Argentina: O ano terminou em beleza para a albiceleste que venceu a França na final e conquistou o Mundial 2022. Foi um torneio de extremos para a equipa de Scaloni que começou muito mal – quebrando uma longa série invicta contra a modesta Arábia Saudita – e acabou muito bem, com os resultados a espelharem a subida de rendimento dentro de campo. As ruas encheram-se em Buenos Aires e um pouco por toda a Argentina para celebrar o feito de Messi e companhia.
Benzema: Se a temporada 2021/2022 se tivesse de resumir em um nome seria o do francês. Foi o melhor marcador da La Liga e foi o melhor marcador da Liga dos Campeões, igualando o recorde de melhor marcador em jogos na fase a eliminar (10). Foi decisivo para a caminhada de sonho e de reviravoltas do Real Madrid e, após anos na sombra de outros, viu a recompensa – e a devida valorização – chegarem.
Casa Pia: Olhando para dentro não há nenhum projeto tão entusiasmante como o do Casa Pia. Filipe Martins – chegou a estar afastado dos bancos no início do ano por questões de saúde – levou o clube de volta à primeira divisão e a primeira metade da época tem sido bastante positiva. 83 anos depois o Casa Pia é top-5 e tem demonstrado que é capaz de praticar um bom futebol, valorizando os bons jogadores – Leonardo Lelo, Afonso Taira e Godwin são exemplo. Há expectativas para a restante temporada que pode ter outros nomes em destaque, como Baró ou Kunimoto.
Dorival & Diniz: O futebol brasileiro é um destino cada vez mais frequente para treinadores portugueses e, à data, sete clubes na primeira divisão têm no comando técnico um português. As conquistas de Jorge Jesus e de pelo de Abel Ferreira têm levado cada vez mais clubes a olhar para o passaporte como uma garantia de sucesso e, como se as ideias e estilos de jogo tivessem nacionalidade. É assim importante relevar os trabalhos de Dorival Jr – levou o Flamengo à conquista da Libertadores e da Copa do Brasil – e de Fernando Diniz – tornou o Fluminense candidato ao título – que, apesar das diferenças, têm um denominador comum: dão liberdade aos mais criativos para jogar sem grandes amarras posicionais, dando asas para o talento voar. Mostran uão importante é não adotar perspetivas demasiado paternalistas sobre a ausência de qualidade nos bancos fora da Europa.
Endrick: O 2022 de Endrick foi a todo o vapor. Com 15 anos venceu a Copinha com o Palmeiras, sendo eleito o melhor jogador de um torneio sub-20. Já com 16 anos estreou-se pelo Verdão – o dia 6 de outubro trouxe Endrick às luzes da ribalta na estreia profissional – e já assinou com o Real Madrid, clube que integrará apenas em julho de 2024 quando fizer 18 anos. Florentino Pérez depois de Neymar não perdeu mais nenhum talento brasileiro (Vinícius, Rodrygo e Reinier), mas o negócio de Endrick tem outras proporções. Há muito potencial – técnico e físico – e podemos estar a falar de um talento geracional, mas por agora, é preciso manter a cabeça bem assente no chão e deixar Endrick divertir-se. Afinal, continua a ser um menino com 16 anos.
Frappart: A última jornada do Grupo E do Mundial foi de cinema. Com reviravoltas, golos milimétricos, substituições certeiras e quedas de favoritos – é difícil encontrar palavras para definir os segundos em que Alemanha e Espanha ficaram de fora do Mundial – a equipa de arbitragem do Costa Rica-Alemanha passou algo despercebida. Entre tanta emoção, houve também tempo para se fazer história na arbitragem feminina. Stephanie Frappart (principal), Neuza Back e Karen Diaz Medina (assistentes) foram a primeira equipa feminina a arbitrar um jogo do Mundial. Um passo importante num jogo que tem de ser para todos.
Gratidão: Se não é a palavra do ano em Portugal, andará lá perto. Em relação a Fernando Santos não é propriamente uma novidade. Para muitos portugueses, os desaires contra Uruguai, Bélgica e Marrocos deveriam continuar a ser justificados com a conquista – de que seremos eternamente agradecidos – do Europeu. Quanto a Ronaldo, os feitos no passado justificam para outros tantos o lugar cativo no onze da seleção que deverá ser reivindicado por qualquer patriota (que agora, naturalmente passará a acompanhar religiosamente a liga saudita). O passado lá ficou e as boas memórias serão sempre engrandecidas e recordadas com carinho. Mas não podem justificar tudo, porque gratidão também é saber quando sair.
Haaland: É um fenómeno. Trocou o Borussia Dortmund pelo Manchester City e não perdeu o gás. Tem 20 golos em 14 jogos na Premier League e na Liga dos Campeões leva 28 golos em toda a carreira (22 jogos). Os números não mentem: estamos perante uma máquina de marcar golos. 2022 foi o ano de afirmação em definitivo do norueguês que, a este ritmo, continuará a bater recordes de golos marcados. Guardiola tem um novo brinquedo – muito mais mortífero que qualquer outro – no ataque à Champions.
It’s Coming Home: É, quiçá, a mais conhecida frase de apoio a uma seleção no mundo de futebol. Ainda a cerimónia de abertura está a ser pensada e os ingleses já fazem ecoar por ruas e bares o regresso do futebol a casa. A verdade é que este ano o futebol regressou mesmo a Inglaterra. Aliás, nem precisou sequer de sair. O Euro Feminino coroou a seleção inglesa e foi o evento mais importante do ano no que à valorização das mulheres no futebol diz respeito. 87 192 pessoas assistiram à final em Wembley – o recorde numa final do Europeu, seja feminino ou masculino – e viram de perto a magia de craques como Lucy Bronze, Beth Mead ou Chloe Kelly.