Euro 2014: França e Dinamarca na final

    cab andebol

    Disputaram-se na 6ª feira os dois jogos das meias-finais do Campeonato da Europa de Andebol, que termina este domingo. A França e a anfitriã Dinamarca encontrar-se-ão na final, enquanto que a Espanha e a Croácia lutarão pelo bronze. Eis o que se passou em ambas as partidas:

     

    França-Espanha (30-27):

    A selecção espanhola começou algo nervosa e falhou 3 vezes em frente a Thierry Omeyer (29% de eficácia no jogo), ao passo que a França desde cedo se mostrou mais incisiva. O ponta direita francês Luc Abalo (melhor marcador da sua equipa com 8 golos em 11 tentativas, que correspondem a 73% de eficácia) entrou muito bem em campo, chegando rapidamente aos 3 golos. Nos primeiros 10 minutos a superioridade dos bleus foi evidente, traduzindo-se num resultado de 6-2 que levou Manolo Cardenas a pedir o time-out.

    Porém, a Espanha continuou inoperante com a bola. Os ataques pareciam ser sempre feitos em esforço, tornando-se presa relativamente fácil para os franceses. O lateral-direito Jorge Maqueda (2/12, 17%) estava infeliz na finalização e personificava a fraca exibição espanhola, que apenas o pivot Julen Aguinagalde (5/6, 83%) parecia tentar contrariar. Lá atrás, as exibições dos guarda-redes também mostravam a superioridade francesa – que aos 15 minutos atingia os 50%, por oposição aos 18% de Espanha.

    Mas se, até aos 20 minutos, a Espanha apenas tinha 6 golos (contra os 11 de França), no tempo restante da primeira parte o jogo mudou por completo. O lateral-esquerdo Joan Cañellas (10/12, 83%, 2º melhor marcador da prova com 42 golos e a apenas 2 do islandês Sigurdsson), que derivou várias vezes para central, estreou-se a marcar apenas aos 22 minutos, mas a partir daí assinaria uma exibição memorável. Pressentindo uma recuperação do adversário, Claude Onesta pediu o time-out, mas a Espanha fez um parcial de 3-0 e reduziu para 11-9. Era uma selecção espanhola de cara lavada, a arriscar um 4×2 atacante com Aguinagalde e Gedeón Guardiola como pivots. Aproveitando algumas falhas técnicas dos franceses, bem como as exclusões de Luka Karabatic e William Accambray, Cañellas fez o empate a 2 minutos do intervalo. Até lá, mais 2 golos do atleta do Hamburgo colocaram o marcador num 12-14 favorável aos espanhóis.

    O jovem lateral Valentin Porte (7/8, 88%) marcou a abrir a segunda parte, pondo fim a quase 9 minutos sem golos da sua equipa. Luka Karabatic foi novamente excluído, mas Cañellas teve o mesmo destino poucos segundos depois. Nikola Karabatic (2/3, 67%), que fez um jogo discreto, aproveitou a nova igualdade numérica para empatar com um remate em suspensão. A França subiu de intensidade e voltou a estar por cima, passando de 15-16 para 18-16. Um dos momentos-chave do jogo aconteceu nesta altura, quando Nikola Karabatic e Daniel Narcisse (5/10, 50%) estavam excluídos e se abria de novo uma janela para a Espanha: Cañellas viu um golo de 7m ser-lhe negado pelo guardião suplente Cyril Dumoulin (ef. de 47%) e, em contra-ataque, Abalo não perdoou. Desta forma, os espanhóis não só não conseguiram aproveitar a dupla superioridade numérica como viram Aguinagalde ser excluído logo a seguir. Dumoulin voltou a estar em grande ao realizar uma dupla defesa, a remates de Raul Entrerríos (4/6, 67%) e Maqueda.

