A decisão de Jota: uma escolha sem tribunal

    Jota transferiu-se para o Al-Ittihad Jeddah por 30 milhões de euros, num negócio que vincou o objetivo da Liga saudita

    Foi preciso Cristiano Ronaldo transferir-se para a Arábia Saudita, para o Al-Nassr FC, de forma a desmistificar-se a fraca qualidade da Liga que oferece milhões. Ou então, isso apenas foi tapado pela enorme cortina que é a influência do capitão da Seleção Nacional. Jogadores em final de carreira escolherem um último contrato milionário começou a ser um hábito para os grandes nomes do mundo do futebol. Agora, com imenso potencial e apenas 24 anos de idade, a escolha de Jota é no mínimo curiosa.

    O extremo formado no SL Benfica, um ‘Made in Seixal’, destacou-se na Liga da Escócia, ao serviço do Celtic FC. Foi na Premier League Escocesa que, o português transformou-se em tudo o que não foi em Portugal. Conquistou uma relação com os fãs, ‘exigiu’ titularidade e, mais importante que tudo, chegou, viu e venceu (cinco troféus, em dois anos). Logo, a entrar nos melhores anos da carreira, teoricamente, uma ida para o Al-Ittihad Jeddah não encaixa.

    Esta transferência assemelha-se à de Oscar, (sim, aquele brasileiro que era apontado como o futuro número 10 da canarinha) quando o médio-ofensivo trocou o Chelsea FC pelo Shanghai SIPG. O que fez depois disso? Foi campeão chinês e venceu a Supertaça, mas fica nas sombras a ideia de que poderia ter dado muito mais ao mundo do desporto rei.

    Tem de existir uma razão para a decisão de Jota. Obviamente, ela veste de verde. Um futebolista, como qualquer outro profissional, deseja ser remunerado o melhor possível pelos seus serviços, segurando o seu futuro e o da sua família. Apesar do futebol não ser lógico, é impossível negar valores astronómicos, que revolucionam completamente a vida de quem os recebe.

    Kalidou Koulibaly, defesa central senegalês, que vestiu principalmente as camisolas do SSC Nápoles e do Chelsea, justificou a sua ida para o Campeonato Saudita de Futebol: “Não o posso negar. Vou poder ajudar toda a minha família a viver bem, desde os meus pais aos meus primos, e apoiar as atividades da minha associação ‘Capitaine du Coeur’, no Senegal. Começámos a construir uma clínica na aldeia dos meus pais e Tenho muitos projetos para ajudar os jovens”.

    Olhando à decisão de Jota, relativamente às afirmações de Koulibaly, é impossível crucificar o jovem português, imensos no seu lugar fariam a mesma escolha.

    O contrato assinado pelos sauditas com o extremo é válido até 2026, data em que o jogador terá 27 anos, prestes a entrar no seu auge e com bastante tempo para fazer um regresso triunfante à Europa, que dificilmente deixará de ter espaço para si. O jogador possui qualidades que são desejadas em bastantes equipas, sendo bastante veloz, excelente no drible curto e possuidor de uma imprevisibilidade capaz de destrancar jogos complicados. Esta temporada, em 43 jogos, Jota participou em 27 golos (15 tentos e 12 assistências).

    Ainda assim, a competitividade da competição é muito inferior ao nível médio que o Velho Continente apresenta, possibilitando ao extremo brilhar. Sendo um jogador de 24 anos, Jota pode crescer e tornar-se uma das grandes figuras da Arábia Saudita, num Campeonato onde a maioria das compras são feitas com base no nome e não no rendimento a curto, médio ou longo prazo. Ainda assim, não são todos que podem gabar-se de partilhar o balneário com Karim Benzema e N’Golo Kanté, muitos menos enquanto treinados por Nuno Espírito Santo.

    Artigo da autoria de Emanuel Ricardo, redator do Bola na Rede

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