O FUTEBOL IMPERFEITO
#OnThisDay in 2004, Deco inspired José Mourinho’s Porto to a 3-0 win against Monaco in the #UCLfinal. pic.twitter.com/FiMugf9e5P
— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) May 26, 2016
Este ano, o Manchester City FC vai vencer o campeonato inglês com todo o mérito. Mas ninguém vai recordar a época 2020/2021 como recorda a epopeia do Leicester City FC em 2015/2016. A Juventus FC tem dominado o futebol italiano, mas ninguém dirá que a “Vecchia Signora” joga melhor do que a Atalanta BC. Qualquer adepto vai querer entrar no novo Santiago Bernabeu, mas o melhor ambiente estará num Ramon Sanchez Pizjuan a abarrotar de 40 mil sevilhanos a torcer pelo clube da sua cidade. Dou por mim a falar no Leicester, na Atalanta e no Sevilha FC como se de pequenos clubes se tratassem. Mas é essa mesma absurdidade que uma Superliga Europeia incute.
Por muito aliciante que a ideia de ver um FC Barcelona x Real Madrid CF todas as semanas possa parecer, iria perder a piada ao fim de pouco tempo. Era como jantar todos os dias a mesma coisa, ver sempre o mesmo filme ou vestir a mesma camisa todas as manhãs. O futebol é feito da surpresa, da genialidade inesperada. Dos jogadores amadores que eliminam um plantel de milhões na Taça. Do candidato à descida que está na luta pela Liga Europa.
O que seria o futebol sem o Leicester? Sem o FC Porto de 2004, o AFC Ajax de 2019, o Olympique Lyonnais de 2020, o Bayer 04 Lervekusen de 2002, o Villarreal CF de 2006, o VL Wolfsburg de 2009, o RC Deportivo La Coruna do início do século, o Notthingam Forest FC dos anos 80. A lista é infinita, porque todos anos há uma surpresa e uma desilusão, todas as semanas há um “grande” que escorrega frente a um “pequeno”. O futebol alimenta-se todos os dias de imperfeição.
Sem isto, o futebol deixa de ser futebol e passa a ser um espetáculo. Uma luta entre os mais poderosos numa Superliga que ninguém quer ver.