Os 10 melhores jovens das Ligas top-5 da Europa nesta temporada

    Com a temporada 2023/24 no seu Equador, já é possível fazer um balanço da época. Entre as principais cinco ligas da Europa – e do mundo – são várias as equipas que merecem destaque, os treinadores a surpreender e os jogadores a espalhar classe.

    Entre os muitos jogadores que têm sido protagonistas, é impossível não ficar preso aos jovens que se têm destacado e que, apesar de tenra idade, já assumem lugar de destaque nas suas equipas. Assistir ao nascimento e ao crescimento dos jogadores que vão marcar a próxima década é sempre um processo entusiasmante.

    Nesta lista, sem qualquer ordem específica, entram apenas jogadores que começaram a temporada com 21 anos ou menos. Autênticas pérolas que são o presente e o futuro dos clubes que representam.

    1.

    Florian Wirtz Victor Boniface Bayer Leverkusen
    Fonte: Bayer 04 Leverkusen

    Florian Wirtz (Bayer Leverkusen): O rolo compressor de Xabi Alonso é uma das principais notícias da primeira metade da temporada. Os farmacêuticos lutam contra o título de “Neverkusen” que teve o seu auge em 2001/02 e esta é a temporada perfeita para quebrar a maldição.

    Nas principais ligas europeias o Bayer Leverkusen é a única equipa com a proeza de continuar invicta. São 14 vitórias e três empates em 17 jogos na Bundesliga que permitem aos comandados por Xabi Alonso liderar a competição. São a principal ameaça ao Bayern Munique nesta temporada.

    Entre os vários jogadores que se têm assumido como protagonistas na equipa, desde logo os dois alas (Grimaldo e Frimpong) pela capacidade de chegada à frente e influência na manobra ofensiva, há um jogador que se destaca. Florian Wirtz é uma das maiores esperanças do futebol alemão e depois de uma lesão muito grave que o retirou dos relvados em 2022, está a demonstrar todo o potencial que tem.

    Compreende o espaço entrelinhas com inteligência, recebe a bola nas costas dos médios e conduz com a bola colada ao pé. Consegue descobrir passes de rutura e chega à área para rematar. Sabe quando recuar para lançar, mas é mesmo no último terço que, pela qualidade técnica, consegue marcar diferenças. Além da elegância e inteligência no passe tem uma boa capacidade de remate à entrada da área e rompe na área para responder a cruzamentos. Consegue ler bem os espaços e, quando recebe na meia esquerda, junta-se a Grimaldo e simplifica um jogo difícil. Florian Wirtz é um dos dois maiores representantes da nova geração alemã.

    2.

    Jamal Musiala Bayern Munique
    Fonte: Bayern Munique

    Jamal Musiala (Bayern Munique): O outro representante da nova geração alemã que vai terminar a temporada a procurar conquistar o Euro 2024 em casa é Jamal Musiala. O médio escolheu representar a Mannschaft que acumula talento em zonas mais subidas do terreno.

    O Bayern Munique está longe da estabilidade exibicional que apresentava há poucos anos e, depois de se arriscar a perder a Bundesliga na última temporada, nesta também não convence. Thomas Tuchel bem pode agradecer a Harry Kane, um jogador do mais refinado que há na atualidade, e a um tal de Jamal Musiala.

    Jamal Musiala tem apenas 20 anos, mas já tem sobre si um peso e uma responsabilidade que fazem esquecer a tenra idade do menino que encantou a Baviera. Além da qualidade técnica, destaca-se pela capacidade de ser decisivo. Não se esconde perante a pressão e aparece nos momentos de maior aperto. Na última temporada marcou já ao cair do pano o golo do título e nesta temporada continua a resgatar o Bayern Munique quando necessário.

    Pode partir de um dos corredores, mas o importante em Musiala é poder jogar entrelinhas, à semelhança do compatriota Florian Wirtz. Esconde a ação ao máximo, joga com os pés e com o corpo e ludibria os adversários com tal facilidade que parece feito de manteiga. Remata com os dois pés e associa-se com os colegas, procurando a zona da bola para dar seguimento ao jogo dos alemães. Julian Naggelsman tem dois talentos para colocar em lugar de destaque no verão. Por agora, Musiala vai encantando Munique.

    3.

    Xavi Simons RB Leipzig
    Fonte: RB Leipzig

    Xavi Simons (Leipzig): Não é possível deixar a Alemanha sem falar de mais um médio ofensivo que se tem destacado por terras germânicas. Desde muito novo, quando ainda era um jovem em La Masia, que Xavi Simons se tem destacado, mas nunca com tamanha relevância e num patamar tão importante.

