Há quatro anos, houve uma atualização dos regulamentos do Andebol, com a adição de novas regras e a alteração de outras já existentes. Uma das principais mudanças efetuadas na altura, foi a possibilidade de substituir o guarda-redes por um jogador de campo, criando, assim, a possibilidade de jogar em superioridade numérica no ataque. Ao longo dos anos, várias equipas têm utilizado essa opção tática e algumas até se tornaram especialistas nesse momento do jogo, como o FC Porto e a Seleção Nacional.
A regra, no entanto, ainda não é unânime. Recentemente, o jornalista especializado da EHF e da revista alemã Handballwoch, Bjorn Pazen, realizou um questionário que colocava em causa a regra em questão. Foram 39 os treinadores inquiridos, sendo que 30 estavam a favor do fim do uso da regra. Entre os treinadores questionados estavam Filip Jicha, do Kiel, e Chema Rodriguez, novo do treinador do SL Benfica, mas, por coincidência (ou não), não estavam nem Paulo Jorge Pereira, nem Magnus Andersson, dois dos melhores utilizadores dessa vertente tática.
Que geração!
O verdadeiro Andebol no seu estado puro.
Grande Magnus Andersson que nos delicia com o seu 7×6 https://t.co/VYiIA28DYg— 7 METROS® (@7metrosPt) January 26, 2020
O presidente do comité de instrutores e métodos da IHF, Dietrich Spaten, vai “examinar de perto esses argumentos dos treinadores”. Aos nomes acima referidos, ainda faziam parte do questionário nomes como: Ljumobir Vranjes, Xavier Pascual, Manolo Cadenas, Talant Dujshebajev, David Davis e Raúl González.
Os principais argumentos dos treinadores contra a regra são: dois minutos já não é uma penalização; o jogo tornou-se mais lento/menos dinâmico; remates a balizas vazias não são atrativos; o andebol em geral está a tornar-se menos atraente; a ideia/o estilo básico de jogar andebol mudou negativamente; as opções/variantes táticas reduziram; menor oportunidade de variantes táticas defensivas.
Quem ainda está a favor da regra, considera que esta é mais uma opção tática.
Mesmo o FC Porto e a Seleção Nacional, que são dois dos casos que mais e melhor utilizam esta vertente, utilizavam-na em certos momentos dos jogos, mas nunca na maioria deles. Ou seja, era mais uma opção tática para ser utilizada em determinados momentos do jogo diferentes, tal como é, por exemplo, a opção de jogar com um ou dois pivots.
A verdade é que esta tática aumenta o risco de sofrer golo para quem a utiliza, logo a equipa tem de ser mais eficaz no ataque, procurando sempre a melhor opção e procurando realizar os ataques com a melhor qualidade possível. No meu ponto de vista, o facto das equipas poderem utilizar esta vertente como mais uma opção tática traduz-se numa maior imprevisibilidade do jogo e, consequentemente, numa maior qualidade do jogo.
Foto de capa: FC Porto Sports
Artigo revisto por Inês Vieira Brandão