5 equipamentos da moda em 23/24

    Outra das grandes ansiedades do mercado, além das entradas e saídas dos craques dos relvados, são as entradas e saídas da lavandaria, dos novos equipamentos que vão servir para adornar o estilo e as qualidades dos intervenientes.

    As marcas lutam pelos emblemas mais mediáticos, os adeptos dividem-se nas escolhas e na abordagem à criação: respeitar a tradição ou inovação? Conservadorismo ou progresso? Apelar à História dos clubes ou apelar ao lucro, tentando conjugar os padrões mais insólitos com as cores mais aliciantes às grandes massas consumistas?

    Sabendo-se que é possível ter grandes equipamentos optando por ambos os caminhos criativos, decidimos variar quando escolhemos cinco dos mais bem conseguidos da janela.

    1.

    Hearts of Midlothian FC – As comemorações dos 150 anos dos Jam Tarts deram azo ao melhor equipamento do ano, que relembra aquele utilizado em 1874 – com o grande coração dos mosaicos da Catedral de Santo Egídio a sobressair do fundo branco, na malha mais bem conseguida do catálogo da Umbro.

    Os Hearts foram quarto lugar na última liga escocesa e têm assim a oportunidade de se apresentar todos janotas na Liga Conferência. A aventura até começou bem, ao eliminarem o Rosenborg BK na 3.ª ronda de qualificação. Segue-se o PAOK e mais uma oportunidade para se ver estes bonitos equipamentos. 

    2.

    FK Spartak Moscovo – Já não tão presente nas televisões europeias, o futebol russo continuou a existir, agora numa penumbra que estanca qualquer foco positivo de mediatismo – apanhados por tabela, históricos e emblemas secundários lutam por, sobretudo, respeitar a sua base nativa de adeptos e esmiuçar essa memória colectiva, já que são inevitavelmente os únicos com reais possibilidades de seguir e apoiar a equipa. O melhor exemplo disso será o novo terceiro equipamento do Spartak, que serve como lembrete a uma vitória histórica em Amesterdão frente ao Ajax.

    Estava-se no final de 1997-98. Às Meias da Taça UEFA tinham chegado o Atlético de Madrid, a Lazio (de Sven Goran Eriksson), o Inter (de Simoni mas muito mais de Ronaldo Fenómeno) e o Spartak, do lendário Romantsev, que só fica atrás de Yakushin, Maslov ou Lobanovskyi na vitrine dos mais influentes treinadores soviéticos de sempre.

    O Spartak dominava a liga interna e tinha já feito gracinhas na Europa nessa década de noventa (Meias da Taça dos Campeões em 1990-91 e Meias da Taça das Taças em 92-93). Era, portanto, um habitué das provas continentais, ainda que nunca tenha conquistado medalha. Romantsev impunha-se pelo feitio complicado e pela disciplina, que era onde assentava depois as ideias de rápido futebol sempre em passe curto. Depois de eliminar Sion (6-1 no agregado), Valladolid (4-1) e Kalsruhe (1-0), calhava-lhe em sorte o Ajax, um poderoso Ajax que andava viciado em fazer traquinices para capa de jornal: campeões europeus em 94-95, finalistas em 95-96, semi-finalistas em 96-97. Eram por isso um dos grandes favoritos daquela UEFA, com tudo a prever um Ajax-Inter na final.

    Romantsev sabia muito. Construíra legado no Spartak, onde havia chegado em 1989 (e de onde só sairia em 2003), desenvolvera o futebol dos Narodnaya komanda (livremente, o clube das gentes) e reinventava sucessivamente a equipa, apesar das constantes vendas ao mercado ocidental. Pelas suas mãos passariam ícones como Karpin ou Onopko; naquela noite, mais conhecido por nós portugueses, metia a jogar Alenitchev; mas foi Aleksandr Shirko, um homem que nunca saiu da Rússia e só jogou seis vezes pela selecção, que seria o grande herói.

