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Portugal tem os melhores jogadores do mundo, já só falta ter também o melhor jogo

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A fase de apuramento para o Mundial 2026 está a ser um importante abre olhos para Portugal e, esperemos nós, para Roberto Martínez. Em quatro jogos, só um deles, na Arménia, se traduziu numa vitória confortável. Todos os outros foram ganhos já para lá dos 80, com a competência de uma jogada de João Cancelo, um cruzamento bem medido de Francisco Trincão ou o aparecimento matreiro de Rúben Neves no espaço entre centrais. O empate diante da Hungria, uma das seleções mais interessantes do panorama europeu, mas de classe média, expôs a nu algumas das fragilidades portuguesas.

A Hungria tem alguns intérpretes de luxo e uma identidade bem consolidada pelo relacional Marco Rossi, que foi capaz de oferecer aos húngaros condições para jogar à bola e com a bola. Não há, nesta análise, qualquer tipo de demérito ou desvalorização à seleção que se bateu contra Portugal e que, apesar da décalage de recursos, conseguiu resgatar um empate em Alvalade. Mesmo em termos individuais, com as estrelas Dominik Szoboszlai e Milos Kerkez à cabeça, mas também com o perfume de Callum Styles, a capacidade de agredir espaços e de remate de Rolland Sallai ou a estampa física de Barnabás Varga, há qualidade de sobra na Hungria. O centro da questão é a qualidade em termos absolutamente superiores dos jogadores portugueses.

Apesar das incongruências que vão, aqui e ali, surgindo no discurso de Roberto Martínez, da opção questionável – mas válida – do grupo fechado e da gestão e priorização de estatutos, Portugal tem uma das melhores seleções do mundo. As opções podem e devem ser discutidas e não podem ser ignoradas – a seleção sub-21 entrou em campo com desequilibradores e com recursos para desmontar blocos baixos que a equipa A não tinha –, mas partem todas de uma base comum em que Portugal tem jogadores muito capazes.

Vitinha Portugal
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Mais do que variáveis táticas, resquícios da flexibilidade tão apregoada por Roberto Martínez, os principais destaques de Portugal são individuais. É Nuno Mendes, nesta altura e fase da época, o melhor jogador do mundo, capaz de cumprir qualquer papel, mesmo que seja atrapalhado pela presença de outro acelerador e flanqueador no seu lado; é Rúben Dias, que compensou uma exibição assente no desastre de Renato Veiga; é Vitinha, um autêntico gestor de ritmos com capacidade para encontrar soluções em qualquer pedaço de terreno; é Cristiano Ronaldo, mesmo quando anda investido a dar soluções em apoio no flanco, porque continua a ser solicitado na área, onde continua a ser destacável. Portugal tem os melhores jogadores do mundo, alternativas infinitas. Falta apenas arranjar uma identidade capaz de os confortar de forma constante e de espremer todo o sumo existente.

A Hungria não apresenta as mesmas armas da Irlanda no que diz respeito à defesa da área e à impenetração do bloco defensivo. Se contra os irlandeses foram notórias as dificuldades para Portugal criar contra blocos mais baixos, diante da Hungria foram assustadoras as fragilidades defensivas de Portugal.

Quando a Hungria procurou sair curto, Portugal lançou-se numa pressão mal preparada e inconsequente. O foco de Roberto Martínez nos contra-ataques e transições – um perigo real – como se fosse a única arma húngara para jogar custou muito na preparação do momento da pressão. A Hungria conseguiu, sem grandes artimanhas, colocar lançadores de frente e chegar com perigo ao último terço onde se afirmaram dois problemas.

Dominik Szoboszlai Hungria
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Barnabás Varga venceu quase todos os duelos diante de Renato Veiga. Apesar das condições físicas, o central português não é o mais contundente dos jogadores nos duelos e sofreu com a fisicalidade imposta pelo avançado. Funcionando como íman magnético na atração, o ponta de lança húngaro abriu espaços que, pelo posicionamento descontrolado dos médios, permaneceram vazios. Aí, quer os extremos, de fora para dentro, quer Dominik Szoboszlai, médio de requinte e qualidade mundial, foram aparecendo para criar.

Por mais que se deva valorizar a Hungria, a verdade é que a seleção de Marco Rossi está longe de ser de topo mundial. Portugal, aí sim uma seleção da mais fina gama do futebol, tratou-se de elevar o adversário. Por mais que o percurso até ao Mundial seja de invencibilidade e de vitórias, há demasiadas pontas soltas para o tratar como um mar de rosas. E, se é certo que Portugal é um dos principais candidatos à conquista, certamente no top-5, também o é que, neste momento, a menos de um ano da competição, há demasiadas interrogações e dúvidas. Cabe a Roberto Martínez e à seleção fazer a adequada reflexão, porque a matéria humana abunda e permite outra consistência.

Vitinha Portugal Roberto Martínez
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Portugal teve algumas dificuldades defensivas neste jogo, quer na pressão, com a Hungria a encontrar espaços nas costas dos médios para conseguir ultrapassar a defesa com bolas mais longas ou no Szoboszlai, quer na defesa da área, com alguma incapacidade para vencer duelos. O que falhou defensivamente neste jogo e no cômputo geral, porque Portugal sofre quatro golos contra a Hungria?

Roberto Martínez: Acho que o jogo de hoje é diferente do jogo da Hungria. Na Hungria o primeiro golo foi no contra-ataque, o ponto forte da Hungria, e hoje parámos o contra-ataque muito, muito bem. Na bola parada, já falámos disso, a equipa é muito forte. Acontece. É um muito bom cruzamento e sofremos golo. O importante é reagir bem e reagimos bem. Controlámos o jogo, marcámos dois golos e a Hungria também é uma equipa com qualidade e com os seus objetivos. Faz parte do jogo. Os momento chave para nós não são os duelos nem o aspeto defensivo no geral, mas matar o jogo. Tivemos um período de 25 minutos onde levamos a bola ao poste, uma boa defesa do guarda-redes, duas ou três bolas na área. Era o momento para matar o jogo. Quando não o matas, fica uma ansiedade que ajuda o adversário a atacar mais. Bola longa, último terço, tudo podia acontecer. A segunda bola pode ajudar o adversário ou a nossa ação defensiva. Para avaliar o jogo, temos de jogar 90 e tal minutos igual. Não podemos jogar oito ou nove minutos no fim para jogar para os nossos adeptos e apurar. Foi um aspeto importante para nós sermos uma melhor equipa nos momentos em que o coração se mistura com o evento e o jogo.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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