Académico Viseu FC 29–29 AA Avanca: Ensaio para o playoff

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    Na penúltima jornada da Primeira Divisão, o Académico Viseu recebeu a Artística de Avanca e conseguiu um empate (29-29), mesmo a acabar o jogo. Os visitantes estiveram sempre na frente até a poucos segundos do final.

    Assim, com este resultado, a ADA Maia, penúltima classificada, vai ter de vencer o Sporting e esperar que o Académico perca no Pavilhão da Luz contra o Benfica. Por seu lado, o Avanca já tem o playoff de manutenção matematicamente garantido, no lugar acima dos viseenses, com mais quatro pontos.

    Quanto aos melhores marcadores, destaque para Fábio Silva que fez nove golos. Já do lado do Académico, Eduardo Almeida e André Lima que só jogou na segunda parte fizeram seis tentos.

    Será que existirão mais encontros, neste local, em 2023/2024, na I Divisão?

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    O Bola na Rede traz-te os momentos mais importantes do jogo, no Pavilhão Cidade de Viseu, o último desta época.

    FALHANÇOS AO INÍCIO

    As duas equipas mostraram dificuldades ao início para atirar ao fundo das redes. Primeiro, do lado do Académico, José Crespo atirou à trave. Oportunidade para o Avanca inaugurar o marcador, mas Xavier Barbosa também atirou ao travessão um remate perto da linha de nove metros.

    Na resposta (no vídeo), Miguel Vieira ainda teve menos pontaria e, com pouco espaço perante a barreira defensiva visitante, rematou diretamente para fora. A seguir, Fábio Silva fez o primeiro golo do jogo.

    EXCLUSÃO DE KEVIN DIAZ

    Já depois de Miguel Vieira ter falhado uma oportunidade clara para igualar a partida (8-9), atirando por cima, frente a frente a Bruno Lima, houve mais um percalço.

    Com 8-10, Kevin Diaz foi excluído e a recuperação foi água abaixo. O resultado passou para quatro de diferença até à igualdade numérica e cresceu ainda para cinco (9-14) já com igualdade numérica em campo.

    MAIOR DIFERENÇA AO INTERVALO

    O Académico ate tinha conseguido reduzir a diferença para dois golos, mas o Avanca voltou a ficar em igualdade numérica e fez 3 golos seguidos, perante o desacerto ofensivo dos viseenses e a barreira defensiva resistente do Avanca.

    A diferença iria disparar para igualar o máximo de distância no marcador, à beira do intervalo. Petru Michnea subiu ao segundo andar e atirou cruzado para fixar cinco golos de diferença no resultado, antes do final do primeiro tempo. O Académico acabou por ainda ter uma situação ofensiva, mas Miguel Cortinhas acabou por nem enquadrar o seu remate à buzina para o descanso, nem à baliza.

    AVANCA REINICIA COM MÃO DIREITA

    Cinco já era bom, mas ter seis golos de vantagem ainda é melhor. A segunda parte começou da melhor forma para os visitantes com Modi a marcar e a mostrar as dificuldades dos viseenses para travarem o atleta emprestado pelo Porto, pela sua estatura.

    Porém, neste lance, fica a ideia de que houve espaço a mais para o jovem jogador que se especializou mais na meia distância para visar a baliza viseense, durante o encontro.

    BYE MODI

    O pivô/lateral esquerdo do Togo acabou por sofrer a terceira exclusão e desqualificação a meio do segundo tempo. Este foi o primeiro grande abalo do Avanca, quando venciam por quatro golos de diferença (25-21).

    O cartão vermelho mais tarde a Petru Michnea foi a estocada final para a quebra final que se viu na formação do distrito de Aveiro.

    REAÇÃO FINAL

    As defesas de António Silva foram mantendo o Académico em jogo e André Lima ia contribuindo para a equipa ter alguma eficácia, nas transições ofensivas rápidas.

    As desqualificações dos jogadores do Avanca também criaram instabilidade ao visitante e chegados ao último minuto só havia um golo de diferença (28-29).

    Os viseenses apertaram na pressão defensiva, estendendo mais à frente e acabou por dar frutos. Kevin Diaz roubou a bola e passou para Diogo Liberato que atirou para a baliza deserta do Avanca a jogar com menos um.

    A formação treinada por Ljubomir Obradovic ainda teve um livre para marcar mesmo a acabar, mas Ciprian Popovici viu o seu remate esbarrar com o emaranhado de mãos ao alto que constituíam a defesa compacta do Académico.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académico Viseu FC

    BnR: Que análise fazes ao jogo?

    Rafael Ribeiro [técnico principal]Tínhamos obrigação de fazer mais e tínhamos obrigação de ter ganho o jogo, na minha opinião.

    Basicamente, o Avanca não jogava aqui por nada, uma questão de honra e orgulho próprio só. Dois jogadores titulares não jogaram, o Edmilson e o Gonçalo.

    Nós tínhamos obrigação fazer mais e a primeira parte foi um desastre. Depois, empatámos um bocadinho com a alma porque voltámos a cometer erros para uma equipa de I Divisão, mesmo para uma equipa cá debaixo não são admissíveis.

