Tomba-gigantes

brasileirao

Esta expressão que dá vida ao título, e da qual, por ora, passaremos a falar avonde, não serve para descrever muitos dos jogos que se passaram neste final de semana de festa da Taça. Até porque esta coluna tem como objetivo descrever o fenómeno do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A premissa de partida, portanto, será a defesa da tese de que este atual modelo do Brasileirão – 20 equipas que se enfrentam em duas voltas e com pontos – acabará certamente por ser penoso para os grandes do futebol brasileiro. Vamos aos argumentos.

Primeiro, e já escrevemos sobre isso, apenas cinco clubes nunca desceram de divisão: Flamengo, Internacional, Santos, São Paulo e Cruzeiro. A propensão para cair, pelo menos, um campeão a cada campeonato anual é, pelo menos, grande. O ano passado foi o Vasco da Gama… há dois anos foi o Palmeiras. Mas se a experiência desses grandes campeões na Série B é curta (e ainda bem), as feridas de tal acidente nunca serão fáceis de sarar. Para os dois que acabei de mencionar agora nem foi a primeira vez que tal aconteceu. Mas imaginem para um daquele grupo de cinco. A primeira vez deverá ser muito dolorosa. Clubes que já ganharam a Libertadores, como o Grêmio e o próprio Vasco da Gama, ou o Atlético Mineiro, já estiveram longe do convívio com os grandes. Soa mal aos ouvidos, quando se liga o rádio se e ouve: “E na Série B do Brasil, o Grêmio empatou com o Botafogo…”. Sim, porque este ano a fava deverá cair nos rubro-negros do Rio de Janeiro. Um clube que também já foi homenageado pela nossa singela coluna. É verdade que ainda faltam nove partidas para o fim. Mas a instabilidade no clube carioca é pior do que a posição que ocupa.

Cartoon alusivo às sucessivas quedas de divisão Fonte: fimdejogo.com.br
Cartoon alusivo às sucessivas quedas de divisão
Fonte: fimdejogo.com.br

Esse é outro ponto que contribui para a as quedas abruptas de um campeonato para o outro. Falta de estabilidade. Recordemos como o Fluminense, há bem pouco tempo, estava na Série C (!), e depois arrancou para uma recuperação fantástica e conseguiu dois títulos em três anos. O Flamengo, que em 2009 foi campeão e no campeonato vindouro teve uma prestação pífia. O próprio Vasco da Gama – que neste momento é o terceiro colocado na Segunda Divisão – tinha feito uma campanha razoável em 2012 e caiu em 2013. Este parece ser um fenómeno que afeta mais os clubes cariocas do que os outros. Em parte é verdade: falta de patrocínios, contratos rasgados, pouca consistência das direções respetivas, enfim… mas também a grande quantidade de movimentações a que o mercado brasileiro é propício. Se é certo que o Brasil já começa a ter dinheiro para segurar as suas pérolas, também não é menos verdade que continua a ser um país exportador de matéria-prima. Não estou a chamar aos jogadores cabeças-de-gado, atenção.

Fenómenos raros ou talvez não, o certo é que, de ano para ano, há sempre um ou dois Golias que caem para terrenos mais pantanosos. Outros mais frágeis lá se conseguem ir aguentando. Também é isso que faz as pessoas irem ao futebol: a imprevisibilidade dos acontecimentos e a capacidade de nos deixar boquiabertos. Por isso é que ele é rei.

Daniel Melo
Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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