    Bisava numa estrondosa vitória por 1-3 em casa do monstro holandês, que tinha Van der Sar, os irmãos De Boer, o pai Blind, Oliseh, Michael Laudrup, Babangida ou Arveladze. Na segunda volta, outra vitória, mais magra – um a zero, com outro golo de Shirko. 1-4!

     O Spartak seria arrumado pelo Fenómeno na eliminatória seguinte, naturalmente. Mas a proeza estava feita.

    Para termos melhor noção: aquele Ajax, comandado por Morten Olsen – depois e durante muitos anos, seleccionador dinamarquês – acabaria a Eredivisie com 29 vitórias em 34 jornadas, 112 golos marcados e apenas 22 sofridos, e assinaria a dobradinha com um atropelo ao PSV (5-0).

    3.

    Norwich City FCUm clube que termina em 18.º na última edição do campeonato inglês terá legitimidade de lutar por algo que valha a pena? Se colocassem esta pergunta a algum adepto do Norwich no Verão de 1992, que resposta ouviríamos?

    A menos optimista possível, naturalmente. Seria rematada até a reboque de impropérios. Mike Walker, o galês que tratava das reservas do Norwich desde 1987 e sem grande experiência como treinador, talvez nem conseguisse argumentar contra aquelas previsões. Mas foi ele o grande responsável por um dos mais épicos desempenhos duma equipa secundária na Premier: de 18.º em 1991-92 para terceiro lugar em 1992-93, com liderança até Março e luta titânica pelo título contra Alex Ferguson; isto conseguido com um score desfavorável de golos e a terceira pior defesa do campeonato – 61 marcados, 65 sofridos!

    Melhor campanha de sempre e a oportunidade de jogar a Taça UEFA, que daria oportunidade de fazer uma gracinha inocente: depois de eliminar o Vitesse, ir a Munique dar 1-2 ao Bayern e receber o gigante alemão no acolhedor Carrow Road para os eliminar com um empate a um. A vitória na Alemanha foi a única duma equipa inglesa no velhinho Olímpico; e teríamos que esperar até 2012 para ver o Chelsea a vencer o Bayern em sua casa – ainda que numa final, por isso oficialmente terreno neutro – e uns meses depois o Arsenal, que vencia 0-2 na Allianz depois de levar 1-3 na primeira mão. 

    O equipamento alternativo para 2023-24 aproveitou as mangas do alternativo dessa altura e alargou o padrão eléctrico a todo o equipamento – das mangas punk a toda uma camisa que chama naturalmente à atenção e cai bem no gosto moderno.

    Uma pena que o Norwich quase nunca seja obrigado a largar o seu tradicional amarelo canário, já que só o Watford partilha os mesmo tons de equipamentos no Championship.

    4.

    Vitória FCQuatro homenagens a um povo lutador desde que se conhece e que tenta transpôr para o relvado do Bonfim a mesma resiliência com que levam o dia-a-dia: não foi por falta de apoio que o Vitória se foi escabrunhando até às agruras do Campeonato de Portugal, num trajecto descendente quando sempre se pensou ser de regresso imediato às Ligas profissionais.

    Um histórico que se mantém satisfeito com a sua querida Lacatoni, a marca portuguesa que cria os equipamentos dos Setubalenses desde a primeira década do novo milénio.

    5.

    SCU Torreense – A União Torreense já nos habituou a grandes vestimentas enquanto parceira da Kappa, uma das marcas mais arrojadas do mercado e que entra devagarinho no futebol português pela mão dum histórico, como fornecedora do Orgulho do Oeste.

    Mais uma temporada, mais três equipamentos de muita classe – mas o destaque vai inteirinho para o terceiro, que serve de homenagem ao melhor Carnaval do País, que em 2023 cumpre 100 anos do início da tradição do Rei do Carnaval de Torres Vedras: o rosa-choque futurista segue as tendências europeias (como Milan, City ou Bayern, que também apostam nesse tom para os alternativos) e enfatiza a saudável rebaldaria dos grandes convívios, do cortejo real aos bailaricos de máscaras que espalham cores berrantes pela cidade.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.