Mundial 2030 | Sedes proporcionais ou divisão injusta?

    O Mundial de Futebol da FIFA em 2030 terá seis países organizadores, divididos por três continentes: Espanha, Portugal, Marrocos, Argentina, Uruguai e Paraguai.

    Ficou-se a conhecer durante esta semana a localização do Mundial de 2030, uma prova que irá ocorrer em três continentes diferentes, em seis países distintos, algo que nunca se tinha verificado na história do desporto rei. Como máximo, assistimos a um Mundial em dois países diferentes (2002- Coreia do Sul e Japão) e sabemos que em 2026 será organizado por três nações (Estados Unidos da América, México e Canadá), num formato algo distinto ao que consideramos “normal”.

    Ora para 2030, a FIFA apresentou um menu mais recheado de países, numa medida que pareceu ser realizada para “agradar a todos”. O contexto europeu (e africano) (Espanha, Portugal e Marrocos) consegue organizar a maioria dos jogos da grande competição internacional de seleções. Pelo lado da América do Sul (Argentina, Uruguai e Paraguai), terá três partidas que irão servir de inauguração, de modo a celebrar o centenário do primeiro Campeonato do Mundo.

    Espanha, Portugal e Marrocos ficarão encarregues de receber praticamente todas as partidas, numa competição que se irá dividir de uma forma bastante desproporcional. Isto deve-se à capacidade dos estádios de cada nação. A organização máxima do futebol mundial exige que todos os palcos tenham, no mínimo, 40 mil espetadores, o que deixa Portugal com somente três opções, que deverão ser confirmadas em breve como estádios sede: Estádio da Luz, Estádio do Dragão e Estádio José de Alvalade.

    No entanto, já sabemos que teremos poucas hipóteses de receber muitos duelos relativos a rondas mais adiantadas da competição, já que a exigência em relação ao número de espetadores aumenta: meia final, com 60 mil lugares e final, com 80 mil. O Estádio da Luz pode albergar 65 mil pessoas, mas com três países a organizar uma só competição, é complicado imaginarmos algo mais do que os quartos de final (um ou dois jogos) no nosso solo.

    Além disso, Espanha tem muito mais propostas de sedes. A FIFA quer ter um valor total entre os 14 e os 16 estádios. Marrocos apresentou seis nomes: Rabat, Casablanca, Tanger, Agadir, Marraquexe e Fez. Todos os estádios seriam alvo de uma remodelação, enquanto que o de Casablanca vai ser construído do zero, sendo desejo da Federação Marroquina de Futebol receber a final nesse novo reduto, o que poderá criar um conflito entre as federações envolvidas no projeto.

    Já a parte espanhola da candidatura, tem uma panóplia de propostas bem mais extensa, já com estádios definidos: Balaídos, El Molinón, Riazor, San Mamés, Anoeta, La Romareda, Camp Nou, Cornellà-El Prat, Santiago Bernabéu, Metropolitano, Nuevo Mestalla, Nueva Condomina, La Cartuja, La Rosaleda e Gran Canaria, bem espalhados pela Península Ibérica e incluindo o arquipélago das Ilhas Canárias. Tal como na situação marroquina, alguns destes palcos teriam de ser remodelados, sendo que alguns já estão nessa fase, como o Camp Nou, que está a sofrer algumas alterações. O Nuevo Mestalla, ainda está em fase de construção, mas promete ser um dos mais modernos da Europa igualmente.

    Num total de 15 estádios anunciados pelos ‘nuestros hermanos’, não será descabido que nove ou dez sejam eleitos, por exemplo, deixando os restantes para dividir por Portugal e Marrocos (excluindo os campos da América do Sul, em uma situação que ainda não foi esclarecida, mas que não devem fazer parte da contabilidade).

    No fundo, podemos considerar que o Mundial 2030 é organizado pela Espanha, com uma extensão para dois dos seus países vizinhos. A grande capacidade das casas dos seus clubes justifica esta situação. A legislação é cada vez mais apertada e exigente, de modo a que poucos países tenham condições de albergar um evento de tal capacidade (a vitória da Arábia Saudita em 2034 é previsível, especialmente por este ponto).

    É impossível que Portugal construa estádios novos para o Mundial 2030, isso nem deverá ter passado pela cabeça dos nossos responsáveis. Porém, é provável que os três campos escolhidos sofram algum tipo de remodelação, para ficarem mais modernos, longe de serem estádios velhos, já que foram erguidos na altura do Campeonato da Europa 2004. O investimento seria muito mais baixo do que erguer um novo Estádio Nacional.

    Apesar dessas melhorias, temos que estar cientes que não existirá qualquer esforço para aumentar a lotação dos estádios. Portugal não é o protagonista desta candidatura. Não receberá o jogo de abertura, nem o de encerramento. Possivelmente as meias-finais estão reservadas para outras cidades. Um jogo de terceiro e quarto lugar pode ser possível no Estádio da Luz, mas trata-se de uma das partidas com menor interesse, já que se tem uma final mesmo à porta.

    Realisticamente falando, o Santiago Bernabéu irá (presumivelmente) albergar a final do Mundial 2030, o que é plenamente justificado, já que Madrid é uma cidade que respira futebol e será possivelmente o melhor estádio de todo o mundo, finalizadas as obras. A metrópole de Casablanca, com um estádio novo com capacidade para mais de 90 mil pessoas, terá um lugar reservado nas meias finais. Entre o Camp Nou e a Luz, qual acham que a FIFA irá escolher para o restante duelo?

    Feliz ou infelizmente, Portugal está encarregue de fazer parte da organização do Campeonato do Mundo FIFA 2030 e isso foi muito celebrado pelos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol. Porém, há que saber de antemão que os grandes desafio irão ocorrer além fronteiras.

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