Euro 2014: Franceses alcançam a glória (41-32)

    cab andebol

    O apoio da maioria do público dinamarquês à Espanha durante a meia-final parecia adivinhar este desfecho caso fossem os franceses a conseguir um lugar no jogo mais aguardado. A final entre a anfitriã Dinamarca e a França (32-41) teve tudo menos falta de golos, mas talvez nem os próprios franceses contassem sagrar-se campeões com tanta facilidade. Uma coisa era certa: ambas as equipas tinham ganho o Europeu sempre que conseguiram chegar à final, e ontem isso teria forçosamente de mudar.

    Os primeiros minutos de jogo ajudam a explicar a confortável vantagem pontual que a França sempre teve na partida. Nikola Karabatic (5 golos marcados em 11 remates, 45% de eficácia) abriu o marcador, e Thierry Omeyer (12 defesas em 40 remates, 30% de eficácia) protagonizou duas defesas a remates aos 6m que, juntamente com o disparo para fora do lateral-direito Kasper Søndergaard (1/4, 25%), possibilitaram à sua equipa chegar aos 0-3. Ao contrário de Omeyer, Niklas Landin (4/26, 15%), nomeado o melhor guarda-redes do Europeu antes da final, não entrou bem e encaixou 3 golos acessíveis. O pivot Rene Toft Hansen (1/1, 100%) foi excluído depois de já ter visto um amarelo e o ponta-esquerda francês Michaël Guigou (10/11, 91%) aproveitou a apatia dinamarquesa para marcar 2 golos e fazer o 2-7 aos 8 minutos. O central Thomas Mogensen reduziu com um grande remate de anca sobre a linha dos 9m, mas pouco depois o treinador Ulrik Wilbek pediu o time-out.

    Karabatic Euro'2014
    N. Karabatic e Hansen, um duelo de titãs ganho pelo francês / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/

    Porém, a paragem não trouxe grandes melhorias para a equipa da casa. Mogensen não conseguiu marcar e, do outro lado, Landin era (mal) batido por N. Karabatic. Pouco depois, para além de não ter conseguido evitar o golo do central Daniel Narcisse (6/7, 86%), Toft Hansen foi excluído pela segunda vez. Se, no ataque, a Dinamarca tinha muitas dificuldades em suplantar a defesa francesa, na retaguarda era completamente permissiva. A consequência disso era o preocupante 4-13 que se registava aos 17 minutos a favor de França, e que motivou Wilbek a pedir novo time-out. Antes disso, o guarda-redes suplente Jannick Green (6/25, 24%) tinha entrado para substituir o desastrado Landin, mas também sem grande sucesso.

    Dois golos seguidos da Dinamarca após o regresso pareciam reanimar a equipa, mas a França logo se encarregou de repor a diferença. Grande combinação entre N. Karabatic e Valentin Porte (9/11, 82%), jovem lateral-direito que esteve soberbo e que, pouco depois, aguentava duas cargas e assistia o lateral-esquerdo de origem sérvia. A Dinamarca não conseguia entrar pelo centro e precisava que os pontas aparecessem, mas Anders Eggert (1/3, 33%) marcou o seu único golo aos 20 minutos, com um chapéu a Omeyer (7-15). Após um grande golo de Narcisse, e a perder por 9, Wilbek não esperou mais e ordenou a marcação individual a Karabatic. A Dinamarca começava a marcar, mas a fraca defesa continuava a deitar por terra todas as pretensões da equipa. Aos 22 minutos Porte colocava a França a ganhar por 10, e nem o remate sem cerimónias de Mikkel Hansen (9/11, 82%) nem o primeiro golo de Hans Lindberg (6/8, 75%) conseguiam contrariar o rumo do jogo. Ainda assim, o lateral-esquerdo do PSG e o ponta-direita do Hamburgo eram quem mais se destacava na Dinamarca. Contudo a França não desarmava e, mesmo em inferioridade (exclusão de Porte), Luc Abalo (7/9, 78%) chegou ao golo. A fechar a primeira parte, o melhor golo do jogo: passe de Guigou para Porte, que rematou de primeira no ar. 16-23 ao intervalo, e já nesta altura parecia improvável que a França deixasse escapar o título europeu.

    Na segunda parte nada de novo. Narcisse e Abalo aumentaram a vantagem (o ponta-direita fez um golo fantástico de costas para a baliza) e, ainda que Hansen tentasse remar contra a maré, a Dinamarca utilizava uma defesa em 6×0 que nem parava os remates exteriores nem os movimentos do pivot Cédric Sorhaindo (2/3, 67%). Os inconformados Hansen e Lindberg facturaram uma vez cada e a Dinamarca conseguiu dois golos seguidos, algo raro no jogo. No entanto, Landin confirmou estar em dia-não e sofreu um golo em apoio de Porte por baixo das pernas. Guigou continuava a sua saga goleadora e Hansen respondia com um grande remate em suspensão aos 9m. Depois Abalo foi excluído, e o que se passou a seguir ilustra bem como foi este jogo: mesmo em desvantagem numérica, N. Karabatic conseguiu descobrir Guigou sozinho na ponta-esquerda. Estava feito o 30º golo de França (22-30), ainda com 20 minutos para jogar.

