A história escreve-se a 5 estádios

    De Espanha à Argentina, passando por Inglaterra e Brasil. Estes são cinco dos mais emblemáticos estádios de futebol do mundo.

    A bola na rede, o cheiro da relva, a estrutura imponente, a azáfama na procura da cadeira, o grito apaixonado pelo golo, ou a tristeza pela derrota, são alguns dos sentimentos mais especiais para qualquer adepto de futebol. É difícil descrever o fervilhar de emoções que um verdadeiro adepto sente quando entra dentro de um estádio. Só quem já experienciou essa sensação sabe como é. 

    Hoje fazemos aqui uma homenagem a alguns dos mais emblemáticos estádios de futebol. Espalhados por dois continentes, Europa e América do Sul,  onde inicialmente e com maior força se impôs o desporto rei, estas são algumas das autênticas catedrais do futebol.

    Os cinco escolhidos são o Estádio Santiago Bernabéu (Real Madrid), Camp Nou (Barcelona), o Estádio de Wembley (Inglaterra), o Estádio Maracanã (Flamengo) e o Estádio La Bombonera (Boca Juniors).

    Viajamos para Espanha, para a capital do país, mais concretamente para o Santiago Bernabéu, que serve de casa ao Real Madrid, clube com mais conquistas da UEFA Champions League. Inaugurado em 1947, e tendo sofrido já remodelações uma série de vezes (1955, 1982, 1990, 2022), o estádio dos “merengues” foi inicialmente apelidado de Estádio Chamartín, e tinha uma lotação de 75000 pessoas. 

    Este estádio foi sofrendo obras ao longo dos anos, tendo chegado a atingir os 125 mil lugares para espectadores. Este número foi reduzido em 1982, para albergar a Final do Mundial desse ano. Já recebeu quatro finais de Champions League (1957, 1969, 1980 e 2010), quatro jogos do Mundial de 1982, dois jogos do Europeu de 1964, incluindo a final e a final da Copa Libertadores em 2018. Este é considerado, para muitos, o mais emblemático estádio de toda a Europa, devido também, obviamente, ao facto de ser a casa do Real Madrid. Apesar de ser difícil precisar, é certo que desde a sua inauguração, em 1947, ali já se jogaram mais de 3000 jogos de futebol. 

    Em 2019, começou a ser renovado, mas as obras foram interrompidas com a pandemia. Já em 2022, as obras recomeçaram com um custo aproximado dos novecentos milhões de euros. 

    Ainda por terras de “nuestros hermanos”,  viajamos agora para a Catalunha, para descobrir a história e o pouco que resta de Camp Nou, o antigo estádio do FC Barcelona. Demolido em 2022, o estádio dos “culés” era o maior estádio de toda a Europa, contando com mais de 100 mil lugares. Inaugurado em 1957, sofreu obras de melhoria em 1982 e foi ampliado para 150 mil lugares. Em 1998 regrediu para os 105 mil lugares atuais. Uma das características deste estádio era a sua arquitetura bastante diferente da que estamos habituados nos estádios. Muitas vezes se dizia que o estádio era mais vertical que horizontal, ou seja “para cima”. 

    Tal como o Estádio Santiago Bernabéu, Camp Nou viu jogar os melhores jogadores de sempre no seu relvado. Johan Cruyff, Lionel Messi, Ronaldo Nazário, Ronaldinho, Xavi, Iniesta, entre muitos outros, deixaram no ar o seu perfume durante muitos anos, vestindo a camisola “blaugrana”. 

    Com museu, loja oficial do clube e restaurantes, o estádio catalão já presenciou espetáculos não só de futebol, mas também… de missa. É verdade, em 2009, Camp Nou chegou a ser utilizado pelo Papa Bento XVI para realizar uma missa para mais de 60 mil pessoas. Também espetáculos de artistas e até golfe foram praticados nesta catedral do futebol. 

    Camp Nou encontra-se agora em processo de demolição, para dar lugar a um renovado estádio. Camp Nou foi um símbolo de Barcelona. Não só do clube, mas também da cidade, e de toda a cultura que representa os cidadãos. 

