Iniciou-se mais uma edição do Euro sub-19, sendo esta a 21.ª e a segunda na Irlanda do Norte, a outra foi em 2005 e foi, na altura, vencida pela França. Os gauleses são a segunda mais titulada neste escalão com três títulos, só atrás da Espanha que soma oito.
A competição joga-se em duas cidades. Belfast, capital do país, e Larne, cidade costeira que fica a cerca de 35 quilómetros mais a Norte.
A primeira jornada deste Euro Sub-19 já se realizou e apresento os meus quatro principais destaques.
1.
A Itália de Simone Pafundi, Luca Di Maggio, Aaron Ciammaglichelia ou Davide Bartesaghi – A Itália é a seleção mais divertida deste Euro sub-19. Apesar da vitória por diferença de um golo frente à Noruega (2-1), a Squadra Azzurri praticou o futebol mais entusiasmante da primeira ronda de jogos deste Euro Sub-19.
O já internacional “A” Simone Pafundi, baixo centro de gravidade, tecnicamente refinado e com uma visão de jogo soberba foi a estrela da companhia ao protagonizar duas assistências e uma delas, com o calcanhar, tem muito que se lhe diga. Quem recebeu este brilharete foi Luca Di Maggio, médio com um remate de meia distância fora do comum, também finalizou ao nível do brilharete anterior.
Apenas à vista dos mais atentos esteve a exibição de Aaron Ciammaglichella. É um médio com um raio de ação brutal que pressiona, desarma e duela (11/15) de forma exímia. Não sendo um criativo, possui no seu jogo a capacidade de sair de zonas de pressão através do drible como poucos vi fazer com esta tenra idade. Melhorando a chegada ao último terço e a tomada de decisão, pode tornar-se num médio área-a-área regular na Serie A.
A versatilidade tática e corpulência de Davide Bartesaghi são vistosas e relevantes. Dotado de 193 centímetros é capaz de fechar a defesa central numa linha de 3 ou de ser um defesa lateral/ala de extrema propensão ofensiva. Neste primeiro jogo no Euro vimo-lo a fazer um pouco de ambas e a um bom nível.
2.
Pierce Charles – A exibição de Pierce Charles na baliza da Irlanda do Norte é enormíssima. Dotado de uma agilidade fora do comum e de uma capacidade de vôo soberba, o guardião do Sheffield Wednesday foi, na minha opinião, o MVP da primeira jornada do Euro Sub-19 ao realizar sete defesas.
Não é um guarda-redes propriamente alto, mede “apenas” 185 centímetros, altura não muito consagrada para a posição. Não estando a estabelecer qualquer comparação qualitativa, Iker Casillas tinha 182 centímetros, por exemplo, e por isso, isto não é um entrave.
Tem ainda um fenomenal jogo de pés como uma das suas virtudes, fazendo por isso parte da construção desde trás da sua equipa ou seleção, colocando passes longos precisos.
3.
Iker Bravo e Chema Andrés – As seleções espanholas parecem ter talento inesgotável e esta não foge à regra. Poderia escrever sobre Daniel Rodríguez, Yarek Gasiorowski ou Assane Diao (talvez mais lá para a frente), mas os destaques da primeira jornada do Euro Sub-19 foram Iker Bravo e Chema Andrés.
Iker Bravo é um avançado que pertence aos quadros do Bayer Leverkusen e na última temporada esteve emprestado ao Real Madrid, embora seja formado em La Masia. Faz qualquer posição da frente de ataque dada a sua capacidade de receber dentro da área e ligar-se com os colegas. Começou o jogo na meia esquerda, sendo praticamente um elo de ligação entre o setor médio e o ofensivo e terminou a ponta de lança, onde faturou o golo da vitória espanhola.
Ao ver Chema Andrés jogar pensa-se que este perfil já foi avistado em algum lado. Número 16 na camisola, 190 centímetros, camisola por dentro dos calcões e médio defensivo que faz o pivô a solo, tal como Rodri Hernández, jogador do Manchester City e um dos favoritos para ganhar a próxima Bola de Ouro. Sempre com uma serenidade invejável pautou o jogo todo frente à Dinamarca e ainda marca presença séria nas bolas paradas.
4.
As mexidas de Bernard Diomède – A exibição da França no primeiro jogo do Euro Sub-19 estava a ser apática até às mexidas que viraram o jogo.
Bernard Diomède sagaz, lançou Lucas Michel (46’) e Jean-Mattéo Bohoya (56’) no início do segundo tempo e, dotados de irreverência, revolucionaram a capacidade de ataque francesa nos flancos. Saïmon Bouabré foi mais uma boa cartada do selecionador visto que, graças à sua vertiginosidade, ganhou uma grande penalidade que seria decisiva para o resultado final.