O treinador português José Mourinho, esta época a treinar na Turquia o Fenerbahçe, mais uma vez não conseguiu o grande objetivo proposto para a temporada, ficando apenas com o 2.º lugar e atrás do campeão Galatasaray.
Considerado desde praticamente sempre uma figura polémica no futebol português e depois no futebol europeu, sempre foi conhecido pelos seus mind games nas conferências de imprensa pré-jogo.
A carreira de Mourinho, depois de várias épocas como adjunto no Sporting e no Porto (ambos com Bobby Robson como treinador principal) surge como aposta do então presidente Vale e Azevedo para ser o treinador principal do Benfica na época 2000/2001. Na Luz fica apenas 11 jogos devido a uma primeira polémica com a alegada ida para o Sporting a meio dessa época, rejeitada liminarmente pelos adeptos leoninos depois de declarações desfavoráveis dele sobre os leões, o que acabou por levar à sua saída dos encarnados.
Depois de ter iniciado a época seguinte em Leiria, onde faz um excelente primeira fase de campeonato, surge a primeira grande aposta da carreira de Mourinho depois de um convite irrecusável de Pinto da Costa e onde surgem os primeiros sucessos da carreira.
Após uma primeira meia época em que acaba em 3.º lugar, as duas temporadas seguintes foram de tremendo sucesso. A nível interno, e com a exceção da Taça de Portugal, na segunda época perdida para o Benfica, ganhou tudo o que havia para ganhar. A isto juntou ainda no final da primeira época a conquista da Taça UEFA e na segunda a tão ansiada conquista da Liga dos Campeões.
O futebol atrativo e ofensivo de Mourinho entusiasmava os adeptos e desde cedo despertou a cobiça dos tubarões europeus. Mourinho representava uma lufada de ar fresco no futebol a nível tático e não foi com grande surpresa que os ingleses do Chelsea o vieram buscar para iniciar a época 2004/2005 em Londres.
Logo na conferência de imprensa de apresentação aos adeptos a causa sensação ao auto apelidar-se de Special One (o Especial) o que causou ainda mais expetativa nos adeptos.
O que é certo e que essa expetativa confirmou-se, tendo Mourinho sido campeão na primeira época e ainda outra vez nas três temporadas e meia em que este esteve ao serviço do Chelsea na sua primeira passagem pelos londrinos.
Depois de um início de época negativa de 2007/2008 acaba por sair para o difícil campeonato italiano onde faz basicamente o que fez no FC Porto. Foi campeão nacional e conseguiu a sua segunda Liga dos Campeões, numa final frente ao Bayern. Mas a caminhada na Champions ficou marcada por uma meia-final diante do Barcelona de Guardiola, que começava a fazer história no clube catalão, onde os italianos defenderam à italiana e agarraram com unhas e dentes o lugar na final.
Após duas épocas em Itália, onde já tinha ganho tudo, o próximo desafio do técnico sadino foi talvez o maior da sua carreira treinar o mais titulado clube europeu, o Real Madrid.
Durante três épocas protagonizou com o quase invencível Barcelona de Guardiola, que nesse período venceu duas Ligas dos Campeões, uma das maiores lutas do futebol na Europa. Ficaram memoráveis os clássicos “quentinhos” e que muitas vezes passavam os limites da razoabilidade. No entanto, ainda conseguiu vencer uma Liga Espanhola, terminando com 100 pontos.
Após alegados desentendimentos com jogadores com estatuto no Real Madrid, acabou por sair da capital espanhola pela porta pequena e decidiu regressar a uma casa onde no passado já tinha sido feliz, o Chelsea. O dono Roman Abramovich decidiu novamente chamá-lo para tentar conquistar no Chelsea o que tinha conseguido no FC Porto e no Inter: a conquista da Liga dos Campeões.
Objetivo mais uma vez não conseguido por Mourinho que, apesar de tudo, deixou em Stamford Bridge o terceiro título da Premier League, num percurso de duas épocas e meia no clube.

A próxima paragem de Mourinho estava em Inglaterra, mas noutra cidade, Manchester para representar o United, um dos grandes sonhos do treinador. Isto porque ser um sucessor de Sir Alex Ferguson sempre foi um objetivo do técnico português.
No entanto, a carreira de Mourinho nos Red Devils não correu como todos esperavam numa equipa já com muitos problemas, tendo, contudo, conseguido conquistar uma Liga Europa pelo Manchester United.
Estávamos em 2019 e o futebol tinha mudado. Com a chegada de treinadores jovens como Klopp ou Nagelsmann, o fenómeno futebol tinha adquirido outras valências e competências táticas a que na minha opinião, Mourinho não se conseguiu adaptar tendo como que ficado parado no tempo num futebol que outrora deslumbrara era agora não mais que aborrecido.
Depois de mais duas experiências falhadas no Tottenham e na Roma e com as portas dos principais clubes europeus fechadas por treinadores mais jovens, Mourinho decidiu arriscar e foi para a Turquia, como ele próprio disse, para “ter a oportunidade de voltar a disputar o campeonato.”

A verdade e que mais uma vez a Liga não chegou tendo sido batido pelo Galatasaray não deixando de se envolver em polémicas muito ao estilo do treinador português no campeonato turco.
Apesar das más experiências recentes, não podemos ser injustos e temos de admitir que José Mourinho foi um treinador que marcou uma era com o seu futebol que encantou multidões.
Atualmente, Mourinho já não convence e precisa de se reinventar. Se não o souber ou não quiser fazer, apesar de já estar na história, não passará de mais um treinador que teve sucesso num determinado período de tempo, mas que não será lembrado no futuro como um dos grandes.