Premier League: Antro de imprevisibilidade

    Cabeçalho Liga Inglesa

    Minuto 75’: O Liverpool vencia o Bournemouth por 3-1 e caminhava para uma vitória tranquila que lhe permitia continuar colado ao Chelsea, líder do campeonato. Minuto 90+5’: O árbitro apita para o final da partida e o Bournemouth vence por 4-3. Mais uma reviravolta épica num jogo do principal escalão inglês, um fenómeno que se repete várias vezes por época. Para alguns, um fenómeno que faz da Premier League a melhor liga do mundo. Para outros, que faz da mesma uma liga selvagem taticamente e que lhe retira alguma.

    A verdade é que esta imprevisibilidade pode suscitar várias interpretações. Em termos de emoção, é indiscutível que a Premier League está um nível acima de todas as outras. Todos os anos se assistem a várias remontadas épicas que perduram por muito tempo na memória de qualquer adepto da modalidade. O campeonato é muito disputado e há dois fatores que me parecem decisivos para tamanha competitividade: a própria mentalidade inglesa de nunca deixar de acreditar – os adeptos são fantásticos no apoio à equipa e nunca desistem do jogo; e, principalmente, o facto de ser a liga que mais receitas gera a nível mundial.

    É universal que o dinheiro gera poder de compra e de atração, e no futebol, a Liga Inglesa é o melhor exemplo disso. São absolutamente astronómicas as verbas que qualquer clube – mesmo os recém-promovidos – recebe de direitos televisivos quando comparadas com as restantes ligas europeias. Os investidores sabem que é a liga que atrai mais jogadores de classe mundial, que consequentemente proporcionam melhores espetáculos, tornando o produto mais apetecível para quem investe. Tudo isto acaba por ser uma bola de neve e é por isso que os clubes ingleses têm aumentado a qualidade dos seus plantéis de ano para ano. Uma liga onde o último pode ganhar ao primeiro e ninguém fica muito chocado com isso, conferindo a tal competitividade que faz deste campeonato tão especial.

    Bournemouth assinou reviravolta (1-3 para 4-3 em 15 minutos) memorável no passado fim-de-semana Fonte: AFC Bournemouth
    Bournemouth assinou reviravolta (1-3 para 4-3 em 15 minutos) memorável no passado fim-de-semana
    Fonte: AFC Bournemouth

    No entanto, este equilíbrio tem o reverso da medalha. O que para muitos é competitividade e imprevisibilidade, para outros é alguma anarquia e uma certa rebeldia tática. Muitos apontam a La Liga como a melhor liga europeia, onde se pratica o melhor futebol e toda a envolvência do jogo é muito mais trabalhada por todos os seus intervenientes. Esta rivalidade é bastante discutida por muitos dos amantes do desporto-rei, embora seja uma discussão sem um possível consenso final. A Premier League ganha um brilho especial pelo seu futebol empolgante e pela sua emoção, a La Liga por ter duas das três melhores equipas do mundo e os dois melhores jogadores do planeta – leia-se Real, Barça, Ronaldo e Messi, respetivamente – e por ter um futebol de mais recorte técnico e mais trabalhado.

    Para os adeptos, que querem é ver golos, reviravoltas e incerteza no resultado, a escolha da Premier League será sempre o caminho mais fácil, embora para os treinadores e para alguns adeptos que gostem mais de ver o futebol pelo seu lado tático, esta anarquia seja facilmente criticável e até inexplicável dado o quadro de treinadores que atualmente existe em Inglaterra – muitos deles de classe mundial.

    Foto de capa: Premier League

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Rafael Simões
    Rafael Simõeshttp://www.bolanarede.pt
    Adepto de bom futebol, adora o jogo desde que se lembra de ser gente. Estudante de Comunicação Social, é capaz de passar horas a fio a devorar futebol, considerando-se um romântico do desporto rei. Recusa-se a discutir arbitragens e simpatiza com o Liverpool, muito por culpa da lenda do clube, Steven Gerrard. Espera um dia ser jornalista desportivo e olha para o futebol como uma arte que embeleza a vida.                                                                                                                                                 O Rafael escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.