    Daniel Narcisse, eleito o melhor jogador da final / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/
    Daniel Narcisse, eleito o melhor jogador da final / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/

    Lindberg continuava a marcar, desta vez após um bonito passe de Hansen. Green fez uma rara defesa a remate de Porte mas, na resposta, a Dinamarca mais uma vez não conseguiu encurtar distâncias: o lateral-direito Mads Christiansen (2/6, 33%) permitiu a defesa a Omeyer. Nova defesa de Green, desta vez a remate de Abalo, e o golo do lateral-esquerdo Henrik Mollgaard (4/7, 57%) aos 43 minutos (24-30) devolvia uma ténue esperança aos adeptos da casa, naquela que foi talvez a única ocasião desde os primeiros minutos em que isso aconteceu. Se defendesse um ou dois ataques franceses e conseguisse marcar, a Dinamarca talvez ainda pudesse ter uma palavra a dizer. Mas para isso era preciso que fizessem em 15 minutos aquilo que não tinham conseguido nos outros 45, e não foi nada disso que aconteceu: a única defesa forte era a francesa, e os golos de Sorhaindo e de Guigou vieram lembrar que a vantagem da sua equipa era sólida e irreversível.

    Até final, a única dúvida passou a ser por quantos golos iria a França vencer este jogo. Guigou fez o seu décimo golo na transformação de um livre de 7m e, após um remate de Hansen que parou no bloco, Narcisse ainda pôs a sua selecção a ganhar por 10. Abalo disparou um míssil para dentro da baliza e, ainda que Lindberg conseguisse concretizar o seu 6º golo perante o recém-entrado Cyril Dumoulin, (1/5, 20%), no banco gaulês já se viam muitos sorrisos. O pivot Jesper Noddesbo marcou 2 golos seguidos e reduziu para 31-39 a 3 minutos do fim, mas logo Alix Nyokas (2/2, 100%) fez o 40º da sua equipa e, depois de novo golo de Noddesbo, estabeleceu o resultado final. A França estava assim confirmada como nova campeã europeia de andebol, sucedendo à Dinamarca e alcançando o título em território rival. A equipa da casa tinha sido apontada como favorita, mas a França mostrou sempre ser mais forte. Pela primeira vez numa final de um Campeonato da Europa uma selecção atingiu a marca dos 40 golos.

     

    Destaques:

    -pela positiva, do lado dinamarquês sobressaíram Hansen (mais uma grande exibição de um dos melhores andebolistas do mundo), Lindberg (se Eggert lhe tivesse seguido o exemplo na ponta-esquerda, a Dinamarca teria dado muito mais luta), Mollgaard (não fez um jogo brilhante mas foi dos mais inconformados) e Noddesbo (merecia mais tempo de jogo, especialmente tendo em conta a má exibição de Toft Hansen); numa selecção francesa em que Claude Onesta praticamente não rodou os jogadores, quase toda a equipa se destacou pela positiva: Guigou (os números falam por si), Porte (uma dor de cabeça para a Dinamarca do início ao fim), N. Karabatic (bem a atacar, enorme a defender, numa exibição digna de um dos melhores do mundo), Omeyer (decisivo para a sua equipa começar a construir a vantagem desde cedo), Abalo (por algum motivo foi eleito o melhor ponta-direita da prova) e Narcisse (a serenidade em pessoa a defender, muito eficaz no ataque);

    – pela negativa, toda a defesa da Dinamarca de forma geral, mas particularmente Landin (não apanhou nada), Eggert (uma sombra do que tinha sido na meia-final) e Toft Hansen (um cartão amarelo e duas exclusões nos primeiros 15 minutos, nunca atinou nem a defender nem a atacar); do lado dos campeões europeus todos estiveram bem, pelo que a escolha será sempre algo injusta. Ainda assim, talvez escolha Luka Karabatic (dos menos exuberantes, embora seja sobretudo um elemento defensivo) e Guillaume Joli (9 minutos discretos e com uma falta atacante)

     

    Antes da final tinha tido lugar, no mesmo pavilhão, o jogo de atribuição do 3º e 4º lugar entre a Croácia e a Espanha (28-29 para os espanhóis). Domagoj Duvnjak (8/12, 67%) e Denis Buntic (5/7, 71%) foram dos melhores em campo, mas as excelentes exibições de Julen Aguinagalde (7/8, 88%) e Joan Cañellas (8/19, 80%) – simultaneamente o melhor pivot e o melhor marcador da competição (50/64, 78%) – ajudaram a Espanha a suplantar os adversários. Vitória de consolação para os actuais campeões mundiais, que continuam sem conseguir vencer um Europeu.

    Cañellas, aqui com Roca (4) e Rivera (28), foi o melhor marcador da competição e ajudou a Espanha a levar o bronze / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/
    Cañellas, aqui com Roca (4) e Rivera (28), foi o melhor marcador da competição e ajudou a Espanha a levar o bronze / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/

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    O João Sousa anseia pelo dia em que os sportinguistas materializem o orgulho que têm no ecletismo do clube numa afluência massiva às modalidades. Porque, segundo ele, elas são uma parte importantíssima da identidade do clube. Deseja ardentemente a construção de um pavilhão e defende a aposta nos futebolistas da casa, enquadrados por 2 ou 3 jogadores de nível internacional que permitam lutar por títulos. Bate-se por um Sporting sério, organizado e vencedor.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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