5 surpresas da primeira metade da temporada na Europa

    A temporada futebolística vai a meio no velho continente e, como em todos os anos, o seu primeiro balanço é recheado de surpresas e desilusões. Felizmente, não faltam casos de clubes denominados como ‘pequenos’ a agigantarem-se perante os ‘tubarões’ da Europa do futebol. Episódios como os de Montpellier HSC em 2012 e Leicester City FC em 2016, não deixam ninguém indiferente e espelham na perfeição o mais apaixonante de todos os desportos: o futebol.

    Percorrendo os principais campeonatos europeus, estas são as cinco maiores surpresas da primeira metade da época. E isto como no futebol é tudo muito volátil, será interessante voltar a este artigo no final da época e ver que destino tiveram os clubes aqui destacados.

    5.

    PSV Eindhoven – 17 vitórias em 17 jogos, 59 golos marcados, sete sofridos e uma vantagem de 12 pontos para o segundo classificado, o Feyenoord Rotterdam. São estes os impressionantes números da equipa orientada por Peter Bosz. Em toda a temporada, só por uma vez os adeptos do PSV sentiram o sabor da derrota. Foi em Londres, contra o Arsenal FC (4-0), num jogo a contar para a Liga dos Campeões.

    Apesar disso, os comandados de Peter Bosz conseguiram o apuramento para os oitavos-de-final da competição, onde vão medir forças com o Borussia Dortmund. Com a última vitória – 3×1 em casa perante o Excelsior Rotterdam – o emblema neerlandês igualou o próprio recorde de mais jogos consecutivos a vencer no arranque do campeonato dos Países Baixos. O recorde perdurava desde a temporada 1987/88, época em que sob o comando de Guus Hiddink os camponeses conquistaram a Taça dos Campeões da Europa, batendo o SL Benfica na final, para além do campeonato.

    Aliás, o recorde europeu de mais vitórias consecutivas no arranque de um campeonato pertence mesmo às águias, que em 1972/73, com Eusébio no plantel, venceram os primeiros 22 jogos da Liga Portuguesa.

    Numa equipa com qualidade em todos os setores, é impossível não destacar nomes como: Sergiño Dest – a voltar à boa forma que o levou a assinar pelo FC Barcelona -, Joey Veerman – rei das assistências na Liga Neerlandesa -, Guus Til – muito forte a aparecer na área a partir de trás -, Johan Bakayoko – extremo belga com grandes semelhanças a Madueke – e Luuk de Jong, que parece ter nascido para vestir a camisola do PSV e marcar golos no principal escalão do futebol neerlandês.

    É expectável que o emblema de Eindhoven venha a conquistar o campeonato pela 25.ª vez, mas será interessante perceber se ficam por isso ou se há capacidade para ir mais além – recordar que o AFC Ajax “parou” o futebol na Europa em 2019.

    4.

    Stade Brestois 29 – Num campeonato (quase) sempre dominado pelo PSG e, por vezes, sem grandes motivos de interesse, tem sido o Brest a grande sensação desta temporada.

    A época passada não foi fácil para a equipa da região da Bretanha, que apesar de ter garantido a manutenção, foi obrigada a mudar de treinador por duas ocasiões. Mas, tal como referi acima, utilizando ‘volátil’ como adjetivo para descrever o futebol, são comuns os casos de equipas que mudam do dia para a noite. Neste caso, o Stade Brestois 29 mudou drasticamente de um ano para o outro.

    Nesta temporada, em 18 jogos, La Team Pirate tem 34 pontos, fruto de 10 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, e está apenas a 10 pontos de igualar os 44 alcançados na edição anterior da Liga Francesa. Kenny Lala, Romain Del Castillo e Pierre Lees-Melou são alguns dos destaques deste Brest versão 2023/2024.

    Mathias Pereira-Lage, extremo nascido em França, mas internacional sub-21 por Portugal, faz parte do plantel e apesar de não ser considerado como um dos ‘titulares’ leva já dois golos em 15 jogos.

    Fundado em 1950 – resultado de uma fusão entre cinco clubes – o Brest não vai seguramente repetir o feito de há 12 anos protagonizado pelo Montpellier, mas há margem para ficar entre os seis primeiros classificados e, desse modo, garantir a primeira presença de sempre nas competições da Europa.

     

    3.

