fosse menos evidente em Davies) pedia aos defesas-centrais que fizessem uso da sua capacidade de distribuição de média-longa distância:

    Fonte: SportTV

    Quando a bola chegava ao último terço, era necessário desorganizar a estrutura do Manchester United. Para desarrumar seja o que for, nada melhor que o dinamismo de Alli-Kane-Son. A aproximação de Erisken a este trio, pelo corredor central, era mais um fator de risco que os visitantes tinham de ter em consideração. Assim, o dinamismo e as constantes trocas posicionais do trio e a qualidade com bola de Eriksen obrigaram o United a compactar-se cada vez mais em zonas centrais.

    Naturalmente que isso teve um preço, já que deu mais espaço aos Spurs nos corredores laterais, onde os defesas-laterais podiam fazer uso do seu posicionamento agressivo para cruzar perigosas bolas para a grande área, onde as penetrações de Alli, vindo de trás, são sempre um perigo.

    Fonte: SportTV

    Infelizmente para os londrinos, o United esteve sempre muito bem neste tipo de situações e foram raras as situações de perigo a partir deste tipo de situações.

    Manchester United

    Só uma nota, antes de falar do United:

    “Agora com o Solskjær, o Pogba defensivamente parece outro”

    Era uma linda história de Natal… era.

    Fonte: SportTV

    Uma equipa montada, e bem, ao pormenor para contra-atacar. Rashford, Lingard e Martial eram uma ameaça constante, mesmo quando a equipa não tinha a bola, já que raramente baixavam atrás da linha de bola. Assim que a equipa recuperava a bola, ligava a velocidade destes homens que procuravam penalizar o espaço deixado pelos defesas-laterais do Tottenham. Como vemos em baixo, assim que se dá a recuperação de bola, é imediato o ataque ao espaço:

    Fonte: SportTV

    Quando o Tottenham transitava defensivamente rapidamente e a oportunidade para preparar uma situação de finalização se esfumava, o United procurava os pés de Pogba, que vinha no apoio, para criar algo.

    O ideal, e que aconteceu aos 44 minutos do primeiro tempo, era ser o próprio Pogba a lançar a velocidade do três da frente assim que a equipa recuperava a bola. Este GIF descreve na perfeição Pogba: sem bola, não está “nem aí”, e com bola, ninguém lhe ensina nada:

    Fonte: SporTV

    Na segunda parte, o United apareceu num sistema próximo do 4-4-1-1, com Pogba nas costas de Rashford. Este novo sistema reduzia o trabalho defensivo de Pogba e o risco do Manchester United se desorganizar sem bola. Para além disso, Herrera juntou-se a Matić na frente da defesa, criando um duplo pivô que protegia o sérvio.

    Assim, Solskjær reduziu o risco dos dois elos mais fracos da equipa esta temporada, por razões diferentes – Pogba e Matić – penalizarem os restantes.

    Ah, e o De Gea também … também foi importante (mas pouco) :




    Fonte: SportTV

    Foto de capa: Manchester United

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.