    Camp Nou estádio do Barcelona
    Fonte: FC Barcelona

    Façam as malas, vistam algo quente, e venham connosco para Inglaterra, onde iremos visitar o mítico Estádio de Wembley, ou para ser mais rigoroso o “Novo Wembley”. Isto porque o antigo Estádio de Wembley, que havia sido construído em 1922, foi remodelado em 2003.  Este estádio é administrado pela Football Association (ou seja, a Federação de Futebol Inglesa), Wembley é a casa da Seleção Inglesa, recebendo também a final da FA Cup (a Taça de Inglaterra). “A casa do futebol” como é conhecida, conta com 90 mil lugares (2618 lugares para deficientes físicos) e é o maior estádio da Europa, agora que Camp Nou foi demolido. 

    Com pouco mais de vinte anos de histórias para contar, “New Wembley” já recebeu duas finais da Champions League (2011 e 2013) e prepara-se para receber a final da competição este ano novamente. Foi também em Wembley que grande parte dos jogos de futebol dos Jogos Olímpicos de 2012 se realizaram. 

    Wembley é também o estádio com o maior número de casas de banho no mundo, com mais de 2500 em todo o estádio. Foram utilizados mais de 56 quilómetros de cabos elétricos na sua construção e, em Junho de 2017, a cantora inglesa Adele quebrou o recorde de lotação do estádio com 98 mil pessoas a assistir ao seu concerto. A remodelação de Wembley foi de tal ordem, que a UEFA considerou Wembley como um “estádio 4 estrelas”, o mais alto nível no regulamento de infraestruturas dos estádios da UEFA.  

    Vamos agora de hemisfério, em busca de algo mais quente.  Guardem os casacos, vistam uma t-shirt e uns calções e vamos conhecer a América do Sul. Chegamos ao Rio de Janeiro, para conhecer o imponente Estádio Maracanã (Estádio Jornalista Mário Filho, oficialmente). Este é o estádio mais importante de toda a América do Sul e quiçá, do mundo inteiro.

    Construído em 1948, o Estádio Municipal, como foi inicialmente conhecido, chegou a ter presentes cerca de duzentos mil espectadores, naquele que foi o seu público recorde, no conhecido “Maracanazo”, quando o Brasil, organizador do Mundial de 1950, recebeu o Uruguai na final da competição, perdendo em casa por 1-2. 

    O mítico estádio brasileiro viu o milésimo golo de Pelé, o Mundial de 1950, o Mundial de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, diversas Copas Américas e Copas Libertadores. Ao todo, desde a sua inauguração, o Maracanã  foi palco de quatro mil jogos. Se tem um ídolo do futebol brasileiro, podemos ter a certeza absoluta de que ele já pisou o relvado do Estádio Maracanã. 

    Este estádio, que é a casa do Flamengo, conta agora com cerca de 80 mil lugares, depois de diversas remodelações feitas com o objetivo de melhorar as condições de segurança dos espetadores. 

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    Fonte: Maracana

    Para a nossa última paragem, fazemos uma viagem de cerca de 2700 quilómetros, para Buenos Aires, na Argentina, o país das pampas. Vamos então visitar o Estádio La Bombonera (Estádio Alberto José Armando, oficialmente), casa do Boca Juniors. 

    Neste lote de cinco estádios que selecionámos, este é mais sui generis. A sua construção terminou em 1938 e conta “apenas” com 54 mil lugares, o que se ficou a dever a um facto bastante curioso aquando da sua construção. Devido ao pouco terreno que lhe foi atribuído (o estádio apresentava as medidas mínimas da FIFA para um campo de futebol profissional), o arquiteto José Luiz Delpini teve de inovar. Para isso criou um estádio num formato retangular, semelhante a uma caixa de bombons (daí o nome “Bombonera”), e com três anéis de bancadas, para que fosse possível albergar o máximo de espectadores. 

    Considerado Monumento Histórico Nacional da Argentina, foi no Estádio La Bombonera que o Boca Juniors levantou duas Copa Libertadores (2000 e 2001). 

    No entanto, o que torna este estádio tão diferente dos demais é a sua atmosfera. Os adeptos do Boca Juniors e, em especial. A claque do clube, denominada “La Doce”, tornam este o estádio mais complicado de visitar em todo o mundo. Devido à sua construção, o som viaja de uma maneira ensurdecedora dentro desta pequena caixa de bombons. A palavra usada pelas equipas que visitam o estádio é “ameaçador”. 

    No YouTube podem ser vistos alguns vídeos do ambiente que se faz sentir no estádio durante os jogos do Boca Juniors, assemelhando-se, por vezes, a pequenos tremores de terra. 

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