Há cerca de três quartos de século, a Rússia fez um pacto de não agressão com a Alemanha Nazi; hoje parecia tê-lo feito com a Espanha. E este acordo foi celebrado com a chegada do prolongamento. Por um lado, foi uma maneira de os treinadores de ambas as equipas porem em prática a nova norma introduzida pela FIFA, que permite uma substituição extra nos 30 minutos de jogo adicionais. Aleksandr Erokhin tornou-se no primeiro quarto substituto da história do Mundial, quando entrou para o lugar de Daler Kuzyayev.
E foi o quarto substituto da Espanha, Rodrigo Moreno (ex-Benfica), que esteve mais próximo do golo neste prolongamento, após obrigar Akinfeev a uma defesa apertada, a 10 minutos do fim. Antes dos penáltis – que pareciam inevitáveis desde os 75 minutos de jogo – ainda houve tempo para um lance polémico na grande área russa, com o VAR a decidir que não houvera qualquer falta sobre Ramos ou Gerard Piqué, que reclamavam uma grande penalidade.
A chuva aumentava e as tensões também: estávamos perante a primeira decisão por grandes penalidades deste Mundial. Agora, a Espanha já não podia manter a posse de bola e a Rússia já não se podia fechar lá atrás a ver La Roja jogar. O pacto de não agressão teria que acabar.
Nos penáltis, foi assim: Iniesta marcou; Smolov marcou; Piqué marcou; Ignascevich marcou; Koke falhou; Golovin marcou; Ramos marcou; Cheryshev marcou; Iago Aspas falhou. Por esta ordem. E a ordem que foi dada aos espanhóis foi a de saída. Duas defesas de Akinfeev chegaram para eliminar a outra metade da Península Ibérica.
Tal como acontecera nos tempos de Hitler, acabou por ser a Rússia a sair por cima após o fim de um pacto de não agressão. Os anfitriões chegam a uns históricos quartos de final do Mundial, enquanto os espanhóis sairão, certamente, desiludidos, depois de tanta promessa inicial.