NINGUÉM QUER UM FUTEBOL “PERFEITO” PARA ESTÁDIOS VAZIOS
𝐒𝐡𝐨𝐰𝐬𝐭𝐨𝐩𝐩𝐞𝐫. pic.twitter.com/m31bXjvNzU
— Manchester United (@ManUtd) April 18, 2021
Imaginemos – apenas para efeitos de reflexão – que o objetivo de tal iniciativa não é puramente financeiro. Os maiores clubes, os melhores jogadores, juntos numa só liga. Jogos grandes todas as semanas e uma incerteza constante sobre quem seria o vencedor. A combinação parece perfeita, mas é aí que está o problema. O futebol não é perfeito. Não quer ser perfeito.
Em 2014, antes do mundial do Brasil, a Nike lançou um anúncio que ficou na memória coletiva de muitos jovens que, como eu, o viram vezes sem conta. Na animação intitulada “The Last Game”, um cientista pretende substituir os melhores jogadores do mundo por clones que não cometem erros. Os clones começam por derrotar facilmente todos os que os desafiavam. Em pouco tempo, passam a dominar o desporto, à medida que os atletas humanos desistiam. O futebol tornara-se exclusivo a clones e, portanto, perfeito.
Ao bom estilo de Hollywood, o mau da fita acaba derrotado quando os antigos futebolistas se apercebem que os jogos se tinham tornado aborrecidos, que os estádios estavam vazios e que o desporto estava a morrer. A moral da história: o futebol vive do risco, da genialidade, da surpresa. Esse cientista, cujas ambições nos parecem imediatamente nefastas e utópicas, nada mais queria do que melhorar o desporto. Em busca de uma competição sem falhas. Mas esqueceu-se que não é isso que os adeptos querem.
Tal como no anúncio, nenhum adepto quer este futebol perfeito, reservado aos “tubarões”. Mas, ao contrário do cientista, os donos dos clubes interessados em participar não vivem num mundo ideológico. O objetivo é apanhar o comboio dos biliões e aumentar as receitas dos seus clubes-empresa para valores inimagináveis. Mesmo que isso implique reduzir as probabilidades de conquistar títulos. Para quê ficar a ganhar “tostões” nas competições internas?