    Dependendo do ponto de vista, pode saber a vitória ou a derrota. Sabe a vitória porque andámos sempre atrás, mas não saio nada convencido sinceramente. Deixámos muito a desejar.

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    BnR: A questão das segundas bolas que o Académico teve dificuldade de ganhar também foi aspeto negativo?

    Rafael Ribeiro: Três ou quatro ressaltos que deram golo. É que, se fossem ressaltos que não dessem golo, não se dava conta no resultado. O problema é quando dão golo.

    Houve momentos em que pensei para mim próprio: não merecemos fazer golos em transição atacante, com estes erros básicos. Não merecíamos ter ganho o jogo pelo que fizemos. Cometemos erros, onde não devíamos ter cometido.

    BnR: E a desqualificação do Modi, um jogador com um porte atlético forte, acabou por também ajudar a alavancar a reação da equipa?

    Rafael Ribeiro: Sim, mas mesmo sem o Modi, falhámos o livre sete metros, por acaso o ressalto calha para o Eduardo. Falhámos dois sete metros outra vez, um deles uma bola fraca.  Falhámos uma bola na ponta direita que nem na baliza acerta, ou seja, não foi a questão do Modi.

    O Modi é um perigo no ataque porque é muito grande e para lhe tirar a bola, é complicado.

    Na defesa, conseguimos explorar, não tanto aquilo que eu gostava porque trabalhámos noutro sentido. Já entrámos num registo de jogo de  playoff , com o resultado da ADA Maia em Belém [derrota por 24-25], porque provavelmente as duas equipas vão-se defrontar novamente no playoff.

    O Avanca vinha jogar completamente descomprometido. Nós tínhamos a questão de, se ganhássemos, carimbávamos já o playoff. Agora fica-nos a faltar dois pontos. Aliás, o empate chega-nos, mas temos de ter noção contra as equipas com quem vamos jogar [Académico Viseu joga frente ao Benfica, ADA Maia recebe o Sporting, na última jornada].

    Não tiro grandes ilações disto. O Avanca veio jogar num registo descontraído, sem dois jogadores importantes, a fazer gestão, a jogar com um pivô na primeira linha… Com essas questões aqui, eu não posso estar satisfeito, não estou satisfeito.

    BnR: Colocaste de novo no jogo vários jogadores na segunda parte como o André Lima, o Jefferson e o António Silva. Querias dar um sinal à equipa que algo não esteve bem no primeiro tempo?

    Rafael Ribeiro: Certo, sofremos 18 golos. Estava 13-18. O Rodrigo [Gameiro] apanhou duas ou três bolas, mas estava a ter dificuldades nas bolas exteriores. Também foi culpa nossa da defesa porque não estávamos a ser agressivos, da forma como tínhamos de ser.

    A troca do Benjamin pelo Lima é que a questão dos pontas acaba por ser um bocado ingrato porque o Benjamin teve uma bola e falhou. Sabia onde não podia falhar e falhou.

    A questão do Jefferson veio dar alguma consistência na defesa. Ainda por cima uma equipa como o Avanca que estava a rematar muito na zona central de exterior, obviamente o Jefferson veio dar algum conforto nesse sentido e ajudou no 7×6.

    Não teve tanta importância como devia ter tido, mas foram trocas. Eu tenho de dar oportunidade a quem treina independentemente da importância do jogo ou não porque se o Maia tivesse empatado, nós estávamos preocupados porque o Maia nos tinha passado à frente, mas este resultado dava-nos.

    Temos de ser justos e mais competentes durante a semana de treinos. Assim, não há milagres.

    BnR: Há algum desgaste físico sentido pelos jogadores, neste final de época?

    Rafael Ribeiro: Não. Há maior desgaste interpessoal, sinceramente, do que desgaste físico. Jogamos uma vez por semana e treinamos cinco vezes por semana, mas nem sempre são treinos de tareias físicas.

    Há um desgaste normal de uma época que não está a correr bem, apesar de estarmos a um bocadinho de conseguir o primeiro objetivo de safarmo-nos da descida direta que é um milagre, na minha opinião.

    Com tudo o que está a envolver a equipa, com todos os problemas que temos tido, com a falta de soluções, nem sempre temos qualidade de treino.  Olhas para a equipa do Avanca, mesmo com jogadores lesionados e condicionados, e consegue ter alguma qualidade de treino. Tem dois jogadores por posição, algo que, neste momento, não temos.

    Não é cansaço físico. É cansaço de treinador com os atletas e cansaço dos atletas com o treinador. É normal. É um desgaste, é como uma relação. Temos de fazer mais um esforço que a época está a acabar e ainda temos uma missão que é manter o Académico na I Divisão.

    BnR: Atendendo à diferença de valores com a Artística de Avanca, há uma menor pressão sobre a equipa em conseguir o lugar na I Divisão, no playoff de manutenção?

    Rafael Ribeiro: É um playoff. Nós somos da I Divisão e o Avanca também é. Não nos podemos esquecer da equipa que vem da Segunda Divisão. Ainda não sabemos quem é, só vamos saber no próximo fim de semana.

