Matheus Magalhães e a Seleção Nacional- Faz sentido?

    Matheus Magalhães disse recentemente à Gazzetta dello Sport que gostaria de fazer parte da Seleção Nacional de Portugal.

    Matheus Magalhães é o atual guarda-redes titular do SC Braga, clube que representa desde a temporada de 2014/15, tendo sido formado no América FC, do Brasil. O atleta é natural do país da América do Sul, mas já tem a cidadania portuguesa, o que o torna válido para ser convocado para a nossa Seleção Nacional, juntando-se a um lote de opções extenso, de onde Roberto Martínez terá sempre que eleger três.

    «Estive perto de ser convocado para as Olimpíadas do Brasil em 2020. Então, consegui a cidadania portuguesa e espero poder ser chamado brevemente. Mas o importante para mim é estar bem no clube e atingir os objetivos propostos, para poder dar alegrias aos nossos adeptos», revelou à Gazzetta dello Sport.

    Trata-se de um elemento de qualidade, dono de uma personalidade forte e com boa capacidade de jogo de pés e de estar fora da baliza, o que por vezes o leva a arriscar em demasia e a cometer erros. Ainda assim, é seguro afirmar que é um dos belos valores do nosso campeonato e que poderia dar o salto para outro nível competitivo sem grandes dificuldades. Não nos podemos esquecer que é um atleta que (se tudo correr bem) fará pelo menos seis jogos de Champions League, o que é uma montra bastante chamativa, não só na perspetiva de uma venda, como também de uma possível chamada à Seleção Portuguesa.

    Matheus Magalhães está com 31 anos de idade, atingindo o prime, já que é uma posição onde os jogadores chegam ao seu topo mais tarde e conseguem manter-se por lá muito mais tempo, ao contrário do que se verifica com defesas (excluindo os centrais), médios ou avançados, que muitas vezes a partir dos 30 começam a ser descartados, principalmente porque já não podem render a nível financeiro um encaixe que um jogador de 25 ou 26 anos pode dar.

    Foquemo-nos nas opções de Portugal para a baliza. Não é uma posição carenciada. Diogo Costa é o titular absoluto, posto que deverá manter na próxima década. Num segundo patamar existem Rui Silva, José Sá, Rui Patrício (este em claro declínio), Anthony Lopes, Bruno Varela, Cláudio Ramos ou Luís Maximiano. É junto a estes nomes que Matheus Magalhães deverá encaixar, se mantiver firme o seu desejo de jogar com as “quinas”. É um bom guardião, mas não está no nível do atual guarda-redes do FC Porto, o que não invalida uma possível convocatória no futuro, mas somente para ser a segunda ou a terceira opção, podendo ser utilizado em algum jogo particular, ou num desafio com menos relevância (isto se Diogo Costa não se lesionar ou tiver algum infortúnio).

    Estatísticas de Matheus Magalhães. Fonte: FBREF

    O problema do caso de Matheus Magalhães, no imediato, prende-se com a inflexibilidade de Roberto Martínez ao montar as suas convocatórias. O espanhol tem a sua base forte, da qual não deverá abdicar com tanta facilidade. Mesmo os atletas que não jogam são considerados importantes para o grupo de trabalho. Nas duas listas apresentadas pelo ex-selecionador da Bélgica, foram convocados os mesmos três guarda-redes: Diogo Costa, Rui Patrício e José Sá, algo que não aparenta mudar. Os três são titulares da posição em seus respetivos clubes (algo que para Martínez não parece ser importante) e não prejudicam os trabalhos da Seleção Nacional. Rui Patrício é um dos nomes mais experientes para o balneário, inclusivamente. Porém, pode ser este nome que pode dar algum espaço a Matheus Magalhães no pensamento de Roberto Martínez. Rui Patrício apresentou uma temporada de 2022/23 bastante pobre ao serviço da AS Roma e pode retirar-se da Seleção Nacional após o término do Campeonato da Europa 2024, sendo previsível que rume a uma equipa de menor envergadura, ou passe a ser suplente. Com isto irá abrir-se uma vaga na tão inflexível convocatória de Roberto Martínez, que será ocupada por um dos nomes que já foi referido anteriormente. Não me acredito que nenhum jovem consiga explodir até lá, de modo a fixar-se na posição, o que levará a que os suplentes de Diogo Costa continuem a ser nomes mais ou menos experientes, que já fazem parte da lista de observados pela equipa de olheiros da FPFP.

    Estatísticas de Rui Patrício. Fonte: FBREF

    Se Matheus continuar a brilhar e a fazer exibições convincentes, poderá convencer os membros da FPF de que pode ser uma opção válida, consciente de que receberá muitas críticas por parte de uma franja de portugueses, que outrora não recebeu bem as chegadas de Pepe ou Deco (ou Liedson, para citar um jogador com menos sucesso).

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