Académico Viseu FC 30–31 FC Gaia: Gaienses melhores no “mata-mata”

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    A CRÓNICA: ACADÉMICO RECUPEROU, MAS NÃO “MATOU”

    No Pavilhão Cidade de Viseu, Académico de Viseu FC e FC Gaia procuravam regressar às vitórias depois de terem perdido na ronda anterior.

    Os visitantes entraram melhor e conseguiram colocar-se manter permanente em vantagem logo nos primeiros minutos (3-4 aos 5 minutos e 5-6 aos 10´), mesmo jogando dois minutos em inferioridade numérica por exclusão de Jesus Vergara.

    No entanto, foi a meio da primeira parte que a distância no marcador disparou para quatro golos (7-11 aos 16´). Com maior assertividade na hora de finalizar e tendo Diogo Rêma em grande forma na baliza, a vantagem dos gaienses chegou a ser de cinco aos 26´ (11-16).

    Ao intervalo, o FC Gaia vencia por 14-18, com o jovem de 17 anos Vasco Costa a destacar-se com 6 golos marcados na ponta direita.

    Na segunda parte, os visitantes cometeram vários erros no ataque e os viseenses mostraram-se mais competentes a finalizar, conseguindo também fazer uso da ponta direita tal como o adversário na primeira parte. Aos 5´ do segundo tempo a desvantagem do Académico reduziu para a margem mínima (18-19).

    Já aos 44´, os anfitriões conseguiram igualar o marcador pela primeira vez desde o início da partida (22-22). Os nortenhos conseguiram logo a seguir dois golos de rajada, mas à entrada dos dez minutos nova igualdade no marcador (25-25) e Diogo Rêma, num ato aparentemente algo negligente ao agarrar um adversário já na sua área, foi desqualificado pela equipa de arbitragem.

    O Académico de Viseu aproveitou para se colocar em vantagem pela primeira vez no marcador (26-25 aos 51´). A equipa beirã teve oportunidades para alargar a vantagem, porém erros no último passe e o guarda redes Manuel Borges não o permitiram.

    À entrada para os últimos cinco minutos, tudo empatado novamente (28-28) e o Académico de Viseu viu-se em inferioridade numérica pela exclusão do pivot Diogo Quintas. A equipa da casa pareceu sentir a pressão de marcar e o Gaia com Tiago Antunes em destaque aproveitou para se colocar em vantagem e entrou no último minuto a ganhar por dois golos de diferença (28-30).

    O técnico do Académico ainda pediu o último time out para tentar resgatar pelo menos o empate. Contudo, a equipa viseense só conseguiu reduzir a desvantagem para a margem mínima.

    O Gaia acaba por vencer de forma merecida principalmente pela primeira parte e os últimos minutos do jogo, mas fica a ideia que o Académico de Viseu que conseguiu fazer o mais difícil não soube “matar” a partida.

     

    A FIGURA

    Tiago Antunes – O ponta direita da equipa gaiense foi o melhor marcador da partida com nove golos e foi uma quebra cabeças para o adversário. Na segunda parte em que a equipa quebrou, o jogador desequilibrou ofensivamente e destacou-se na arte de finalizar.

     

    O FORA DE JOGO

    Diogo Rêma – O guarda redes do FC Gaia que está nos 35 pré convocados da Seleção Nacional para o Mundial destacou-se com cerca de uma dezena de intervenções na primeira parte, sendo parte bastante ativa na vantagem da sua equipa ao intervalo. Contudo, na segunda parte, uma atitude imprudente acabou por desqualificá-lo da partida, colocou a equipa em inferioridade numérica e fica fora do próximo jogo frente ao Santo Tirso. Para aprender e refletir.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICO VISEU FC

    A equipa de Rafael Ribeiro tentou jogar pelo meio, recorrendo muitas vezes ao pivot Diogo Quintas ou Eduardo Almeida. Houve algumas dificuldades em lidar com a defesa agressiva e um pouco subida do adversário. Na segunda parte, a equipa soltou-se ofensivamente, utilizando também a ponta direita do ataque com Benjamin João e conseguindo aproveitar transições rápidas para finalizar.