    O Aston Villa FC tem encantado a Europa
    Fonte: Aston Villa FC

    Aston Villa FC – Por falar em Montpellier e em feitos absolutamente inacreditáveis no futebol europeu, como não recordar a edição de 2015/2016 da Premier League? Quando um super-Leicester, orientado por Claudio Ranieri e composto por ‘desconhecidos’ como N’Golo Kanté, Riyad Mahrez e Jamie Vardy, chocou a Europa do futebol e conquistou o título de campeão da mais prestigiada Liga de futebol na Europa. Daqueles momentos que nenhum apaixonado por futebol vai alguma vez esquecer.

    Não é expectável que o Aston Villa venha a replicar a façanha (até porque há desta vez um Liverpool FC e um Manchester City FC em patamares bastante superiores), mas é necessário começarmos a “olhar com olhos de ver” para esta equipa de Unai Emery.

    A reta final da temporada passada já havia sido notável, mas foi já em 2023/2024 que o técnico espanhol montou uma máquina de jogar (bom) futebol bastante bem oleada. Os frutos estão à vista de todos: terceiro lugar da Premier League, o mesmo número de vitórias de City e Liverpool, 43 golos marcados em 21 jogos e a promessa de se bater de frente contra qualquer equipa (que o diga Pep Guardiola).

    Os Villans investiram 93 milhões de euros só em Pau Torres (33M€), Moussa Diaby (55M€) e Zaniolo (5M€), mas ainda conseguiram Lenglet por empréstimo e Tielemans a custo zero.

    A qualidade abunda no plantel à disposição de Emery, quer seja na defesa, meio-campo ou ataque, sem esquecer da baliza – muito bem defendida por Dibu Martínez -, pelo que talvez seja injusto destacar um elemento apenas. No entanto, e também porque parece-me a mim um jogador extremamente subvalorizado, não há como não realçar a primeira metade de época de John McGinn. O escocês formado no St. Mirren FC leva já sete golos e quatro assistências, mas não é por aí que se nota o impacto do médio no sistema do Aston Villa. Trabalhador incansável, dono de uma meia distância fantástica e de um elevado conhecimento táctico, McGinn é o coração da equipa da cidade de Birmingham.

    Na Europa, mais especificamente na Conference League, os Villans passaram em primeiro num grupo com os bósnios do HSK Zrinjski Mostar, o AZ Alkmaar e o KP Legia de Varsóvia, garantido assim a passagem direta aos oitavos-de-final. Na Taça de Inglaterra, o Aston Villa bateu o Middlesbrough FC e voltou dessa forma a vencer um jogo na competição de clubes mais antiga do mundo, algo que não acontecia desde a temporada 2015/2016, quando sob orientação de Rémi Garde e com nomes como Brad Guzan, Micah Richards, Joleon Lescott, Jack Grealish, Aly Cissokho e o português Tiago Ilori no plantel, venceram o Wycombe Wanderers por 2-0.

     

    2.

    Girona FC – Na temporada passada, o Girona acabou na 10.ª posição da Liga Espanhola com 49 pontos conquistados. Esta época, ao cabo de 20 jornadas, o Girona tem precisamente… 49 pontos. Embora com mais um jogo realizado que o Real Madrid CF, o clube catalão é o atual líder do escalão máximo do futebol espanhol, com mais um ponto do que os merengues.

    Pertencente ao City Football Group, o Girona não só não investiu muito como manteve a máxima confiança no mesmo treinador da época passada: Míchel. Os Albirrojos gastaram 22,5 milhões de euros em Jhon Solis (6M€), Cristián Portu (1.50M€), Artem Dovbyk (7.75M€), Ivan Martín (2M€) e Yangel Herrera (5M€), mas ainda viram chegar Daley Blind e Paulo Gazzaniga a custo zero. Por empréstimo, assinaram Eric García e Pablo Torre, do FC Barcelona, o ex-SC Braga Yan Couto, do Manchester City, e Sávio, do ES Troyes.

    Uma abordagem bastante modesta no mercado de transferências, mas que tem tido um impacto tremendo na temporada do Girona. Dovbyk é o homem-golo da equipa, Ivan Martín e Yangel Herrera, juntamente com Aleix García, são importantíssimos no meio-campo de Míchel, Gazzaniga é o dono da baliza, Yan Couto, Eric García e Blind são três dos quatro defesas do plantel com mais minutos jogados, Sávio tem sido um pesadelo para as defesas contrárias e tem feito a melhor temporada da sua ainda curta carreira. Pablo Torre tem aproveitado o empréstimo para crescer, mas vai tendo alguma irregularidade na sua utilização.