    Acho que nós, tal como o Avanca, temos as mesmas responsabilidades. Não é a classificação na fase regular do Campeonato que vai ditar quem tem maior responsabilidade. O Avanca pode ter um bocadinho mais por ser uma equipa que já está há mais anos na I e nós estarmos no primeiro ano. Temos a mesma responsabilidade.

    Não podemos fazer o papel de coitadinhos de que, ok safámo-nos da descida direta e agora a manutenção é para os outros. Não, não vale a pena. Para isso, mais valia descermos diretamente. Se é com esse espírito que vamos encarar o playoff, mais vale não irmos lá. Não faz sentido. Primeiro, temos de o garantir e, segundo, temos de fazer o melhor que podemos, temos de fazer melhor do que hoje porque só vamos ter uma oportunidade contra o Avanca e o Avanca contra nós.

    A equipa que errar menos e, neste caso, temos de ser nós porque hoje errámos muito, é a equipa que se vai safar. Não desconsiderando a equipa que vem da II Divisão porque tem qualidade de certeza absoluta.

    AA Avanca

    BnR: Que conclusões tira da partida? A que se deveu a perda da vantagem mesmo ao cair do pano?

    Ljubomir Obradovic [técnico principal]: Houve períodos em que jogámos muito bem, mas noutros jogámos mal. Também esteve a ver com a situação. O guarda redes deles defendeu bastantes bolas.

    Temos dois jogadores fora por lesão. Tivemos seis minutos com menos um por expulsão. Penso que o mais fraco foi a falta no ataque e resultou como resultou. Não controlámos o último segundo com bola. Houve a falta e acabou o jogo. Mas ok, foi um jogo em que ganhando ou não, estamos bem.

    Tinha alguns jogadores lesionados, não podia contar com eles. O importante foi que não levámos nenhum cartão azul e eles igual. Foi um jogo correto. Vamos encontrar-nos daqui a duas semanas outra vez [no playoff de manutenção]

    BnR: A desqualificação do Modi foi a situação que despoletou o final complicado para a equipa?

    Ljubomir Obradovic: E do Petru. Foi o critério do árbitro. Que posso fazer? Eles têm um critério que quem entra, entra e quem não entra, fora. Não foi a expulsão que nos paralisou.

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    BnR: Depois dessa desqualificação, pediu um time out. O que disse aos jogadores?

    Ljubomir Obradovic: Eles começaram a jogar em 7×6 e tínhamos de nos adaptar. Alguns momentos conseguimos, noutros não porque faltavam jogadores.

    Perdemos uma bola porque alguns jogadores ficaram à espera três metros, mas o árbitro apitou que comece o jogo. Se tens a bola e não a passas, perdes a bola. Para quê? Desculpa? Não há desculpa que metam na cabeça.

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    BnR: Qual era o principal objetivo da Artística de Avanca, no início da temporada?

    Ljubomir Obradovic: Era ficar na I Divisão.

    BnR: O que faltou para a equipa garantir a manutenção, sem ter de ir ao playoff ?

    Ljubomir Obradovic: Faltaram sete jogos em que perdemos por um golo. Hoje empatámos. Em cada jogo, falhámos três ou quatro livres de sete metros, falhámos sete, oito, dez, doze… situações em seis metros como hoje e como se pode ganhar?

    Contra o Belenenses, falhámos quatro vezes de baliza a baliza vazia. Isso não resulta. Perdemos por um.

    BnR: A forma como correu este jogo é um aviso sério à equipa para o playoff de manutenção ?

    Ljubomir Obradovic: Nós trabalhámos isso. Viste como perdemos a última bola? Só se pode perder dessa maneira. Falta, falta, falta… e acabou o jogo. Tática.

    BnR: Parece ter faltado alguma tranquilidade à equipa no final. Qual é o seu ponto de vista?

    Ljubomir Obradovic: Experiência.  Calma é quando tu tens a bola na mão e tens de passar a bola. Se estás no ataque e há falta, deixa a falta. Deixa a falta, distância três metros. Qual é o problema? Deixa a falta e deixar que passe o tempo.

    BnR: O mister tem muita experiência, com muitos títulos no currículo, especialmente em Portugal. O que é que tem aprendido nesta experiência na Artística de Avanca e o que traz de novo?

    Ljubomir Obradovic: Quando eu cheguei, o Avanca perdeu bastantes jogadores. Temos jogadores que ficaram que eram pouco utilizados. Gente jovem com pouca experiência, como Petru, Daniel Xavier, Ciprian não jogaram. O cubano [Adonys] na ponta direita não jogou, o ponta esquerda… o Modi não jogou.

    Isso foi tudo um desafio e trabalhámos no ano passado para isso. Este ano, saiu o Gualther e mais alguém. Mais experiência. Este ano, faltou experiência e é preciso jogos para a ganhar.

    BnR: As desqualificações de dois jogadores que houve no jogo não pode deixar a imagem da equipa ser demasiado agressiva?Ljubomir Obradovic: Bem, hoje era proibido sofrer qualquer lesão e qualquer cartão azul. Por isso, não importa para nada entre nós porque vamos jogar daqui a duas semanas.

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.