    Cañellas empatou a 20 aos 43 minutos, numa altura menos conseguida do jogo em que Porte era quem mais se destacava. O francês apontou o melhor golo do jogo (24-23) aos 50 minutos, com uma rosca espectacular. A dupla de arbitragem cometeu nessa altura um erro importante, ao anular um golo a Aguinagalde que daria o empate. Até final, Luka Karabatic foi desqualificado (e já podia tê-lo sido antes) e Abalo foi quem mais apareceu. A um minuto do fim (29-27), a Espanha mudou para uma defesa em 4×2 e Victor Tomas (2/4, 50%) conseguiu ganhar a bola, mas entregou-a ao adversário. Vitória da França num grande espectáculo de andebol, com várias reviravoltas no marcador e com indefinição até final. A França estava assim confirmada como primeira finalista.

     

    Abalo e Cañellas foram os melhores em campo
    Abalo e Cañellas foram os melhores em campo / Fonte: Eurohandball.com

    Destaques:

    – pela positiva, Abalo (algo irregular, mas começou e acabou em alta), Porte (o futuro de França está assegurado) e Dumoulin (entrada que virou o jogo a favor da equipa) do lado francês; Cañellas (melhor em campo), Aguinagalde (movimentações difíceis para a defesa contrária, embora tenha perdido gás) e Entrerrios (sempre bastante sóbrio e competente) pelos espanhóis;

    – pela negativa, Nikola Karabatic (importante na defesa, mas demasiado discreto para um dos melhores do mundo), Omeyer (após os primeiros minutos deixou de acertar) e Sorhaindo (se bem que a França não tenha jogado muito para o pivot, esperava-se mais) por parte dos vencedores; Maqueda (os números dizem tudo), Sierra (a equipa nunca pôde contar verdadeiramente com ele), Tomas (muito aquém do que tinha feito até aqui) e Guardiola (demasiado tempo em campo para tão pouca produção)

     

    Dinamarca-Croácia (29-27):

    O jogo começou com uma Dinamarca algo hesitante e uma Croácia bastante tranquila e eficaz no ataque, com o ponta-direita Ivan Cupic (3/6, 50%) e o central Domagoj Duvnjak (5/9, 56%) em plano de destaque. Do lado dinamarquês, o lateral-esquerdo Mikkel Hansen (2/6, 33%) era a peça em maior evidência, comandando o ataque e distribuindo jogo. Por volta do minuto 13, as exclusões de Zeljko Musa e Ivan Cupic deixaram a Croácia com menos duas unidades por vários instantes, mas Alilovic (6/30, 20%) parou o remate do ponta Hans Lindberg (1/2, 50%). Do outro lado, o guarda-redes Niklas Landin (15/42, 36%) mostrava o seu valor, dando depois azo a ataques onde as combinações entre Hansen e o ponta-esquerdo Anders Eggert (8/9, 89%) eram um dos pratos fortes.

    O bloco dinamarquês começou a funcionar melhor, e Eggert empatou a 11 com uma das suas típicas roscas. O ponta do Flensburg falhou um livre de 7m pouco depois (o seu único remate falhado em todo o jogo), e foi excluído logo a seguir. Em vantagem numérica pela primeira vez, a Croácia chegou ao 11-12 por intermédio do ponta-esquerda Manuel Strlek (2/4, 50%), após bom trabalho do lateral Damir Bicanic (3/6, 50%). A Dinamarca mostrava algumas dificuldades e corria sempre atrás do prejuízo, com o lateral-direito Kasper Sondergaard (2/3, 67%) num plano algo discreto tanto a atacar como a defender. Do outro lado, o lateral-direito Marko Kopljar (6/11, 55%) colocava a Croácia novamente com uma vantagem de 2 golos com um bom remate cruzado. Até ao intervalo, destaque para o golo de Duvnjak sobre a buzina, colocando o resultado em 13-15 favorável à sua equipa.

