Racing, o campeão argentino que quase se extinguiu

    O Racing Club de Avellaneda é o novo campeão argentino. A equipa conquistou o título com três jornadas de antecedência, ao empatar com o Tigre (1-1). Esta é a 18ª conquista do Campeonato Argentino pelo clube que tem a quarta maior massa adepta do país, atrás do Boca Juniors, River Plate e Independiente. Em 24 jogos, até ao momento, a equipa tem 17 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, e possui o melhor ataque e a melhor defesa da competição, com 42 golos marcados e 15 sofridos. Os números não escondem a superioridade do Racing na competição.

    Conhecido como “La Academia”, o clube de Avellaneda saltou para a liderança ainda na quarta jornada e não saiu mais da frente. Dono dos adeptos mais fanáticos do país, o El Cilindro recebeu uma boa média de público,o que fez da Superliga um sonho para se viver. Um tempo bem diferente do que o clube viveu há 20 anos. Em 1999, o Racing estava no fundo do poço e o presidente da época, Daniel Lalín, anunciou a extinção da instituição. As dívidas – que somavam a mais de 30 milhões de dólares – fizeram com que o clube entrasse num processo de falência. Isto angustiou todos os adeptos. Um clube de Futebol não é uma empresa, pois envolve a paixão de milhões de pessoas e não é fácil um adepto ouvir que, de um dia para o outro, o clube que ama não existirá mais.

    O atacante Lisandro López, ídolo da torcida do Racing, é o melhor marcador da Superliga Argentina com 17 golos
    Fonte: Racing

    Contudo, o amor da torcida não deixou o Racing sumir. Apenas três dias após o anúncio da falência, o clube teria um jogo pelo Campeonato Argentino. Mas como, teoricamente, a instituição já não existia, esse jogo não se podia realizar. Porém, mais de 30 mil torcedores compareceram no estádio em forma de protesto. Na época, um adepto comentou com um jornal local: “A única coisa que peço é que o Racing continue a existir. Nada mais. É minha vida, a vida da minha filha, a vida da minha senhora, da minha avó. É tudo para mim. E se o Racing não existir mais, para mim vai existir para toda minha vida, porque irei morrer a ser do Racing.”

    Após essa grandiosa manifestação dos adeptos, a Câmara de Apelação revogou a determinação que extinguia o Racing. O clube fez um acordo para pagar a sua divida ao longo de um período de 10 anos. Sendo assim, estava salvo. Dois anos após a falência, La Academia sagrava-se campeã argentina.

    O grande ídolo do atual elenco é o atacante Lisandro López. López – que já atuou pelo FC Porto – foi revelado pelo próprio Racing e viveu o ápice da sua carreira no Estádio do Dragão. Na Superliga, o experiente atacante de 36 anos é o goleador máximo da competição, com 17 golos.

    Com a conquista nacional, o clube assegurou a participação na próxima edição da Taça Libertadores da América e tentará conquistar o continente pela segunda vez na História.

    Foto de capa: Racing Club de Avellaneda

     

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    César Mayrinck
    César Mayrinckhttp://www.bolanarede.pt
    Enquanto criança queria ser jogador de futebol e para o bem dos torcedores do Atlético Mineiro não foi aprovado no teste. Encontrou nas palavras a melhor maneira de se expressar sobre a sua paixão, o futebol. Amante do futebol brasileiro e do futebol alternativo, acorda facilmente às três horas da madrugada para ver um jogo do campeonato neozelandês.