    Na segunda parte, com Eduardo Almeida com duas exclusões, o técnico não o poupou e tentou aproveitar o seu bom momento na partida, apesar de correr sempre o risco de vir a perder o jogador por desqualificação.

    EQUIPA E PONTUAÇÕES

    António Silva (6)

    Ruben Sousa (6)

    Eduardo Martins (-)

    Miguel Cortinhas (5)

    Tiago Heber (5)

    Kevin Diaz (-)

    Diogo Liberato (5)

    Diogo Quintas (5)

    Benjamin João (6)

    Aldrin Andrade (6)

    Matheus Victor (-)

    Eduardo Almeida (6)

    Miguel Vieira (6)

    João Macedo (6)

    André Lima (6)

    Dusan Maric (5)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC GAIA

    A equipa do técnico Carlos Resende apostou numa defesa agressiva em termos de pressão com um pouco de adiantamento posicionalmente. Na primeira parte especialmente, conseguiu mesmo provocar várias falhas ofensivas ao adversário. No ataque, a ponta direita foi muito utilizada, no primeiro tempo por Vasco Costa, e no segundo por Tiago Antunes.

    Cedo na primeira parte ficou com Jesus Vergara com duas exclusões e o técnico preferiu poupá-lo ao máximo, só o voltando a utilizar perto do final da partida.

    EQUIPA E PONTUAÇÕES

    Miguel Oliveira (6)

    Luis Carvalho (-)

    Hugo Rosário (5)

    Pedro Pereira (6)

     Manuel Borges (6)

    Pedro Oliveira (6)

    Vasco Costa (7)

    Tiago Antunes (8)

    Rui Rodrigues (6)

    Nuno Pereira (7)

      Pedro Salvador (-)

    Vasco Areias (6)

     Diogo Rêma (5)

    Diogo Ferreira (6)

    Jesus Vergara (5)

     Ricardo Brandão (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académico Viseu FC

    BnR: O Académico deu sinais positivos ao superar da desvantagem ao intervalo, mas acaba por não segurar a vantagem e perder o jogo. O que é que fica deste jogo?

    Rafael Ribeiro [técnico principal]: É um soco no estomago sobretudo por aquilo que foi a segunda parte. Conseguimos ir buscar o resultado e esta parte final acaba por ser inglória. Sabíamos que era um jogo que se podia decidir nesses pormenores. Nós entrámos para os últimos cinco minutos, na frente por um e com duas perdas de bola passámos de ganhar por um para menos um e acho que foi isso que ditou o resultado do jogo.

    Sinais positivos? Já de algum tempo para cá acho que a equipa está claramente melhor, mas ao fim ao cabo o que conta são os pontos ou a falta deles. Contra um adversário direto em que se ganhássemos, passávamos para a frente, neste momento, estamos com menos duas vitórias e é complicado.

     

    BnR: O que faltou para a equipa conseguir aguentar a vantagem nos últimos minutos? Dificuldade em gerir a pressão?

    Rafael Ribeiro: Nós até fomo-nos saindo bem. Fomos competentes no ataque. Melhorámos substancialmente a nível defensivo. Acho que foi a grande diferença da primeira para a segunda parte. Ao intervalo estava 14-18, sofremos 13 golos na segunda, uma diferença grande.

    No ataque, finalizámos. Não falhámos tantos remates como na primeira parte. Depois há uma decisão que é uma bola que vai ao pé. São infortúnios, não vou estar a dizer que foi a pressão. Se calhar se tivéssemos a ganhar por cinco, a bola não teria ido ao pé. Como estávamos sob stress, provavelmente aconteceu isso.