    O início da segunda parte revelar-se-ia determinante no resultado final: com os pivots Rene Toft Hansen (4/4, 100%) e Michael Knudsen de fora por exclusão, A Dinamarca encontrou-se momentaneamente a jogar com menos dois. No entanto, a Croácia não conseguiu marcar, muito graças a três fantásticas intervenções de Landin. Cupic falhou dois desses golos e ainda desperdiçou um livre de 7m (à barra), tendo dado o lugar a Zlatko Horvat (6/8, 75%). A Croácia podia ter ganho aqui uma vantagem de 3 ou 4 golos, mas em vez disso foi o reentrado Toft Hansen quem reduziu para a diferença mínima. Os croatas voltaram a não conseguir marcar, o pivot Igor Vori (1/2, 50%) foi excluído e a Dinamarca passou para a frente (16-15), graças ao lateral-direito Mads Christiansen (3/6, 50%). A Croácia apenas facturou ao fim de mais de 6 minutos, vendo-se em desvantagem num jogo que até então tinha controlado.

    A equipa da casa parecia agora mais à vontade, com Hansen em evidência nas assistências. Perante alguma desorientação defensiva da Croácia, Eggert fez o 20-18 de 7m aos 40 minutos mas foi excluído pouco depois. Horvat e Kopljar iam mantendo a Croácia por perto no marcador, mas a Dinamarca tinha acertado na defesa e tapava-lhes os caminhos. Landin, com mais duas boas intervenções, impediu os croatas de se aproximarem e contribuiu para que o resultado fosse de 25-23 a 10 minutos do fim. O treinador Slavko Goluza quis arriscar e mudou a defesa para 3x2x1 mas, mesmo com menos um homem (exclusão do pivot Jesper Noddesbo (2/2, 100%)), a Dinamarca fez o 27-25 por intermédio do central Thomas Mogensen (2/3, 67%).

    Até final, destaque para as duas defesas de Landin a remates de Strlek. A Croácia continuava a revelar dificuldades na finalização e começava a quebrar tanto física como animicamente, ainda que o guardião suplente Venio Losert, em campo nos minutos finais (3/8, 38%) tenha negado o golo a Hansen e adiado a decisão. Porém, na resposta, Kopljar permitiu nova defesa a Landin, apesar de parecer ter sido empurrado. Antes do final a Croácia ainda podia ter reduzido para apenas um golo de diferença, mas cometeu uma falha técnica que lhe foi fatal. Um golo para a Dinamarca fez o 29-26 e acabou com as dúvidas, tendo Horvat estabelecido o resultado final do encontro. Vitória da equipa favorita, ainda que a Croácia tenha dado boa réplica. O mau início de segunda parte dos croatas acabou por revelar-se decisivo.

     

    Hansen e Horvat, dois jogadores em destaque
    Hansen e Horvat, dois jogadores em destaque / Fonte: eurohandball.com

    Destaques:

    – pela positiva, Landin (intervenções decisivas em momentos-chave), Eggert (grande calma na transformação dos 7m e um perigo constante) e Hansen (foi baixando de produção e apenas fez 2 golos, mas é uma peça fundamental como provam as 10 assistências) do lado da equipa da casa; Duvnjak (mesmo muito marcado foi sempre dos mais perigosos), Horvat (desequilíbrio constante pela ponta-direita) e Kopljar (forte tanto a atacar como a defender);

    – pela negativa, Lindberg (um único golo é curto para um ponta do seu nível) pela Dinamarca; Cupic (os 3 golos falhados em poucos minutos marcam o jogo), Alilovic (num jogo equilibrado a diferença passou muito pelas balizas…) e Vori (trabalha bem na luta, mas podia ter arriscado mais)

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    João V. Sousahttp://www.bolanarede.pt
    O João Sousa anseia pelo dia em que os sportinguistas materializem o orgulho que têm no ecletismo do clube numa afluência massiva às modalidades. Porque, segundo ele, elas são uma parte importantíssima da identidade do clube. Deseja ardentemente a construção de um pavilhão e defende a aposta nos futebolistas da casa, enquadrados por 2 ou 3 jogadores de nível internacional que permitam lutar por títulos. Bate-se por um Sporting sério, organizado e vencedor.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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