ITÁLIA: UMA QUESTÃO DE TEMPO
Com 19 – não é erro de digitação – pontos de vantagem é já claro que as ruas de Nápoles celebrarão. Mais de 30 anos depois, os adeptos fervorosos da cidade do Sul – rivalidade a todos os níveis com o Norte – vão finalmente soltar o grito entalado na garganta desde 1990, para alegria e júbilo de Maradona que, no altar dos deuses, está certamente a sorrir com a campanha do Nápoles.
Spalletti rejuvenescido trouxe as bases relacionais do futebol das interações a um Nápoles que se via sem alguns dos ídolos recentes – Koulibaly, Insigne ou Mertens. Com um mercado cirúrgico, apostando em mercados e jogadores alternativos e com a proposta de Spalletti perfeitamente adequada à equipa, o Nápoles voou. Osimhen e Kvaratskhelia são a dupla sensação da temporada e os representantes máximos do Nápoles que voltará ao topo.
Em Itália, mais do que no título, a principal luta está no acesso à Liga dos Campeões do próximo ano. Lazio, Inter e Milan partem à frente, mas Roma, Atalanta e Juventus – a quem foram subtraídos 15 pontos – têm condições para sonhar realisticamente. Com vários confrontos entre si, todas as jornadas apresentarão mudanças na tabela. Há uma competitividade muito grande na Liga Italiana fruto do trabalho tático extensível a vários clubes na última década que finalmente tem recolhido os frutos.
Itália é hoje lugar de vanguarda no que ao plano tático diz respeito. As marcações predominantemente individuais e muitas vezes no campo todo obrigaram muitos treinadores a arranjar novas maneiras de as superar, saindo curto e procurando superá-las. Spalletti, De Zerbi, Italiano, Inzaghi, Sarri, entre outros foram e são nomes de luxo que refletem a qualidade do futebol em solo transalpino que já há muito abandonou os vários rótulos associados ao futebol extremamente defensivo. Não é obra do acaso termos três equipas italianas nos quartos da Champions.