    Sou franco: ainda estou um bocadinho em choque porque estávamos confiantes que podíamos ganhar o jogo. A segunda parte da forma como correu, a confiança aumentou e depois acaba dessa forma com os três pontos a irem para o Gaia.

     

    FC Gaia

    BnR: O Gaia consegue vencer, mas houve uma quebra de rendimento da equipa da primeira para a segunda parte. Como explica esta diferença de desempenho?

    Carlos Resende [técnico principal]: Em todo o jogo, houve dois ou três aspetos em que não estivemos tão bem, nomeadamente: na recuperação defensiva, ou seja, na primeira parte sofremos 14 golos dos quais sete golos foram de transição o que quer dizer que nos faltou recuperar defensivamente melhor; na primeira parte cometemos nove faltas técnicas e na segunda oito faltas técnicas, ou seja, oferecemos demasiadas bolas ao Académico de Viseu;

    Paralelamente, nesta sequência, na segunda parte, colocamo-nos a jeito para que o Viseu desse a volta ao jogo porque não conseguimos traduzir em golo situações fáceis, isto é, existiram vários ataques em que tínhamos mais um, colocamos um jogador aos seis metros, não marcamos e não sofremos. Quando nós colocamos um jogador aos seis metros e não conseguimos concretizar, quer dizer que estamos a dar possibilidade ao adversário de ganhar por dois, ou seja, é o golo que não marcamos e o golo que vamos sofrer. Foi isso que aconteceu.

    Felizmente na parte final, após mais um erro e ficarmos com menos um, conseguimos mesmo assim dar a volta ao jogo. Foi uma vitória difícil onde nós nos colocámos mais uma vez a jeito. Como é obvio, não vou retirar mérito à equipa do Académico de Viseu que fez um belíssimo jogo. Nós é que temos de produzir mais no conceito da parte da eficácia e no 1×1 no remate para chegar ao golo.

     

    BnR: O facto da equipa ser muito jovem leva a falhas de concentração que levam a quebras de rendimento durante os jogos?

    Carlos Resende: Eu não diria que são falhas de concentração. Devido ao facto de sermos jovens ainda nos falta analisar cada vez melhor o jogo.

     

    BnR: No jogo anterior com o Avanca, o Gaia chegou a estar vencer por quatro golos e acabou por sair derrotado. A forma como correu o jogo anterior influenciou o percurso dos jogadores neste?

    Carlos Resende: Foi semelhante a este jogo nas situações em que falhámos. Tivemos quatro golos de vantagem, perdemos por um com o Avanca e falhámos quatro livres de sete metros.

    Logicamente que, quando uma equipa ganha, sente-se mais à vontade, os níveis de autoconfiança são superiores. De jogo para jogo é a mesma coisa que de remate para remate, quando marca, o jogador vai-se sentindo mais liberto como é evidente. Com a própria equipa também. Se a equipa tiver três, quatro ou cinco vitórias seguidas, o ambiente acaba por ser diferente com menos stress. É normal. Acontece no Gaia, acontece no Viseu e acontece no Porto.

     

    BnR: Na primeira parte, o Jesus Vergara sofreu duas exclusões e esteve um largo período sem jogar. Foi para evitar a desqualificação?

    Carlos Resende: Sim. Podíamos necessitar do Jesus também no ataque e assim o preservamos porque temos outros jogadores que podem jogar nessa posição e colocamos lá outro jogador para resguardar caso precisássemos do Jesus no ataque.

    Na parte final, já não havia que o resguardá-lo. Se acontecesse, acontecia. Até porque o Viseu meteu sete jogadores, sendo ele um jogador alto e precisávamos de ocupar espaço, tivemos de o meter em campo.

     

    BnR: O melhor marcador na primeira parte, Vasco Costa, acaba por jogar pouco tempo na segunda parte. Foi por questões físicas?