    No verão o PSG acionou a cláusula de recompra para resgatar o jovem talento do PSV e deu-lhe a oportunidade de brilhar no Leipzig, clube habituado a dar palco aos mais novos. Uma solução que permitiu agradar todas as partes e que tem permitido a Xavi Simons brilhar no ecrã semana após semana.

    O Leipzig não tem tido a regularidade dos dois clubes destacados que seguem na liderança da Bundesliga e está mesmo atrás do Estugarda na tabela, mas Marco Rose tem dado espaço a vários jovens que, mais ano menos ano, sairão para outro patamar. De Castello Lukeba a Mohamed Simakan, de Lois Openda a Benjamin Sesko, nenhum com um papel tão brilhante como Xavi Simons.

    Joga a partir da esquerda, mas tem liberdade para procurar terrenos interiores e libertar o corredor par David Raum, um lateral impositivo de trás para a frente. Xavi Simons é um fenómeno já há vários anos, ainda era um menino a despontar, mas os milhões de seguidores que pareciam, a um certo ponto, atrapalhar a evolução do criativo, são agora personagens secundárias num show do menino neerlandês. Puxa para si a responsabilidade e não tem medo de se assumir como protagonista. Diverte-se em campo, entusiasma em todas as ações e permite à Bundesliga ter a maior concentração de talentos com capacidade para jogar nas entrelinhas por metro quadrado na Europa. Além do Leipzig, que tem no jogador a principal referência nesta temporada, também o PSG vai esfregando as mãos.

    4.

    Warren Zaire-Emery PSG
    Fonte: Paris Saint-Germain FC

    Warren Zaire-Emery (PSG): Se Xavi Simons é a maior promessa do PSG fora de portas, no Parque dos Príncipes não há nenhum jovem que entusiasme tanto como Warren Zaire-Emery. Tem 17 anos, mas mostrou que a idade nada significa quando a cabeça, os pés e o corpo – por esta ordem – estão plenamente conscientes da arte que é o futebol.

    Depois da desilusão que foi concentrar Kylian Mbappé, Lionel Messi e Neymar num ataque lotado de talento, mas que obrigou a equipa a ficar desequilibrada, o PSG deu um passo atrás e renovou a postura no mercado e em relação à academia. Em vez de grandes estrelas, o clube passou a apostar em estrelas sem estrelato (Manuel Ugarte, Lee Kang-in, mais recentemente Lucas Beraldo) com capacidade para evoluir e marcar uma era no clube e em aproximar o clube das suas raízes.

    Foram contratados este ano Lucas Hernández, Bradley Barcola, Randal Kolo Muani e Ousmane Dembélé, numa tentativa de aproximar o clube da sua identidade local e francesa. Também na boa formação do clube que viu escapar, entre outros, Kingsley Coman, Moussa Diaby ou Christopher Nkunku, foram registadas mudanças. O PSG está cada vez mais competitivo nas competições de formação, é destaque na UEFA Youth League e tem agora um projeto que procura também integrar os melhores jogadores da formação na equipa principal.

    Depois de se destacar na UEFA Youth League em 2021/22, Zaire-Emery foi promovido à equipa principal na última temporada, mas é com Luis Enrique que ganhou um estatuto de titular indiscutível. Ver Zaire-Emery é esquecermo-nos que o jovem tem apenas 17 anos. Tem potencial para ser geracional e vai dando mostras de qualidade. Não tem idade para conduzir um carro, mas tem habilidade para conduzir a bola em campo, transportando a redondinha numa passada larga repleta de qualidade. É um médio total com capacidade para jogar mais baixo, para lateralizar posição (já foi utilizado como uma espécie de ala) ou para procurar terrenos mais avançados. Vai marcar as próximas décadas.

    5.

    Ousmane Diomande Giorgio Scalvini
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Giorgio Scalvini (Atalanta): A melhor promessa da Atalanta já está na equipa principal há três temporadas. A maturidade no seu jogo, a capacidade de leitura de jogo e o acerto nas decisões fazem esquecer que Giorgio Scalvini tem apenas 20 anos.

    A Atalanta é uma equipa que, com Gian Piero Gasperini no comando, se sabe reinventar e reconstruir, mas sem nunca perder a identidade em que se baseou no crescimento. Continua a revelar talentos da formação do clube, a apostar em contratações de jogadores desvalorizados nos principais campeonatos ou oriundos de destinos mais alternativos e, exibicionalmente, continua a ser uma equipa de culto.

    Em Itália têm-se acumulado as equipas de culto. Já o foram o Sassuolo de Roberto De Zerbi, o Nápoles de Luciano Spaletti, agora é-o também o Bolonha de Thiago Motta. Entre o Spezia e a Fiorentina de Vincenzo Italiano ou a Lazio de Maurizio Sarri, também nunca o deixaram de ser de culto o Inter de Milão de Simone Inzaghi e a Atalanta de Gian Pero Gasperini. Itália é, por estes dias, um recato escondido na Europa onde o futebol substituiu o já velhinho catenaccio.

