Anda decidir que decides bem, Roberto. Pelo menos desta vez foi o caso. O selecionador de Portugal decidiu alinhar com três centrais diante da Irlanda e decidiu bem. O plano individual, desvendou na conferência pós-jogo, era muito importante nesta última partida de preparação. E foi precisamente o plano individual que ganhou com o sistema de três centrais – com as naturais consequências coletivas.
Pepe como central do meio, ladeado de António Silva e Gonçalo Inácio, ficou menos exposto e pôde mais facilmente acompanhar os recuos dos avançados irlandeses quando estes procuravam dar apoio frontal. Os dois jovens centrais também se sentiram mais salvaguardados sem e com bola, em particular Inácio que encaixa melhor num trio de centrais do que numa dupla.
Os laterais cresceram no ataque com outra propriedade e Cancelo até apareceu muitas vezes no meio-campo, algo a que já no Manchester City se tinha habituado. Bruno Fernandes e João Neves com João Félix na sua frente também saíram beneficiados com esta abordagem tática, usufruindo do maior equilíbrio defensivo português para se soltarem nas ações ofensivas e subirem na pressão no momento defensivo.
Por fim, Rafael Leão, mais colado à linha quando Cancelo aparecia por dentro, e com mais espaço para atacar a profundidade e o 1×1 pareceu mais confortável do que em partidas anteriores e Cristiano Ronaldo, fruto do suporte tático que tinha nas costas, integrou-se melhor nas tarefas coletivas e gozou de mais oportunidades para fazer o gosto ao pé – o que conseguiu por duas vezes.
Porventura não será o sistema mais adotado por Roberto Martínez no Europeu, mas ficaram boas indicações individuais e coletivas nesta partida, sempre com a salvaguarda de que o adversário tinha, sim, as características ideais para esta experiência portuguesa, mas não tinha a qualidade necessária para colocar em teste de verdadeiro fogo a seleção lusa. Ainda assim, nota bastante positiva para a turma das quinas e para Martínez.