    Carlos Resende: Não. Decaiu um bocadinho. Tentámos ali substituí-lo com outros jogadores que jogam de forma diferente do Vasco. Têm outra capacidade de remate, mas têm outra capacidade de penetração. Tentámos aproveitar um bocadinho isso porque a defesa do Viseu estava mais profunda do que aquela que o Académico de Viseu nos fez na primeira parte.

     

    BnR: O Diogo Rêma acabou desqualificado com cartão vermelho…

    Carlos Resende: Eu não vi o lance. Estava a dar indicações ao jogador. Só me posso cingir naquilo que os árbitros e que o meu jogador disse. Ele disse que atacou bem o jogador e que não houve intenção da parte dele em magoar o adversário.

     

    BnR: Como antigo atleta e agora professor e treinador já com vários anos de experiência, de que forma é que o Diogo Rêma pode superar esta situação, numa altura positiva em que até foi pré-convocado para o Mundial?

    Carlos Resende: É um rapaz que trabalha muitíssimo bem e, ainda por cima, é inteligente. Não é preciso fazer muito. Com este, eu não preocupo muito. Sabe bem os erros que comete e, neste caso, se cometeu o erro que os árbitros dizem que cometeu, ele rapidamente aprende. Os bons jogadores são esses, os que aproveitam os erros para aprender.

     

    BnR: Não o irá marcar?

    Carlos Resende: Não. Estou certo que não. Até porque normalmente na nossa modalidade, o respeito impera na relação entre jogadores da mesma equipa e de equipas diferentes.

     

    BnR: O Gaia conseguiu a permanência nas duas primeiras épocas em que o mister esteve como treinador. O que podemos esperar do FC Gaia na I Divisão esta época?

    Carlos Resende: Traçámos objetivos bastante ambiciosos. Logicamente sendo uma equipa jovem, dependemos imenso daquilo que é a evolução dos jovens no campo.

    Colocámo-nos na luta pelo quarto lugar. Neste momento, não estamos exatamente onde queríamos como é evidente, mas temos de reconhecer que tivemos dois jogos francamente maus: o primeiro jogo com o ABC e o jogo com o Avanca. Esses quatro pontos permitir-nos-ia lutar exatamente por aquilo que queríamos.

    Ainda temos mais dois jogos agora. Sabíamos que os jogos com equipas mais acessíveis são precisamente agora no final, dos quais o Avanca era um desses que não aproveitámos. Aproveitamos bem este com o Viseu, onde sabíamos que não seria fácil pelas circunstâncias.

    Temos agora um jogo em casa com o Santo Tirso, onde naturalmente somos favoritos à vitória. Depois terminamos este ano com o Póvoa fora. Falta-nos dois jogos em que queremos vencer e depois logo tentaremos ver o que fizemos de menos bem, temos um tempo de paragem.

    De facto, se olharmos para aquilo que é a tabela classificativa e acrescentarmos quatro pontos ao Gaia e tirarmos três pontos ao ABC e ao Avanca, estamos muito próximos de estar onde queríamos e reconhecendo que esses resultados foram preponderante para não estarmos onde queríamos. Sabemos que ainda temos muito espaço para lá chegar.

     

    BnR: Então as competições europeias e o objetivo do quarto lugar ainda não está posto de parte?

    Carlos Resende: Não, ainda falta muito. Ainda agora o Porto começou a segunda volta na Liga dos Campeões e ainda pensa em apurar-se. Já nós ainda não acabámos a primeira volta e já nos estávamos a dar como rendidos…

    Ainda falta muito. Sabemos que não é fácil, mas como temos muitos jovens que querem muito mais do que isto, temos também de alguma forma ter a seriedade e a humildade, por um lado, mas a ambição por outro de lhes querermos dar mais.

     

    BnR: Perante este início difícil, a paragem na competição vai ser positiva para o Gaia?

    Carlos Resende: É uma pausa que acontece para todas as equipas em que nós podemos aproveitar para dar um período de descanso aos atletas e depois fazer mais um inicio da época, voltar a trabalhar e a desenvolver a equipa.

     

     

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.