    A nova geração de defesas italianos (Dimarco, Bastoni e agora Scalvini) continua a saber defender, mas já não se distingue unicamente por isso. Tem também qualidade técnica para organizar o jogo desde trás, capacidade para operar o passe capaz de quebrar linhas, de conduzir (tarefa especialmente importante nos centrais exteriores) e para jogar sob pressão. Giorgio Scalvini tem todos estes atributos e apresenta ainda vastas qualidades na defesa da área, na leitura de jogo para antecipação e na capacidade de vencer duelos. Há uma nova geração de defesas italianos a quem é preciso prestar atenção.

    6.

    Destiny Udogie Tottenham Hotspur
    Fonte: Tottenham Hotspur FC

    Destiny Udogie (Tottenham): Fora de Itália, mas mais um representante da Squadra Azzurra na lista, a evolução de Destiny Udogie é alternativa e tem um mentor que importa destacar: Ange Postecoglou.

    O Tottenham não vai ser campeão nesta temporada. Ainda assim, o tal caminho que há muito se esperava de consolidação nos Big-Six e de crescimento fundamentado está agora sobre linhas. O australiano que foi capaz de construir projetos em casa, mas também no Japão e na Escócia está agora a mostrar-se na Premier League.

    Além das competências ao nível do scouting que darão frutos num futuro a médio-longo prazo, Ange Postecoglou renovou o desenho dos spurs. O clube não tem medo de abdicar dos seus princípios (mesmo em cenários como o do encontro diante do Chelsea) e vai até à morte com a vontade em sair a jogar e com uma linha defensiva alta no terreno.

    Com os extremos a dar largura, aos laterais é pedido que atuem por dentro. Pedro Porro à direita e Destiny Udogie à esquerda são das revelações da temporada pela surpresa na qualidade com que desempenham tais funções. Na primeira fase jogam em terrenos interiores quase como médios, de costas para a baliza. No último terço, se Pedro Porro se assume como um jogador mais conservador no posicionamento, jogando em zonas mais próximas da área para procurar a meia-distância ou o cruzamento, Destiny Udogie rompe por dentro, procurando abrir espaço para o extremo passar de fora para dentro ou procurando receber uma bola em situações de vantagem para o cruzamento. É um projeto que convém não deixar de ter debaixo de olho.

    7.

    Jeremy Doku Manchester City
    Fonte: Manchester City FC

    Jérémy Doku (Manchester City): Noutro desenvolvimento do projeto, o Manchester City continua a todo o gás para procurar repetir o inédito feito da temporada passada: a conquista do Treble. Jérémy Doku é, mais do que ao início se podia pensar, fundamental neste sonho.

    A saída de Riyad Mahrez para a Arábia Saudita retirou do Manchester City um perfil muitas vezes desvalorizado nas equipas de Pep Guardiola, tão habituadas a criar vantagens através do coletivo que acabam por não precisar em muitos jogos do resgate das individualidades.

    O argelino, à semelhança do belga, tinha um papel importantíssimo em jogos menos conseguidos dos cityzens. Recebia a bola e partia para cima dos adversários no drible, procurando, através da criatividade e da rebeldia com a bola, ser o abre-latas da equipa. O perfil de Jérémy Doku é diferente, mas o impacto no jogo do Manchester City é semelhante.

    Não tem um drible tão estético e curto como Riyad Mahrez (nem joga, sequer, preferencialmente à direita), mas também parte para cima dos adversários com tremenda naturalidade. Parte para cima e tem recursos variados para superar adversários, quer na velocidade, quer no drible onde parece ter recursos infinitos. Atua em espaços curtos, pela qualidade técnica, e em campo aberto pela aceleração e velocidade. Se Jack Grealish serve para a versão mais conservadora com bola de Pep Guardiola (que já foi punida nesta temporada), Jérémy Doku é indispensável para o Manchester City se impor perante o adversário.

    8.

    Cole Palmer celebra golo do Chelsea
    Fonte: Chelsea FC

    Cole Palmer (Chelsea): Também poderia ser um dos destaques do Manchester City nesta temporada, mas Cole Palmer preferiu ser protagonista. Pep Guardiola já contou esta história inúmeras vezes e em todas tudo parece ter sido bem feito.

    O Chelsea continua a ser incapaz de apresentar algo minimamente parecido a um projeto, mas deu um passo em frente nesta temporada. Em muitos jogos foi superior taticamente ou, pelo menos capaz de competir, mas traído por erros defensivos crassos e por falhas na outra área.