    Aconteça o que acontecer, o Girona pode dar por garantido que o trabalho de preparação para esta temporada foi muito bem feito. Parece haver uma simbiose perfeita entre a irreverência típica dos jovens e a experiência dos mais velhos, que se reflete dentro das quatro linhas. É um clube ‘pequeno’, com armas muito distantes das de Real Madrid CF, FC Barcelona, CA Atlético de Madrid e por aí fora, mas que em campo se torna rapidamente um gigante e que sonha em alcançar a Europa, no mínimo.

    Com 46 golos marcados, tem o melhor ataque da Liga Espanhola. Esta até tem sido uma temporada fértil em surpresas e desilusões no futebol espanhol. Barcelona e o Atlético de Madrid estão com muitas dificuldades para atingir um nível alto, o Sevilla FC parece que vai restringir-se à luta pela manutenção e, por outro lado, para além do surpreendente Girona, há um Athletic Club (Bilbao) na luta pelos lugares de Champions e um Valência CF, recheado de juventude, a realizar um campeonato bastante tranquilo.

     

    1.

    O Leverkusen tem se assumido como uma das grandes surpresas da Europa
    Fonte: Bayer 04 Leverkusen

    Bayer 04 Leverkusen – Não deixa de ser irónico que num artigo que aborda as principais surpresas desta primeira metade da temporada no futebol da Europa, o TOP 1 seja tudo menos uma surpresa.

    O mérito é todo de Xabi Alonso e do seu Bayer Leverkusen. Com 45 pontos em 17 jogos (mais um do que o FC Bayern de Munique), fruto de 14 vitórias e três empates, o clube da Renânia do Norte-Vestfália é o atual líder da Bundesliga. Futebol ofensivo, vistoso e com intérpretes de classe mundial, o Leverkusen vestiu a capa do gigante de Munique e tem sido a grande atração do futebol alemão. Aliás, há quem diga que na Europa não há, neste momento, uma equipa tão agradável de se ver jogar como esta formação de Xabi Alonso e a verdade é que o difícil é não concordar. No total, os números da época do Bayer Leverkusen são espetaculares: 26 jogos, 0 derrotas e 82 golos marcados.

    A ida ao mercado foi cirúrgica, mas dispendiosa. Os alemães perderam Moussa Diaby, Demirbay e Mitchell Bakker, arrecadando cerca de 69 milhões de euros, mas foram ao mercado gastar cerca de outros 91 milhões. Nathan Tella (23.3M€), Matej Kóvar (5M€), Victor Boniface (20.5M€), Granit Xhaka (25M€), Jonas Hofmann (10M€), Arthur Augusto (7M€), Josip Stanisic (empréstimo) e Alejandro Grimaldo (custo zero) foram os reforços do Bayer.

    Xhaka, Boniface e Grimaldo revelaram-se reforços na verdadeira ascensão da palavra e muito têm contribuído para o atual momento da formação de Leverkusen – só entre estes três são 25 golos e 18 assistências. Contudo, as más notícias bateram à porta de Xabi Alonso que já sabe que não poderá contar o avançado nigeriano nos próximos três meses, devido a uma lesão contraída durante um treino de preparação para a CAN. Para além de desfalcar os Werkself, Boniface é baixa para José Peseiro, selecionador da Nigéria nesta Taça das Nações Africanas.

    Revelador da boa profundidade do plantel à disposição de Xabi é que há Adam Hlozek, jovem checo bastante promissor, e Patrik Schick, outro checo, mais velho, mas com igualmente muita qualidade, para preencher a posição ‘9’. O handicap está no facto de ambos serem bastante diferentes de Boniface, algo que pode fazer com que o Bayer decida ir ao mercado de inverno encontrar uma outra solução.

    Não podia falar neste belíssimo e apaixonante Bayer Leverkusen sem destacar Florian Wirtz. Médio-ofensivo de 20 anos, com o número 10 nas costas e as meias pelas canelas, é um tratado de saber jogar bem futebol. Há quem corra no relvado e depois há quem, como Wirtz, flutue.

     

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