    Melhorar a eficácia e eficiência ofensivamente é, neste momento, o foco principal de Mauricio Pochettino. Entre tantos e tantos milhões o Chelsea continua sem um ponta de lança capaz de responder – Nicolas Jackson tem um teto alto, mas imperfeições técnicas a ser limadas – e mesmo a partir dos flancos, jogadores como Raheem Sterling, Noni Madueke ou Mykahaylo Mudryk (ainda assim em crescendo) também são incapazes de acrescentar ao nível da decisão. Com a lesão de Christopher Nkunku, Cole Palmer foi a exceção à regra.

    Cole ‘Cold’ Palmer é uma alcunha que se aplica na perfeição ao inglês que deu um passo atrás para dar um passo em frente. Mesmo inserido num ecossistema instável, o inglês é fonte de boas decisões. Não é o jogador mais espetacular ao nível das arrancadas desequilibradoras ou da criatividade e adorno nos lances, mas decide quase sempre bem. Joga a partir da meia direita, essencialmente, consegue ler os timings do jogo e chega à área para finalizar. A frieza no momento da definição já lhe deu estatuto para bater grandes penalidades e nesta época está à beira das 20 participações diretas em golos entre Chelsea e Manchester City. Foi surpreendente a saída, mas Cole Palmer está a colher os frutos que semeou, mesmo que em terreno árido.

    9.

    Sávio Girona
    Fonte: Girona FC

    Savinho (Girona): Se Cole Palmer deixou recentemente o Manchester City, quem lá pode chegar em breve é Savinho. O brasileiro é um tornado que tem tomado de assalto a La Liga ao serviço do Girona.

    O clube da Catalunha é a principal revelação coletiva da temporada, a par do Bayer Leverkusen eventualmente, e tem um dos jogos mais característicos do futebol espanhol. Míchel consolidou um projeto que guia há quase três anos. É lírico que um madrileño tenha colocado um clube da Catalunha um nível acima do Barcelona, pelo menos no que diz respeito à primeira metade da temporada.

    Entre raposas velhas como Daley Blind e Christan Stuani, referências alternativas como Artem Dovbyk ou Viktor Tsygankov, a estabilidade de Aleix Garcia e de Yangel Herrera e a juventude de Miguel Gutiérrez, Yan Couto ou Savinho, o Girona vai surpreendendo. O clube faz parte do City Group o que lhe dá, naturalmente, acesso privilegiado a fundos e a jogadores, mas sem um projeto esta odisseia continuaria presa ao papel.

    Numa equipa algo camaleónica, a imprevisibilidade de Savinho resolve jogos. Esquerdino a partir do corredor esquerdo, tem outra preponderância no jogo do Girona quando joga a pé natural. Encara o adversário no 1X1, muda de velocidade com naturalidade e arrisca no drible onde tem recursos e imaginação para encontrar a melhor estratégia para ultrapassar o defesa. No final da época ainda é uma incógnita se regressará ao plantel do Troyes, se continuará no Girona ou se dará o salto na carreira. Tem via aberta para ser treinado por Pep Guardiola.

    10.

    Jude Bellingham Real Madrid
    Fonte: Real Madrid CF

    Jude Bellingham (Real Madrid): A prova de que esta lista não segue uma ordem específica de qualidade está dada. Diz-se que o melhor deve ficar sempre para o fim e, no caso de Jude Bellingham, a expressão tem o seu porquê de existir.

    Jude Bellingham já tem marca de água na comemoração, já tem músicas e é um Iluminado por natureza. Quando o Birmingham retirou a camisola número 22 foi olhado de lado por muitos, mas o clube correu um risco que, neste momento, tem grande probabilidade de dar certo. Pode muito bem ter eternizado a camisola num vencedor da Bola de Ouro.

    Jude Bellingham chegou a um Real Madrid que havia perdido a referência ofensiva e goleadora de Karim Benzema e rapidamente se assumiu. Era a peça mais adiantada no losango de Carlo Ancelotti e respondeu com golos decisivos e uma capacidade brutal para se afirmar nos momentos de maior aperto. Continua a render num modelo mais perto do 4-2-2-2 e, neste momento, não há ninguém mais bem classificado para ganhar o prémio de melhor da temporada. Já ganhou o Golden Boy, um pequeno aperitivo

    Jude Bellingham e o Real Madrid é uma combinação perfeita. Um jogador com identidade e um clube que precisa de ídolos capazes de chegar ao estrelato para sobreviver. Jude Bellingham é muito mais que um médio e muito mais do que um futebolista. É uma estrela que está a marcar o presente com apenas 20 anos. É difícil imaginar o que conseguirá alcançar nos próximos 20.

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